quarta-feira, agosto 12, 2009

Na essência da ideia

Imaginei um personagem perdido no tempo de ninguém e criei-lhe uma história. Ou imaginei uma história e precisei de uma personagem. Alguém revoltado com a vida, só porque, no amor, não encontrou ainda a sua cara-metade e, na revolta, desfere a sua ira aos quadrantes sociais que os seus olhos alcançam. Que se predispõe a mudar o mundo, através dos seus actos negativos e recriminatórios, mesmo que não repare que existem coisas imutáveis. Que importa se a revolta o cega e o acusa através dos actos maliciosos e nem dá por isso. Que o amor chegue depressa para que o mundo tenha as suas cores como respostas aos seus olhos.

Não pensei em ninguém, mas sei que pode haver alguém assim. E quis que tudo acontecesse num poema. Claro que cada poema pode ter inúmeras interpretações e que, normalmente, o autor não prefacia o que a seguir mostra, para não condicionar a leitura. Mas, ainda assim, não resisti. Escrevi primeiro o poema e depois senti a necessidade de escrever mais e mais até que, eis o que se vê, talvez em vez do poema devesse ter escrito uma prosa poética ou melhor, um pequeno conto. Talvez. Mas não! Escrevi um poema e reforcei-o com um prefácio para algemar o leitor à essência da ideia. Da minha ideia. É assim que, de uma forma desprendida, abro a escrita na essência desta ideia ou na essência deste poema ou deste personagem existente. Desde que seja na essência tanto me faz!
E então escrevi o seguinte poema:



Na essência da ideia

Se o céu é azul, queres pinta-lo de verde
se o mar é verde, queres tingi-lo de amarelo
se a dor é branca, queres desenha-la de preto

e nas cores escreves o teu nome
sem que saibas – desenhas o teu rosto
e pintas a tua mão

não que sejas inferior
nem que esse corpo seja óbice
apenas há uma essência,
na noção da tua ideia
apenas e só – queres amor
o amor de seres correspondido.

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