sábado, maio 31, 2008

Alma de Criança


(Foto de: Asik asik)

Alguém me quer que me ama e nem sei, nem preciso de o saber porque recebo esse amor constantemente sem que o peça.
Alguém olha por mim, sem que veja, mas nem preciso de ver, basta-me sentir.
Sou o menino traquina que brinca na calçada de sorriso aberto e espontâneo, sou o inventor das casas feitas de terra e dos caminhos da minha imaginação. Brinco porque a minha alma é de criança…
Invento personagens do nada e num todo desafio-as para jogarem comigo, com a única condição, de, no fim, ser eu a ganhar…
Derroto todos os imprevistos, visto a capa do salvador do mundo, ergo a espada do príncipe perfeito em frente à menina dos meus sonhos e imagino as palavras que guardo no meu coração, e que nunca terei a coragem de as dizer.
Sou o jogador que ganha sempre, sou aquilo que quero, quando me apetece e só assim esqueço as horas que me fogem e que não as consigo agarrar.
Queria que os dias não tivessem fim… para que as minhas brincadeiras nunca acabassem. Queria que a noite se escondesse do meu bairro, para que não tivesse que voltar para casa para adormecer embalado na esperança de outro novo dia…
Nunca me canso de brincar dentro desta alma de criança!
Queria tanta coisa, que, num todo, se resume a uma insignificância, impossível de alcançar… Queria, apenas e só, nunca crescer, ser eternamente esta criança que sou, quando brinco com as minhas coisas no meu mundo. Queria ser sempre olhado, pelos olhos, afáveis dos crescidos e sentir o sol como companheiro deste meu mundo inocente.
Um dia, serei crescido e, então, olharei com saudade para este tempo para relembrar os momentos em que fui verdadeiramente feliz.

quinta-feira, maio 29, 2008

AMANTE DAS LEITURAS - ANTOLOGIA 2008


A edium editores convida-o a participar na sessão de lançamento da "Antologia Poética 2008 da Amante das Leituras" que terá lugar, à semelhança de 2007, no Salão Nobre da Junta de Freguesia de S. Mamede de Infesta.
Esta edição conta com a participação de 18 autores, de Portugal, Brasil e Argentina. membros da referida lista "Amante das leituras", organizada por Ana Maria Costa.
A apresentação estará a cargo do Prof. António M. Oliveira.
O evento contará com as participações da Orquestra de Sopros do Conservatório de Música da Maia, do Coral Juvenil do Orfeão de Rio Tinto, da Escola de Dança "La Negra" e terá ainda uma "desgarrada" de poesia pelos actores: Bárbara Martinho, Carolina Rangel, Filipe Carvalho, Otília Costa, Rúben Correia e Sandro Ferreira.
Se puder, não falte, sábado, 31 de Maio, pelas 16.00 horas.

quarta-feira, maio 28, 2008

Navego nas ondas da fantasia


(Foto de: Marina Segura)

Teus olhos são doces, cor da esperança,
Que carregas nesse enorme coração
Teu sorriso, a luz
Que me ilumina nas noites sem fim
Tua boca, solene, saboreia o meu querer
Brotam timbres de quimeras
E as tuas palavras são cânticos
De sereias encantadas no oceano
Onde navego ao teu encontro.
Preciso do teu amor
Da fonte do teu odor
Tuas mãos trazem-me o mundo
E a paz que tanto procuro
No teu abraço sinto-me segura
Sou mulher… Sou sempre só tua!
Neste nosso mundo de perfeição…
Em que te criei, doce ilusão.
Quero voltar a sentir
Os teus lábios junto aos meus
E assim viajar
Para um lugar recôndito
Onde me esperas… sorrindo.


