terça-feira, outubro 02, 2012

Meia Lua

Edição n.º 13 Ano I - Outubro 2012

As ideias nascem do quase nada, depois cria-se a vontade, já com uma pequena semente cravada na ideia, e acrescenta-se alguma dose de coragem para chegarmos à construção de um qualquer projeto. E é aqui que a coragem ganha importância e poder, porque é quando temos que avançar, sair do imaginário e tornar tudo real.

Esta pequena introdução poderia ser de abertura para diversos fins, até poderia ser para contar-vos a realização de um filme, mas não; serve para narrar-vos o nascimento de uma nova coleção literária da Lua de Marfim Editora cujo nome, como já perceberam, é o de Meia Lua. É de pura poesia, que espero venha a marcar pela positiva uma época (onde só se fala em crise), e já agora, confesso-vos, também é a realização de um sonho muito antigo.

Então quando se deu o click desta ideia? Num sábado em que não tinha nenhum evento literário decidi visitar algumas livrarias e papelarias, em Lisboa e arredores, que tinham os livros da editora para saber como corriam as vendas e se algumas reposições eram necessárias.

Perto do final da manhã, cheguei a uma papelaria da Amadora em que apenas tinha vendido um livro e, em conversa com o seu proprietário, este queixava-se da crise e do receio das pessoas de gastarem o seu dinheiro em coisas que não fossem consideradas fundamentais. Avançou para uma banca de livros e apontou-me um deles, dizendo de seguida que só aquele livro se vendia. Ao olhar para o dito, soltou-se-me a pergunta: «Porquê?» Depois peguei no livro e reparei que não era conhecido, e que era de uma edição antiga e até nem estava no seu melhor estado. Fiquei extasiado!

O proprietário, perante o meu espanto, depressa explicou que as pessoas já só procuravam os livros de baixo custo e que esse fator era sempre decisivo. Naquele caso também, pois o único argumento era esse, custava 5,00 €, e as pessoas não se importavam com a qualidade. Voltei a ficar admirado.

Saí daquele espaço indignado. A cultura não é fundamental? A qualidade não importa? Nem pensar! Tive, de imediato, uma enorme vontade de criar algo que fosse acessível aos leitores, mas que também desse todas as garantias de grande qualidade.

Começava assim de um ponto de partida, baixo custo com qualidade, mas como e o quê? Então o amor falou mais alto e todos os caminhos iam dar ao mesmo destino: Poesia!

Amante da boa poesia e precisando dela quase como de respirar para ser inteiro, segui o mestre no que escrevia: “Para ser grande, sê inteiro: nada / Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és / No mínimo que fazes. / Assim em cada coisa a Lua toda / Brilha, porque alta vive.Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa).

Então, achado o caminho, era preciso caminhar. Para encontrar a forma, consultei a minha equipa editorial, que depressa ficou entusiasmada com a ideia, e talvez, também com o meu entusiasmo exacerbado.

Mas ainda faltava mais um passo, que hoje considero indispensável, o convite a alguém para coordenar esta colecção e, para minha felicidade, a pessoa desejada aceitou de imediato: Gisela Gracias Ramos Rosa, a quem dedico uma palavra de gratidão. Sem ela não era, seguramente, a mesma coisa.

Assim chegamos ao dia da apresentação da nova coleção, e deixo-vos o convite:

A Lua de Marfim tem o prazer de convidar V.ª Ex.ª a assistir ao lançamento de dois dos seus mais recentes livros da nova Coleção Meia Lua.
Dia 13 de Outubro de 2012 pelas 19 horas no Hotel Real Palácio em Lisboa, o escritor Gonçalo M. Tavares apresentará ao livro O arco do tempo de Maria Teresa Dias Furtado que, por sua vez, apresentará o livro Morada Recôndita de Agripina Costa Marques.

Contamos com a sua presença!

Termino na esperança de ter a alegria de recebê-los neste dia, pois a excelente poesia desta coleção merece ser lida, sentida e partilhada. E, já agora, posso confessar-vos: estou emocionado e feliz!