A Cultura futebolística
Ontem, pela noite, guardei o meu tempo para dividi-lo entre o sofá e a televisão. Preparei-me para assistir ao futebol e logo com um derby especial – Sporting vs Benfica.
As expectativas, independentemente da cor clubista, eram as melhores.
Por mim, mais do que querer que o meu clube ganhasse, gostava de assistir a um grande jogo de futebol, com muita emoção e com grande entrega de todos os intervenientes.
Vi o que esperava! Uma grande falta de cultura desportiva. E tudo começou antes do jogo se iniciar. Quando o guarda-redes do clube da casa entrou em campo para o treino específico que antecede os jogos, foi brindado por uma enorme assobiadela dos espectadores no estádio. Se, dos adeptos adversários era esperado, já dos adeptos leoninos não o era de todo. Rui Patrício, quer pela sua juventude, quer pelo que tem dado ao seu clube, não mereceria tal recepção certamente.
Durante o jogo houve uma divisão simpática entre o positivo e o negativo. Se, pela positiva permito-me destacar, a quantidade e a qualidade dos golos – e aqui tenho que distinguir o último da autoria do jogador Cardoso do Benfica – a grande dinâmica do Di Maria (terá sido o melhor jogo que vi fazer em Portugal), também jogador do Benfica e a célere e acertada leitura de jogo do treinador Jorge Jesus, já pela negativa terei que destacar, infelizmente, o lance despropositado de João Pereira, jogador do Sporting, que lhe valeu uma expulsão directa e logo aos seis minutos de jogo, prejudicando toda a sua equipa – e agora de nada adianta dizer que não era sua intenção ou que o jogador até é um bom rapaz, que acredito que seja e que é um grande profissional, do que não duvido. Ainda pela negativa, é de destacar a irresponsabilidade de um jogador experiente como o Tiago, guarda-redes suplente do Sporting, que, ao ser expulso por palavras dirigidas aos árbitros, mostrou um grande sinal que algo vai muito mal no reino do leão. É, de facto, inadmissível que um jogador seja punido e que prejudique o seu clube nestas circunstâncias. Mas a culpa é única e da exclusividade desse jogador. E, por último, a posição pouco confortável do treinador do Sporting, Carlos Carvalhal, que pouco mais conseguirá fazer para melhorar o que acontece ao clube neste momento.
E, no depois, há ainda mais um dado negativo – as declarações do dirigente do Sporting sobre a arbitragem – porque é tempo de reconhecer que o adversário foi melhor, é tempo de encontrar as causas dos desaires no espaço interno e, por último, é tempo de deixar os árbitros trabalharem em paz. Em suma, é urgente formar uma cultura futebolística com rigor, imparcialidade e, em especial, direccionada para a verdade desportiva, em que terá sempre de acontecer um dos três resultados possíveis – derrota, empate ou vitória – sem desprezo pelo mérito do adversário ou a atacar a parte mais fácil que é a arbitragem. É tempo de mudar se não queremos estádios vazios e um futebol em decadência com uma morte anunciada.
Para a história ficará o resultado expressivo de 1-4, repito, Sporting 1 – Benfica 4, mas mais do que isso, e do que esse resultado provoca nos adeptos de ambos clubes, é preciso repensar esta cultura que se perde nas ruas da amargura, em especial, na hora da derrota.
Por mim, desde da sala da minha casa, entre o sofá e a televisão, no fim do jogo apeteceu-me gritar ao mundo: Parabéns Benfica!
Paulo Afonso Ramos
Sócio n.º 69.283 do Sporting Clube de Portugal
2 comentários:
Como Benfiquista agradeço-te os parabéns. Às vezes até me dá pena certas coisas...
Abraço-te.
Será que o S.L.Benfica ganhou um adepto?
;)
Bjo
Fatima
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