Já não tenho palavras
as últimas morreram no verão passado
e num funeral cheio de sinais
sinais de uma pontuação por conseguir
as palavras, no silencio, encontraram o seu lugar
a terra, o chão, que tanto pisei com avidez
e num cemitério desconhecido, distante dos olhares
lá estava eu com um sofrimento imaculado
a fazer o destino numa despedida sofrida.
Tudo agora é memória
guardada no ventre da imaginação
faltam-me as palavras que escreviam a lucidez
faltam-me as outras que escreviam esperança
faltam-me, sem que perceba, essa sensação
com que vibrava ao ler os teus passos
as tuas tormentas ou as brincadeiras perdidas
falta-me quase tudo, que tudo é o meu fim
que enterrou a alma dessa magia em desassossego.
Já não tenho palavras
roupagem do meu caminhar
agora sou, provavelmente, memória
que no tempo, aos poucos, também morrerá!
2 comentários:
Profundamente lindo...!
Ofereceres o teu melhor sorriso é o segredo para estares de bem contigo e com os outros.
Bjo
Fatima
Maravilhoso o seu poema...gostei muito
Sonhadora
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