Sexta-feira 13
Procuro o azar e não o encontro. Procuro as palavras para falar de amor, e a voz cala-se.
Quero gritar, mas o grito assustado da minha revolta foge. Tudo me ocorre no olhar soslaio, matreiro, com que agarro cada momento. Procuro-te mesmo sabendo que não existes...
Agarro o tempo para que o sinta fugir de mim. Agarro a vontade dos impossíveis para que possa justificar um fim.
Ninguém sabe, ninguém sonha, que a culpa parte de mim quando procuro desculpas, ou justificações, para os meus fracassos escondidos, perdidos, esquecidos que, guardados, formam a construção do ego destorcido...
Ninguém acredita quando aponto o dedo ao outro, ao tempo, ao passado e ao presente, quando digo que a culpa é da incongruência do pensamento, seja do meu ou do teu...
E há dias em que a vontade é sublimada, em que quero modificar tudo, e logo o tempo estremece, foge, do meu olhar sonhador.
Que posso fazer?
Se não aceito respostas ou se nem quero saber das hipóteses de vencer...
Nada importa.
A culpa é da sexta-feira 13 que, mesmo não sendo supersticioso, me serve a alma, o corpo, para nada fazer e tudo justificar...
E, por favor, nunca se esqueçam que tudo tentei, mas a sorte não quis ajudar.
Vou andar mais um ano a pensar, outro a planear e todo o tempo do mundo a estruturar um projecto ambicioso, serei como ninguém e, numa sexta-feira 13 qualquer tentarei, outra vez, sabendo que, se falhar, a culpa não será minha de certeza absoluta.
2 comentários:
Há sempre tendência a arranjar culpados quando temos culpa de algo...
O texto está muito bom, com aquela tal "lição de moral" ou catalizador de reflexão!
Beijo
Paulo
Bom texto, boas ilações a tirar.
Bom Carnaval
Rita
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