Poema feito por:
Paulo Afonso Ramos & Vera Silva & Pedra Filosofal

segunda-feira, maio 26, 2008

Carta ao silêncio


(Foto de: JF Ochoa)


Não sei porque te escrevo, talvez pela minha necessidade de libertar as palavras, prisioneiras pela tua ausência, para que, assim, possam ter a sua condição nobre de vida própria, emprestando-me a alegria onde me deleito nas frases feitas desta imensidão a que chamo escrita. Onde, outras vezes, confundo com a saudade e, em outras tantas vezes, sinto como um grito de revolta. Apenas quero essa liberdade!
Que importa a razão? Se, sem que queira, liberto-as da sua forma e empresto-lhe alguma roupa para que passeiem por mim…
E com brio, passeiam pelas ruas da ansiedade e do ego como se fossem minhas, parte de mim, ou algo de artesanal feito a minha medida. Por ora, continuo pastor, entre as palavras e a minha montanha.
Só o vento cala este silêncio que renasce do meu chão e se espalha na ilusão!


in “Diário de um Pastor”

domingo, maio 25, 2008

Na minha igreja é domingo


(Foto de: Francesco Favretto)


Hoje é domingo! Troco a montanha pela igreja. O gado não reclama e o meu cão também descansa. Tenho essa liberdade e sem que seja compreendido também não sou questionado. Na igreja descubro outros momentos, outros trajes, e louvo a semana…

in “Diário de um Pastor”

sábado, maio 24, 2008

Pela Calada - (Dueto com Margarete da Silva)


(Foto de: Anca Floroiu)

Sentei-me na soleira da porta e comecei a escrever, a noite tardava e o teu olhar não aparecia ao fundo da rua ainda, as lágrimas depressa me caíam pela face, as minhas mãos escorregavam em letras mergulhadas nas gotas de chuva que o céu teimosamente largava e eu não conseguia controlar o redemoinhar de imagens no meu coração.
Esta rua não é minha, as pessoas cruzam-se à minha frente, a madeira da porta onde me encosto range como um cão zangado, desencosto-me e curvo as minhas costas até o peito me bater nos joelhos, os olhos postos nos chão, a imagem distorcida de mim num charco lamacento. Com licença. Os olhos levantaram-se pelo teu corpo, as chaves nas tuas mãos tirintavam umas contra as outras e eu sustive a respiração, não era por ti que esperava ali sentada mas agora sinto que sempre por ti esperei. Levantei-me num repente e o caderno que segurava no colo estatelou-se contra o chão, as minhas palavras tombaram sobre um charco de água doce e salgada, com medo que pudessem afogar depressa as peguei ao colo e chorei quando as vi desaparecer tornando-se grandes manchas.
Manchas de solidão. Manchas que ganharam forma e exactidão. De vestes molhadas cresceram na tua mão, fizeram-se melodia que ecoou ao teu ouvido, fizeram-se clareira que os teus olhos desbravaram e, nesse mesmo instante, abriu-se um sorriso, no teu rosto carente. Um vulto, ao fundo, subia a rua em tua direcção. Feito de esperança e embebido nas tuas lágrimas. Corpo meu que procurava o teu!
E as palavras uniram-se em prol da alegria, e os desejos aconteceram em cadências de magia. Tu e Eu… naquela rua onde tudo aconteceu!



Pela Calada – É um dueto com Margarete da Silva (http://margaretedasilva.blogspot.com/) por quem nutro uma grande admiração.

quinta-feira, maio 22, 2008

Quero Voar!


(Foto de: Jeft Lieberman)

Estou na plenitude da natureza, da que me rodeia, e da que existe dentro de mim… Penso nos dias que perdi, em volta da ilusão, acabada em cada noite que nascia!
Permaneço nesses tempos uma eternidade, até que o destino me encontre…
Entre o verde esperança e o azul criativo, entre as lágrimas e os sorrisos, espero o meu momento… Ainda quero ser ave para voar!

terça-feira, maio 20, 2008

Diz-me...


