segunda-feira, maio 26, 2008

Carta ao silêncio


(Foto de: JF Ochoa)


Não sei porque te escrevo, talvez pela minha necessidade de libertar as palavras, prisioneiras pela tua ausência, para que, assim, possam ter a sua condição nobre de vida própria, emprestando-me a alegria onde me deleito nas frases feitas desta imensidão a que chamo escrita. Onde, outras vezes, confundo com a saudade e, em outras tantas vezes, sinto como um grito de revolta. Apenas quero essa liberdade!
Que importa a razão? Se, sem que queira, liberto-as da sua forma e empresto-lhe alguma roupa para que passeiem por mim…
E com brio, passeiam pelas ruas da ansiedade e do ego como se fossem minhas, parte de mim, ou algo de artesanal feito a minha medida. Por ora, continuo pastor, entre as palavras e a minha montanha.
Só o vento cala este silêncio que renasce do meu chão e se espalha na ilusão!


in “Diário de um Pastor”

4 comentários:

Olga disse...

Amei muito este texto.Revejo-me nele, parece que fala por mim! 5 estrelas!

Pedra Filosofal disse...

Que importa, de facto. Se o que queremos é saber como este pastor consegue manter um diário tão fabuloso enquanto apascenta os seus animais.

Anónimo disse...

As palavras não têm dono, são livres e passeiam junto de ti por essa montanha silenciosa.
Tu tens é a bela capacidade de agarrar nelas e transformá-las em pura magia!

Beijo grande

Anónimo disse...

As palavras não têm dono, são livres e passeiam junto de ti por essa montanha silenciosa.
Tu tens é a bela capacidade de agarrar nelas e transformá-las em pura magia!

Beijo grande