O velho casarão enxovalhado
inerte,
guarda as memórias em segredo
e o vento muda as folhas caídas
atira uma poeira centenária
numa afronta banal
de quem inveja a solidez
do espaço erguido e firme…
O velho casarão sábio
deixa-se iludir…
Abraça os troncos da madeira
sem definhar
sem fugir
mostrando-se feliz!
Vive isolado na montanha
da sapiência
erguido pela mão atroz
e chora de aflição
sem que o seu rosto seja notado.
O velho casarão enrugado
que protege o alecrim
e afasta o capim
não grita…
não graceja…
não gesticula…
não se queixa da sua morte lenta
que é o seu abandono.
O velho casarão,
deixa cair a lágrima
nos dias chuvosos
num ritual sôfrego
de quem nada espera…
Houve tempos,
em que os tempos eram alegria
eram infância
eram actos pujantes
que a mente esconde
e que ninguém quer indagar
Hoje o casarão é velho…
3 comentários:
E são as coisas mais velhas que, muitas vezes, nos trazem as mais lindas (e por vezes tristes) memórias.
Parabens.
Estive também a ler os teus poemas nos posts abaixo (mesmo quando em texto corrido....), continuas a "cantar" bem o amor...
Sei o que sentes em relação ao casarão. Dói ver as casas onde nascemos ou habitámos ficarem abandonadas, às vezes por razões tão mesquinhas...
Beijos
E como eu gostava de acarinhar todos os casarões com tinta de cor e tijolos de amor...
No teu melhor, Paulo!!
Beijinhos***
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