(Foto de Jim Fenton)

Diz-me. Em que rua estavas, quando passei, sem que reparasse em ti!
Diz-me. Em segredo, todas as coisas que mutilam o teu desejo e que, assim, encobrem a alegria do teu rosto. Podes contar-me tudo o que quiseres, desde que o teu olhar sorria e a tua boca se encha de palavras quentes, para que as deites cá para fora, onde estarei, pronto, para as receber e partilhar, assim, as minhas emoções para que se unam com as tuas.
Diz-me. Diz-me que deixas o teu coração falar. Diz-me que não impedes o teu sentimento de se mostrar.
Diz-me que procuras a felicidade, e que, quando a encontrares, saberás reconhece-la, agracia-la e guarda-la. Diz-me que não tens medo de ser feliz!
Diz-me que nunca esquecerás as letras que usas para construir o mundo, nem que seja, apenas, o teu mundo…
Diz-me tudo! Diz-me… que eu serei um ouvinte activo, liberto de preconceitos, para que entre as tuas palavras, possa sonhar as minhas e assim, construir o meu mundo também.
Mas, diz-me! E mesmo que queiras o silêncio, diz-me, por gestos, ou por imagens, para que encontre uma ponte neste caminho minado. Será como que um fortalecer, entre murmúrios, que outras almas porfiam em fazer acontecer.
Diz-me.
Diz-me que deixas o teu sorriso fluir.
Diz-me que te libertas de mim, de ti, e que, assim, consegues ser a essência.
Não tenhas medo de nada. Diz-me…

domingo, maio 18, 2008

Amanhã é um novo dia...


(Foto de: MRGUD S. M.)

O vento brindou-me com o seu jeito, na sua força, empurrando-me pela montanha. E lá do alto, sem sequer o questionar, disse-me ao ouvido… “Sou mais forte!”
Ora, sendo apenas um pastor, nem respondi, recolhi o meu gado e abandonei a montanha… Esperarei pelo Sol, meu aliado, que, com o seu sorriso dourado saberá entender o meu ganha-pão.
É na quietude do gado, que aprendo, e, sei esperar por ti…
Amanhã volto novamente, como se nada tivesse acontecido, trarei também a esperança comigo, amiga dos meus dias e alimento das noites por dormir…


in “Diário de um Pastor”

sexta-feira, maio 16, 2008

Tu


(Foto de: Juan Carlos Rivera)


O dia começa com o acordar
desperto-me em ti
e ainda nem te vi
mas deixo-me ir.
Um manancial de ideias
percorre as aldeias
do meu mundo
na procura do teu sentir
escondido e distante
mas presente no meu fluir.

As guerras são as notícias
que a voz da rádio relata
é a nossa sociedade.
Mas só procuro a minha verdade
aquela que me mata
quando a ausência é a faca
que sangra na minha dor.
Quero-te… num beijo do nosso olhar
quero-te… entre o Sol e o luar
Tu! Musa do meu amor.

quinta-feira, maio 15, 2008

O Percurso Dum Sonho


(Foto de tamtam tamtam)

