domingo, abril 18, 2010

Apresentação do Romance: O Último Beijo de Manuela Fonseca


O Último Beijo
(Romance)

Sinopse: Entre os registos poético e epistolográfico, uma história que nos cativa e que tem como centro o valor da amizade.

Apresentação do Romance: O Último Beijo de Manuela Fonseca
Lisboa, 17 de Abril de 2010

Por: Paulo Afonso Ramos

Introdução:

Peço-vos que não considerem as minhas palavras como uma apresentação, mas antes como um olhar sobre a obra que a Autora Manuela Fonseca nos escreveu.
Os livros devem ser sentidos, tocados, e de todas as minhas palavras que possam aqui ser reveladas, nunca vos chegarão tão bem como esse ritual. Nunca as palavras serão melhores do que a relação de cada leitor com o seu livro, enquanto o agarra e o desfolha, para o poder saborear enquanto o lê. Nunca! Mas tentarei o meu melhor. Tentarei decifrar, ao meu modo, essa relação entre um livro e o leitor que é tão intimista. Foi assim que o senti. E é disso que venho falar-vos. Do meu olhar de emoções sentidas!

Capa – Não podia deixar de referir a capa, melhor, a imagem de capa – primeiro por ser uma escolha feliz que resulta perfeitamente, das mais bonitas que vi, e que está muito bem enquadrada com o teor do livro, depois por ser uma escolha da autora e por último, por ser um quadro do Leon Girardet – pintor e poeta francês do Século XIX que viveu de 1857 a 1895.

Trilogia – A minha linha de apreciação / As razões pela minha opção deste caminho em tributar:

Este romance, um rico e elegante tributo à amizade, está muito bem organizado e tem uma particular incidência nas várias trilogias que acontecem. Vejamos as que considero como as primeiras três partes:

• A narrativa
• A Poesia
• E a epistolografia

A narrativa, quanto a mim muito bem conseguida, é-nos apresentada cheia de imagens e muito envolvente. De leitura acessível tem uma forma estranhamente familiar que nos agarra desde o primeiro momento. Creio que a Manuela Fonseca soube encontrar o ponto certo, ou a linha condutora, que produzisse, da melhor maneira, estes efeitos.

A poesia, qualidade de Beatriz, a personagem principal, aparece nos momentos genuínos, algumas vezes para atenuar alguma tensão que a leitura provoca, porque este romance transmite uma realidade tão credível que, quase sem darmos por isso, estamos a viver a história intensamente.

E a epistolografia, a criação de missivas, ou a composição poética em forma de carta, que nos transmite o outro olhar, entre Beatriz e Inês, de uma forma segura e quase só possível neste registo.

Curioso é ver a excelente interligação entre as três partes, que, e muito bem, formam um todo.

Sobre este romance – “O Último Beijo” – gostaria de contar pouco, somente o imprescindível para despertar o vosso desejo de ler esta belíssima história. Que recomendo vivamente!

E como disse atrás, venho falar-vos do que senti: No início pareceu-me uma história forte de amizade entre duas mulheres/personagens, que, por causa da vida infeliz de uma delas, se desenrolam em cenários sucessivos.
Depois encontrei uma primeira trilogia, quase como na Divina Comédia de Dante, dividida nas partes: Inferno representado num casamento falhado – Purgatório lugar onde se purificam as almas, potencializado na relação de amizade dessas duas mulheres, Beatriz e Inês, e – Paraíso lugar de delícias onde Afonso vem dar luz/esperança à vida de Beatriz.

E recordo que, no global, já tinha referido a trilogia no sentido da: Narrativa/Poesia e a Epistolografia. Numa outra vertente ficou implícito; Casamento/Divórcio e Amizade, que, mais tarde, daria uma oportunidade a uma outra forma especial da amizade – o Amor.

Mas o romance não fica por aqui! Só isto, embora não fosse pouco, seria insuficiente.
Até porque, chegado a este momento ainda não tinha entendido a razão do título – “O Último Beijo” – e o que se seguia, mexia com os meus sentimentos.
Aquelas sensações que sentia descritas no livro já eram minhas também, as lágrimas, não se prendiam mais. Entrar no capítulo V do livro “O Último Beijo” veio desmoronar aquela protecção que conseguia manter até ali.
Creio que a ternura desta escrita não deixa ninguém indiferente. Quando lerem este livro vão poder certificar o que vos digo. Sente-se a verdade das palavras, sentem-se os gestos e os desejos, para lá das imagens que o livro projecta.

O livro ainda nos traz ligações acentuadas à vida com constantes registos das músicas, dos livros e dos lugares da nossa terra.

Podemos, mais uma vez, nesta trilogia, verificar alguns exemplos:

Na música com as canções: “Pedra Filosofal” cantada por Manuel Freire (Algo Inatingível, Cap. II ), “Restolho” de Mafalda Veiga (Tempos de Mudança, Cap. IV) e “Fascinação” de Elis Regina (Notas Íntimas, Cap. VII).

Os livros: “As Esquinas do Tempo” de Rosa Lobato Faria (Traços da Vida, Cap. VI), “Até Que O Amor Me Encontre” de Charles Martin (Notas Íntimas, Cap. VII) e “Não Me Olhes Nos Olhos” de Tina Grube (Notas Íntimas, Cap. VII).

E dos lugares: Lisboa – (Rodelas do Tempo, Cap. III) quando a Autora faz um enquadramento da personagem principal, Londres – (Mencionado por 6 (seis) vezes, é talvez a cidade mais importante na vida Inês) e Ericeira – (Notas Íntimas, Cap. VII e Cap. final) que é a consagração emblemática de Beatriz e Afonso.

E, para não ser maçador, vou terminar os exemplos desta minha acentuada opção das trilogias, num último molde: As menções de frases ou ideias de vários nomes da literatura!

Fernando Pessoa – Poeta e escritor português, digo eu, o melhor de todos.

Paulo Coelho – Escritor, filósofo e letrista brasileiro, muito actual.

Sofia de Melo Breyner – Poetisa portuguesa das mais importantes do século XX.

O que me parece óbvio, é o facto de que, ilustrado com tamanhas referências, este objecto, enquanto livro, terá que merecer a nossa atenção.

Não quero nem devo divulgar mais! Leiam o livro por favor.

Notas finais:

Mesmo a terminar, gostaria de reforçar a ideia de sentir uma obra feliz, intimista e que teve, com certeza, o seu tempo de amadurecimento. Para que, agora, nós os Leitores, possamos ter o contentamento de a colher como uma fruta madura e muito, muito apetecida.

Explicar-vos ainda que o prazer que me deu ler e fazer esta apresentação ou olhar de emoções sentidas, não tem palavras que o definam. Foi um contentamento constante, e por tudo isso, – “O Último Beijo” – até ao próximo, vai inteirinho para ti! Obrigado Manuela Fonseca, pelo convite que me fizeste para falar do teu menino, agora recém-nascido e os meus sinceros parabéns pelo que nos dás – um ímpar e valioso – captar dos sentidos.

Muito obrigado a todos por me ouvirem.

1 comentário:

Maria Manuela Amaral disse...

Um dia que nunca esquecerei! A tua Apresentação quebrou-me todas as defesas, Paulo!

Um grande beijo! ...até ao próximo.
Manuela*