O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando Pessoa/Bernardo Soares; Autopsicografia; Publicado em 27 de Novembro de 1930
O poema enganador
Escrevo um poema tentador
na tentativa de expulsar
o que o corpo diz ser dor
e que a mente não quer afastar.
Escrevo com o sangue ainda quente
roubado,
da ferida aberta, desta alma carente,
o poema inventado.
Escrevo. Imaginando o poeta
feito guerreiro, pensador, ou artista
escrevo a ideia, querendo ser profeta,
amante ou um idealista.
O poema é enganador, mentiroso
esconde a voz, a alma, e a semente
chega a ser tão habilidoso
que diz que é verdade o que mente.
E enquanto mata, o homem pateta,
nas guerras da loucura, e do horror,
há um outro homem poeta
que faz um poema enganador,
e a gente lê o que escreve
sonha, e a alma aquece, no acreditar
do poema que nunca teve
e assim a gente esquece, a realidade que nos está a matar,
o que importa é viver, mesmo que enganado
entre o amor e o ódio simplista
haja um homem bem mandado
e um outro ilusionista,
há um poema enganador, mas airoso
que canta versos de neve
há um poeta que luta, tão poderoso
que inventa, um novo mundo, que nunca teve.
5 comentários:
na poesia, reinventemos mundos, com ficção, fantasia, para nos ajudar a suportar da dor e peso da realidade...
poema profundo e bem escrito, como é apanágio teu!
bj de boas festas
O poeta usa a sua imaginação fértil e, ainda bem!!! :)
Desejo-te um santo e FELIZ NATAL, amigo!!!
Muitos beijinhos :)*****
Querido Paulo, belíssimo poema... Profundo que toca a realidade...
Um abraço de carinho,
Fernandinha
Natal...
Tempo de acreditarmos
que vale a pena viver!
Viver rodeado de amigos
e fazer de cada instante um
momento de eternas e constantes
alegrias, pois Deus existe e está
ao seu lado, enaltecendo de coisas
boas para você e para o seu próximo.
Abraços e um Feliz Natal!!!
Para quem tanto admira Fernando Pessoa, esta foi uma belíssima homenagem! E o poeta vive em ti!
Beijo
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