Foi a tristeza que me trouxe até aqui. E a distância desenhou um caminho, imaginário, para que o sonho pudesse ser realizado…
As letras, companheiras de luta, harmonizaram-se no objectivo da senda e a luz deu-nos a visibilidade para que, em uníssono, pudéssemos unir os nossos desejos.
Quero ser música, entoar uma canção, que seja o hino do amor, daquele amor impossível e que, na junção do arco-íris entre cada cor, consiga amealhar cada oportunidade, ou cada vontade para que a realidade seja glorificada.
São teclas de um piano solitário, que mexem em movimentos estruturados, a emoção do espaço quando brotam sons de elevação que nos fazem voar aos píncaros dos desejos timidamente escondidos no nosso segredo nunca partilhado…
As cordas do violino, em sintonia com as teclas do piano, também vociferam a sua presença, quase intemporal, e, nessa conjugação deixam o meu corpo inerte pregado ao chão, e de olhos fechados sinto a alma sair do corpo para gladiar-se pelo concerto recebido.
Estamos a viajar pelo soberbo, música corpo e mente, numa união fortificada e sentida na mais genuína forma sensorial.
E é nessa viagem que coisas inominadas acontecem, que perdendo a timidez, se vão transformando, dando expressão ao subtil momento…
Ganham contornos identificados pelas imagens do nosso conhecimento, acontecem por imaginação ou desejo, mas estão dentro do nosso âmago mais escondido ou nunca assumido. Confundem-se com sonhos, ou até com pensamentos em estado indefinido, mas é o poder da música que nos transporta e nada nos pede… Oferece-nos o momento.
De ouvidos preparados, fecho os olhos, iniciando a viagem ao mundo invisível do som… e abro o meu coração para receber a dádiva do teu querer, sinto-te em sintonia, junto do meu abrigo, onde, escondido, consigo, viver cada momento… e basta-me assim…
Enquanto a tristeza não se transformar em alegria, enquanto a distância não diminuir e o objectivo permanecer revigorado em cada amanhecer, sei que o mundo pode ser a transformação do meu acreditar e é nessa conjuntura que, nos corpos em que me transformo, espero um dia acordar. Numa manhã de sol com uma música, outrora nosso hino e contigo ao meu lado. E o passado será um sonho acabado, bordado pelo presente em que a vida começa, a nossa deslumbrante e almejada vida…

quarta-feira, maio 14, 2008

Rio de Sal



A edium editores tem o prazer de anunciar a edição da segunda obra do poeta Luís Ferreira, "Rio de Sal", cuja apresentação terá lugar na Biblioteca Pública do Barreiro, no próximo dia 17 de Maio pelas 17.00 horas.
Sobre a obra escreve Xavier Zarco prefaciador e apresentador da obra:
"Um registo poético impetuoso, porque mesurado por um olhar grávido de espanto, tocado pelas mãos onde brota o poder de criar, erguido por palavras essenciais.
Rio de Sal é um livro, uma teia poética, que, mais do que para ser lido e meditado, é para ser lido e sentido".

terça-feira, maio 13, 2008

Gula


(Foto de: Marina Cano)



Gasto os meus gestos adornados
em rituais
sóbrios e aclamados
sempre iguais…
Meus alimentos amados
parceiros demais
saciam-me o momento
em que me envolvo arduamente
e, sem o meu lamento
volto conscientemente.

É de prazer
que encho o meu Ser!

segunda-feira, maio 12, 2008

Âmago


(Foto de: Art Hale)

Em mim navega o ócio
desta vida livre e por viver.
Procuro o meu ofício
para por inteiro poder ser.
Sinto-me caudal
dessa forma feita de ilusão
sinto-me feudal
desta sociedade feita de prisão.
Acorrentado aos dias que vejo partir
derramo as lágrimas do tempo
de um tempo perdido
na mão vazia de quem quis construir
um mundo criativo… lido.
Afundo-me no desespero
da despedida
do que tenho e não quero
nessa miragem da partida
tão fugaz que nem a espero
hoje. É o dia da minha despedida.

domingo, maio 11, 2008

Noticias do fim-de-semana

Começou na sexta-feira, dia 09 de Maio, com a maravilhosa viagem até a bonita cidade de Évora. Estive na Escola, cujo blogue, De Mãos Dadas, podem ver.
Deixo uma mensagem:
Um forte agradecimento pela recepção que tive, pela tarde maravilhosa proporcionada.
Estar entre docentes tão dedicadas e entre alunos desta idade é das experiências mais fabulosas que um Ser Humano pode ter.
Não podia, deixar de realçar, o excelente trabalho que se faz nesta escola, que pode e deve ser, um grande e bonito exemplo para tantas outras escolas deste nosso Portugal.
Parabéns a todos.

Espero voltar para poder retribuir o que tanto trouxe dessa escola…

As crianças, a todas, umas palavrinhas para vocês: Vocês são especiais e encheram-me o coração de alegria. Obrigado.


http://escolaheroischafariz.blogspot.com/
(ou Clique no título)

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No sábado, estive no evento, Encontro de Olhares, organizado por amigos da escrita e em que foi lido o meu texto, “Alma Gémea”.
Foi uma boa oportunidade para rever amigos, que a distância insiste em afastar mas que nunca consegue.
Houve muita poesia, música, dança corporal e um coro para uma tarde muito bem passada.

