Escrevo com um rancor ácido para que me odeies. Busco cada palavra mais pesada e dura para que assim possa ser-te um fardo.
Sentes cada frase como uma tortura, maliciosa, como todas as que já te fiz. Sofres, em silêncio, para que não denuncies estes maus-tratos que te ofereço com um troféu de caça e pensas que é por amor que o fazes. Não! Não é por amor, é por medo, um medo constante que está dentro de ti. Medo do meu olhar profano ou do meu sorriso vampírico, medo de cada gesto que reprova cada pensamento teu. Medo de ti, que não existes, neste mundo de sortilégio onde sobrevives…
Tantas palavras caiem e outras que fogem de nós, sem que alguma te ajude a superar esse mau momento que, impavidamente, deixo ao teu colo. És a mãe dos meus tormentos!
Prosa. Não! Não insistas comigo, nem tentes ousar desafiar-me, mato-te prosa… com o meu respirar e com esta mão que não quer parar!
Cada frase que escrevo é um golpe profundo no âmago da tua essência. Sem que sintas a mesma dor, sem que vejas o sangue que perdes, és um fim que acontece aos olhos de todos e eu, feliz por ver-te sofrer, delicio-me, impune, neste marasmo das letras escondidas, fugidias, que não querem encontrar-me porque sabem os que lhes espera.
É a morte! Mato-as, como mato qualquer prosa que nasça de mim…
Ninguém pede, ninguém impede e eu mato-te prosa…
2 comentários:
Li esta prosa, bem viva, de olhos bem abertos de espanto!
Mais uma grande prova da tua versatilidade e qualidade literária Paulo!
Estou orgulhosamente surpreendida! E adorei :)
Mil beijos, GRANDE ESCRITOR
Paulo,
Faço minhas as palavras da Vera. Continuo a admirar muito a sua prosa.
Um abraço
MV
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