Verão! De um ano qualquer. Um ano que já vai longe. Em que quatro amigos combinaram dar um passeio naquele fim-de-semana prolongado.
Como grandes amigos que eram, não tiveram grande dificuldade em escolher o destino do seu necessário passeio, dado que, normalmente, estavam de acordo e como os gostos eram comuns quase tudo era fácil…
Uma boa janta, seguida de uma boa tertúlia sobre a escrita era, só por si, um forte e óbvio motivo para estarem juntos, quiçá, por vontade própria, para sempre!
Cada um tinha jeitos próprios para o seu tipo de escrita, Tico era o mestre dos contos, já a Teca, mulher madura pelas experiências da vida era mais vocacionada para a prosa poética.
Depois existia a Tesiana de quem saíam maravilhosos poemas de esperança, fruto da sua tenra idade.
A Tina, que pouco escrevia, era a leitora obrigatória de todos, a crítica e a que encorajava todos a não pararem de escrever, movida pela sua insaciável necessidade de ler e pelo seu grande apreço pelos bons amigos.
Aquela viagem já estava programada há muito, repetia-se sempre que o calendário abria a possibilidade de mais uma ponte. Porque todos trabalhavam, tinham que aproveitar estas benesses que, ao longo do ano, apareciam. Mudavam apenas o destino uma vez que gostavam de conhecer sítios novos, do Minho ao Algarve, porque para o estrangeiro nunca tinham ido em conjunto. Mas se juntassem as viagens de cada um, teriam um bom curriculum conjunto, Espanha – Itália – Suíça – Alemanha – Macau – Moçambique – Canadá – Polónia e Luxemburgo eram destinos já conhecidos.
Mas aquela viagem seria ao interior de Portugal, a uma terra desconhecida de nome Belmonte, uma vila portuguesa no Distrito de Castelo Branco, região Centro, com poucos habitantes. Tinham reservado uma casa de turismo rural.
Os dias eram preenchidos pelas visitas aos monumentos em redor, pela história de uma povoação escondida e com identidade própria. Intervalados apenas pelas grandes refeições degustadas entre palavras, e com o tempo escondido porque ali não havia pressas…
As noites eram mágicas. Apenas os quatro. Preenchidos de bens comestíveis, pois os petiscos não faltavam, devidamente acompanhados por magistrais bebidas escolhidas com todo o critério.
Houve uma noite que o desafio foi diferente. Decidiram fazer uma peça de teatro. Como eram apenas quatro, decidiram que cada um representaria sozinho tendo como plateia os outros três.
Foi uma primeira noite de risos constantes, as horas caíram tatuadas por gargalhadas sobrepostas e a magia aconteceu no meio de tanta alegria.
Naqueles momentos não tiveram noção de nada. Sabiam que eram felizes e que a vida lhes sorria. E era suficiente. Não perceberam que tinham sido os pioneiros de uma nova fonte de humor, de um teatro diferenciado. Ainda actuaram muitos anos para escolas, de uma forma gratuita, por mero amor à causa…
Hoje todos conhecem essa vertente. A Stand-up comedy é universal….
2 comentários:
Ora aqui está uma nova vertente da tua escrita. Os contos.
Confesso que fiquei fã à primeira leitura. Tens qualidades... tens de continuar
Um beijo
És um ficccionista de mão cheia, devias escrever ,um livro...
Abraço
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