Trago no rosto
os desejos mais incontidos
os mais inalcançáveis
onde só os meus olhos chegam…
Trago nos braços
o amparo de meu querer
mesmo sem poder…
trago-o bem guardado.
Trago nas pernas
o caminho das vontades
ilimitadas…
que construo com as minhas realidades
Sobra-me o coração que não trago
outrora abandonado…
cheio de luz e amor
num lugar ainda não encontrado.
Trago esse olhar
que renasce no rosto pungente
entre braços e pernas cadentes
trago um coração que chora
grita
em forma de gente…
Sou a cabeça perdida
cambaleante mas erguida
um resto de corpo
que desaparece no meu próprio sopro
Já fui noite
luar
já dia me fiz
e num vagabundo açoite
também morri…
3 comentários:
Palavras em delírio neste DELÍRIO. Foi muito bom vir aqui lê-lo.
"Sou a cabeça perdida
cambaleante mas erguida" - Assim tem que ser, sempre de cabeça erguida, embora ela a isso se recuse muitas vezes.
Há muito tempo que não passa pelo meu canto.
Um abraço e um fim de semana de bons delírios.
MV
Olá amigo Paulo
Quem sou eu para comentar o mestre, o POETA? Fico sempre fascinado com aquilo que escreve. Parabéns.
Verifiquei hoje que publicou na Editorial Minerva. Então temos um amigo comum: Dr.Angelo Rodrigues. Publiquei em 1997: Da Poesia-Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea (Volume VIII).
Bom fim-de-semana.
Um grande abraço.
António
Só para te dizer que gostei deste delirio
beijo
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