segunda-feira, julho 02, 2012

Desemprego – uma realidade social

Desemprego – uma realidade social
O desemprego já é mais que uma gigantesca realidade social, é exactamente uma praga social!

E esta calamidade acerta em cheio nas famílias dos cidadãos que sempre trabalharam e que agora conhecem um novo modo de vida desocupado e escasso em ganhos com uma componente até então desconhecida: o terror da incerteza do amanhã.

O Eestado, mesmo que feche os olhos para não perceber a verdadeira dimensão deste flagelo, é também um sofredor directo. No aspecto financeiro, primeiro, porque tem que atribuir mais subsídios de desemprego, depois porque recebe menos  cada vez menos trabalhadores e, por último, porque se o povo não tem capacidade de compra os impostos entram menos nos cofres do Estado e com a não existência de rotação de produtos as empresas acabam por fechar porque deixam de produzir. E já agora, trabalhadores ainda no activo, façam um intervalo nas greves, que nos tempos que correm é o maior tiro no pé que um trabalhador dá. Haja consciência social!

Mas também há quem sinta o reflexo desta calamidade de forma menos directa: os que compõem o aparelho do Estado. Refiro-me aos que trabalham nos centros de emprego ou na segurança social. Mas quem quer criticar deve apresentar soluções ou alternativas.

Para minorar a questão, defendo, já que se gasta tanto dinheiro mal gasto e de todos nós, que deveriam ser criados dois tipos de formação para esta nova verdade dos nossos dias: Um curso para os novos desempregados com as disciplinas psicologia/sociologia/gestão e marketing – assim estariam ocupados nos primeiros tempos de desemprego e ficariam melhor preparados para um primeiro embate desta mudança que as suas vidas acabaram de receber, compreenderiam melhor a máquina que é a sociedade e conseguiriam imprimir um projecto de mudança ou de criação do seu próprio emprego ajudando-se e contribuindo de forma directa para o país sair da crise.

O outro curso seria para funcionários públicos que lidam com as pessoas com este problema. Assim percebiam que os outros (desempregados) têm dificuldades sérias de subsistência/sobrevivência e teriam abertura para mudar algumas atitudes e outras quantas regras que actualmente são impostas, como por exemplo: não darem informações telefónicas dos cursos nos centros de empregos ao dispor para os desempregados – “Deve dirigir-se ao centro de emprego e tirar a senha branca” – a frase repetida até a exaustão. Há pessoas que já não têm dinheiro para passear em vão e podem resolver alguns assuntos por telefone ou via internet, deixando de contar para a estatística do movimento que ali ocorre e que podia e devia ser melhorado. E alerta seja dado, se está desempregado e é chamado ao centro de emprego apresente os bilhetes de transporte e peça o seu reembolso. É um direito que nunca é divulgado.

Enquanto todos não percebermos que um país em crise e pleno de desemprego é um problema real de cada um de nós, que o tempo do dinheiro fácil e em excesso vindo da Europa já acabou, que os políticos devem dar os bons exemplos em primeiro lugar e, ainda, que o futebol é um mundo paralelo de sonhos perdidos, estaremos todos socialmente condenados.

Mas ainda há um pormenor que urge mudar: não pensarmos que os azares só acontecem aos outros porque, de um dia para o outro, pode também acontecer-nos...

Se pudermos fazer alguma coisa pelo vizinho, pelo estabelecimento comercial do nosso bairro ou pelo bom produto português declinando o que vem de fora, porque temos qualidade cá dentro, é agora que devemos actuar. Agora é preciso dar as mãos e termos bem definido o que queremos para nós e para os nossos. Votar já não chega! Não votar é quase nada e nós, povo português, somos tão bons que certamente teremos a ousadia de afastar este tormento que se veste de desemprego e é filho bastardo da crise. 


Publicado no Jornal
(Julho 2012 - Edição n.º 10 | Ano I)

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