Na taciturna da noite ouvem-se vozes distorcidas que planeiam afugentar os personagens de um sonho matreiro. O portador do corpo estendido num palheiro dorme sem sobressaltos e, inconsciente, colabora no desenlaço daquele momento quando abriga as sensações com que vive.
Há uma Musa antiga que entra no sonho e se deleita com as vozes da noite, a sua formosura enternece as personagens que existiam em silêncio.
Rompem os laços da magia empacotada nas traseiras do dia e depressa floresce um amor premeditado por Zeus.
Todas as coisas acontecem entre um estar absorvido e o amor repete-se em horas de loucura que a fantasia teima em conseguir. Há uma perpétua condição que amanhece no peito e que, com ela, trás a luz de mais um dia. Firma-se essa condição num desejo absorvido pelo prazer onde fica escrito na mente dos amantes que, em cada noite, ao som das vozes de comando, voltarão sempre para se encontrarem. E, nesse encontro, a liberdade será sempre respeitada por ambos…
O corpo mexe-se. Empresta a fuga de mais um sonho que o amanhecer não consegue decifrar.
Ao acordar, há uma sensação de magia, e um corpo esgotado de uma noite mal dormida.
Resta o sonho. Mais um que entrará no rol dos sonhos impossíveis e em que o segredo será guardado.
Amanhã pela noitinha, na calada, esperarei pelas vozes distorcidas… Viverei num corpo e na espera dessa Musa antiga que alimenta o meu Ser.
Só os sonhos impossíveis permanecem em mim e me fazem viver…
2 comentários:
Emprestas uma magia às palavras que as tornam encantadas para quem as lê. Gosto dessa forma que escreves, é como que fossem ditadas por potências misteriosas.
Bom encontrar mais um espaço de esmero bom gosto.
Deixo meu abraço!
olá paulo afonso. passei aqui para te deixar um abraço.
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