domingo, março 30, 2008

Vagabundo das Palavras


(Foto De: José Pereira-Zito)

Vagabundo! Como que fosse feito de um mundo de aventuras, parti em busca da vida boémia das palavras, não que fosse uma vida descuidada, mas no sentido de poder dar algum alimento à minha alma, numa viagem desejada ao nosso querido Alentejo.
Na rota de dois eventos literários, a oportunidade de desfrutar de duas terras prometidas de um vasto paraíso interior, ou escondido, designado Alentejo.
O corpo, fatigado do trabalho árduo de transportar essa mesma alma, foi nutrido à chegada pelas carnes da região que foram superiormente acompanhadas por umas migas de espargos. Já a alma, essa exigente rebelde, pedia muito mais, para se saciar… qual pedido interpelado? Se nem tão pouco foi necessário qualquer tempo para que os sorrisos aquecessem a minha paz interior. E assim as palavras estiveram sempre presentes! Palavras elevadas de pura magia…
Perpetuadas nos livros, acompanhantes inseparáveis, ou nas bocas dos declamadores, elas foram uma fonte inesgotável de uma pureza incontida que sabiamente alimentava as almas. A minha, e quiçá a de todos os presentes.
Aventureiro! Dessa nobreza de ricos episódios de sapiência em que fui brindado, e em que a paisagem serena nos brindava, eis que o tempo nos fugia e a alegria incontida se deixava seduzir. Vi amigos da palavra, encontrei camaradas de estrada e fortes mentores que o meu estado vadio desejava numa procura inconsciente.
Vi palestras conseguidas e preciosas obras que trouxe comigo. Senti-me! Senti-me feliz de o meu crer, na junção do meu outro querer, estarem alinhados no mesmo sentido.
Senti o valor de quem tanto dá. Senti a sua paixão, e, entre tanto sentir, senti esse desígnio dos fidalgos que, humildemente, percorrem os espaços por preencher numa missão consciente e necessária.
Entre o que vi, e o que senti, fui moldando o vagabundo em mim, transformando-o num menino de olhos brilhantes a porta do seu paraíso. De uma alegria imensa que gerava sorrisos alargados e cândidos.
E no tanto que recebi, com essa inaudita riqueza do acto, de dar sem pedir, essa clarividência do ser, com que fui brindado, fui consciencializando-me que essa magnitude é, e será, o meu alimento e a minha roupa com que me apronto nesta longa caminhada.
E só lamento que não consiga transmitir esse meu longo sentir, que no recanto da minha intimidade uma lágrima de alegria simboliza!
Que um dia, nem seja só por uma vez, num momento singular que seja, possa retribuir!

Um vagabundo perpetuamente grato…

1 comentário:

Pedra Filosofal disse...

Fiquei com alguma inveja do dia que passaste. E eu que fui trabalhar. tsc tsc tsc isto não se faz. ehehehe

Agora a sério, ainda bem que passaste um dia assim. Porque mereces!

Beijo