Obrigado a todos que participaram e a Câmara Municipal da Amadora

http://encontro-encontrodeolhares.blogspot.com/

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Domingo, a boa nova. Pela mão do generoso Senhor Luís Gaspar, locutor consagrado, quis colocar-me no “Um mundo de poesia” no seu audioblogue – Estúdio Raposa e Truca, na parte das “Palavras d´Ouro” junto com as maiores referências da literatura portuguesa e alguma mundial, honra que me deixou muito orgulhoso.

Obrigado


http://www.truca.pt/ouro.html

sexta-feira, maio 09, 2008

Escola 1.º Ciclo Heróis do Ultramar em Évora




Hoje, terei o prazer, de visitar a Escola Heróis do Ultramar em Évora.
Sendo uma escola de 1.º Ciclo, será para mim, uma alegria enorme e de grande aprendizagem. Estas crianças são o nosso futuro!

Obrigado pelo convite!

Quem quiser e se puder, que não falte...

quarta-feira, maio 07, 2008

Encontro de Olhares

É no próximo sábado, dia 10/05/2008



Se puderem não faltem!

"Queridos amigos e poetas,

Tenho a honra de convidar todos os amigos e poetas, desta minha casa, para o evento “Encontro de Olhares” – (Poesia, Dança de Expressão Corporal, Música ao vivo e especial participação do Coral Clave de Sol) – a ter lugar no próximo dia 10 de Maio, pelas 16 Horas, no Auditório da Câmara Municipal da Amadora.

Participantes:

- Dionísio Dinis
- Ilda Oliveira
- Manuela Fonseca
- Ana Dias

Autores participantes:

• Luís Ferreira
• Rosa Maria Anselmo
• Conceição Bernardino
• Paulo Afonso
• Pedra Filosofal
• Vera Silva
• Vanda Paz
• António Paiva
• Mel de Carvalho

Câmara Municipal da Amadora – Av. Movimento das Forças Armadas (junto à estação de comboios)"

Jinhos
Nela


terça-feira, maio 06, 2008

Sentimentos


(Foto de: Sue Anne Joe)

De ciclo em ciclo
Viajo anónimo
Acorrentado e livre
Preso á emoção
Não sei quem sou,
Não sei aonde estou,
Nem sei se fico ou vou,
Á procura da razão.

Busco... e fujo
Para encontrar a causa da decadência
Num firme (com) passo
Ergo cada evidência
Lutando contra o meu próprio cansaço.

Tenho restos da minha angústia
E então sei quem sou...

Não que o meu rosto, sorria
Nem que seja ilusão
São poucos os momentos
Que exprimo os sentimentos
Espalhados aos ventos
No caminho da minha noção.

Vim da adolescência
Passei por sentimentos peculiares
De tão tradicional família pertencer
Dizem-me “vais vencer”.
Não venço nem sou vencido
Porque não estou a competir
Nesta vida, imperceptível
Onde se é lembrado e esquecido
Numa nostalgia profunda
Que constantemente está a chegar e a ir
Coberto de um aroma pomposo.

Não tenho arte
Mas tenho instinto
Não tenho medo
Mas tenho amor
Não tenho fama
Nem tenho drama
Mas tenho dor.

Preciso de um abraço
Porque ele é o laço
Que nos une
E que nos resume.

Não tenho estratégia
Nem sou a porta de qualquer tragédia
Quero ser a noção...
Que separa da mentira,
A verdade
Numa perspectiva da realidade
Na construção da felicidade
Quero ser desta sociedade
Ser... Em qualquer ocasião.


