quarta-feira, agosto 01, 2012

A grande entrevista no Jornal "O Mirante"

Leia aqui neste link:

http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=54&id=52767&idSeccao=544&Action=noticia&fb_source=message

Entrevista31 Jul 2012, 00:11h

Ninguém consegue ser romântico a tempo inteiro

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Quis ser escritor e decidiu conhecer o país real para se inspirar. Teve 30 profissões. Escreveu sete livros, quase todos de poesia, mas rejeita o título de poeta. Há um ano fundou a editora “Lua de Marfim”. Escreve com vista para o Tejo da janela do sexto andar de um prédio da Póvoa de Santa Iria. Agora já encontrou o amor da sua vida mas nos tempos de juventude foi a poesia que lhe garantiu sucesso entre a população do sexo feminino.
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Escrever poesia e mostrá-la é um acto de coragem? Muitos têm receio de cair no ridículo…
Acho que mais do que um acto de coragem é um acto de egoísmo. O ser humano é egoísta por natureza. O objectivo é recolher louros e ouvir elogios. Não digo que não haja um pouco de coragem nisso mas quando o faz o ser humano está a pensar sobretudo nele próprio.

Diz que escreve para libertar as personagens que não consegue ser. Que multiplicidade de homens num só é o Paulo?
Uma das coisas que nunca consegui fazer foi ser actor. Como gosto muito de teatro teria gostado de desempenhar algum papel. No fundo o que faço através da escrita é isso: ser actor. Ninguém tem uma personalidade só e não estamos a falar de bipolaridade…

É o mesmo homem a falar nos seus poemas ou veste outras peles?
Vou dizer uma coisa que parece ridícula. Só o digo porque já ouvi António Lobo Antunes dizê-lo e se é ele a dizer toda a gente acredita. Às vezes não somos nós a escrever. António Lobo Antunes diz que a sua mão é mais inteligente que ele. Que muitas vezes não consegue acompanhar o ritmo. É verdade. Parece que alguém nos encarna e quer passar uma mensagem. Somos meros portadores. Quando começo a escrever não tenho nada planeado e as coisas vão fluindo. Chego a ficar assustado.

Gostaria de encarnar sempre aquele homem romântico que também se lê nos seus poemas?
Sou um romântico por natureza mas ninguém consegue ser romântico a tempo inteiro. Ninguém consegue ser uma coisa só a tempo inteiro. Há momentos para tudo e há contextos sociais que nos condicionam ou modificam.

Sente-se melhor na prosa ou na poesia?
Na prosa. A poesia é o expoente da literatura. Tem a capacidade de se adaptar ao leitor. O poeta faz um poema e ninguém sabe o que é que o poeta quis com aquilo dizer. Eu tenho uma leitura e outra pessoa tem outra. É uma escrita inteligente. Sinto-me mais à vontade na prosa porque tenho mais liberdade para me estender. Não ao ponto de chegar ao romance.

É só o transcendental que o inspira ou pode ser uma coisa banal?
Nada é banal. Banal é a forma como nós olhamos para as coisas. Há coisas à nossa volta que nos podem parecer banais mas se nós quisermos aprofundar esse olhar conseguimos extrair daí várias coisas fantásticas. Acho que os poetas estão mais treinados para isso. Nós temos na nossa terra coisas fantásticas a que não ligamos nenhuma. Todos os dias passamos por elas e não as vemos. No entanto se vamos de férias estamos com o sentido alerta no máximo, tiramos fotografias at udo e achamos que tudo é o máximo.

Os poemas que escreve, muitos dedicados a mulheres, não causam ciúmes à sua esposa?
(Risos) Ía dizendo que isso não me causa problemas porque soube escolher… Acontece que os homens não sabem mas não são eles que escolhem as mulheres. São escolhidos pelas mulheres. É uma teoria antiga que tenho. Acho não estou longe da verdade. Os homens convencem-se de que as escolhem mas é mentira. Na questão do amor a mulher decide. Normalmente a mulher tem vários pretendentes e acaba por ficar só com um. Não porque foi aquele lhe restou… Neste aspecto tive sorte. Tendo em conta a forma como lido com as minhas amigas teria eu uma vida muito difícil se a minha mulher fosse ciumenta. Também é assim porque ela me conhece bem e tem confiança, o que é essencial numa relação.

Sim. Até porque faz duetos poéticos com uma amiga também poeta. É um amor mentiroso?
Não é mentiroso. É verdadeiro dentro daquele contexto. A escrita tem esse fascínio. Dá-nos liberdade de criar. Eu na escrita posso ser tudo o que eu quiser. O dueto é possível desde o momento em que as duas pessoas que estão a escrever entendam isso e estejam na mesma linha. Isto é como dançar. Precisamos de um par. Se o par for bom dançamos melhor. É claro que é necessária grande afinidade e cumplicidade.

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.
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