In “Vinte e Cinco Minutos de Fantasia”

segunda-feira, maio 05, 2008

Viagem

Tão só,
Na solidão do acto
E eu não parto
Para parte incerta, de facto.
Tão só,
Na solidão do que me resta
Em que nada me presta
E na parte do facto
Existe a parte
Que de incerta
Tem a solidão do acto
Parto...
De facto,
Tão só.

In “Vinte e Cinco Minutos de Fantasia”

domingo, maio 04, 2008

Cansado


(Foto de: Nour Eddine El Choumari)

Acordei cansado. Desta vida inusitada! As viagens diárias à montanha com o meu rebanho. A labuta, que se repete e que cansa…
E a escrita que ocupa os meus vazios quando tanto preciso deles. Vou parar!
Algo ficará para trás. Um dia até eu ficarei…
Tudo tem um fim, e o meu, quem sabe, se não é assim?
Por ora, importa parar, para poder repensar esta vida e dar-lhe um verdadeiro sentido.
Até já!


in “Diário de um Pastor”

sábado, maio 03, 2008

A Realidade


(Foto de: Ceslovas Cesnakevicius)

Medito. É assim que inicio o trajecto que me há-de levar até a ti. Voo nos pensamentos do passado que se misturam com os do futuro e se transformam num sedento alicerce debaixo dos meus pés… Um pequeno passo de cada vez, lentamente, muito lentamente e o meu corpo já percorre o universo sem que os olhos o sigam.
Sei que me esperas, de sorriso largo e de olhos brilhantes. Temos tanto por conversar tanto para dar que o espaço parece curto e o tempo indomável…
Talvez nem consiga soletrar uma única palavra quando na tua presença estiver, mas nem tão pouco me importarei, porque sei que o meu olhar falará por mim. Sei que nesse encontro, mesmo que nada digas, o teu olhar será o fruto que alimentará a minha alma e que fará o meu corpo regressar pelo mesmo caminho, só que mais conformado!
Nada é eterno! Nem eu, nem tu… essa realidade que tanto demoramos a entender e assim desperdiçamos o nosso momento e o nosso tempo, esse mesmo indomável que presencia todos os pequenos nadas esbanjados por luxuosos pretensos seres…
Sou protegido. Num mistério laico para o qual não encontro explicação mas que me proporciona essa altivez do magistério encontro, onde sou embrenhado por profundas luzes contidas de uma pureza altiva que perpetuam o âmago do meu incenso existencial.
É nesse estado que me sinto apto para voltar à realidade, os dias que me restam para que cumpra a minha missão, após a qual seguirei cumprindo-me…
Outros passos, outras realidades, acompanharão o tempo que continuará indomável!

(E a realidade será sempre os olhos da existência…)

sexta-feira, maio 02, 2008

Caminho


(Foto de: Don Paulson)

Caminho! É a palavra solta que vagueia pela minha mente, num acto de liberdade. Entre árvores, espectadoras, que, nas bermas da vida, aplaudem em silêncio na passagem para o imaginário… que chamo de caminho…
Confundo-me entre o espaço fixo que os teus olhos protegem e o libertar, imóvel, do sentido da estrada que reproduz essa mesma imagem, que já vagueia nas nossas mentes, quando, num nada, saltitou entre os nossos pensamentos.
Já não estou só! Já não sou um! Estamos ligados pelo mesmo elo que, omisso aos olhos dos próximos, se enobrece na pálida noção do passeio… transportando-se num ritual.
E, num raio de maresia vinda do céu, vem a tentação atroz, que traz quimeras vestidas de sonhos e, é nesse momento que um de nós acorda, rejeitando assim o futuro que outrem quer impor. Assim, a lucidez dá forma à liberdade que encontro no caminho… que iniciei!
Agora liberto, exorcizado, encontro e aceito o significado dessa palavra – caminho – ao vento libertino…
Volto a ser eu e a sorrir!

quinta-feira, maio 01, 2008

Acredita


(Foto de: Wim Ipenburg)

Dá um abraço no valor do teu querer e sorri…
Depois espera que o gesto se transforme para que o possas saborear!