quinta-feira, janeiro 28, 2010

Outro caminho

Escaparates em forma de cubo
fizeram os traços do meu amanhecer
e eu, ao acordar, vi o rasto da partida
o meu único infortúnio: o amor

caminhei por uma nova estrada
nas minhas mãos estendida.

quarta-feira, janeiro 27, 2010

O sussurrar do pensamento

Vera

Embora hoje seja um dia importante para ti, gostava que sentisses que é nos outros dias, os do silêncio, do nevoeiro denso que procuro por ti. Há nesses dias a magia dos sinais do tempo e das loucuras da amizade. Há tanto tempo para estar mesmo não estando e na ideia do momento, entre pedidos ou beijos perdidos, deixo-te o meu desejo dos outros dias esquecidos – a tua verdadeira amizade – e depois de um sorriso ou uma lágrima, aqui ou ali, que venha mais outra emoção sem aviso ou preceito.
E a minha alegria, pintada de cores brilhantes é a mesma em que pensas quando sorris, é saber-te por perto e em lugar certo, nesse cantinho resguardado.
Poderia escrever-te mais mil palavras, repetidas num eterno obrigado, mas nunca saberias que estes meus parabéns são bem maiores do que tu vês e tão menores do que tu mereces.
Já te disse hoje que gosto muito de ti?

Beijo-te
PAR

terça-feira, janeiro 26, 2010

Poema demolido

Há uma lágrima no canto do olho
desse menino inocente
que entre silêncios respira
os desejos do amanhã
há uma lágrima tímida
que esconde as esperanças perdidas
nos dias que já morreram
há, nesse olhar enigmático, a dor
a dor de existir.

As imagens que se repetem
nas televisões do mundo
e que não trazem as poeiras
ou os cheiros das ruas
não mostram as tristezas
não contam as lágrimas perdidas
nas noites de sobressaltos.
Há histórias escondidas
de sorrisos e memórias esquecidas.

Mas em cada criança
há um poema que há-de surgir
e será a mais linda flor
que o mundo um dia viu florir!

segunda-feira, janeiro 25, 2010

Cruzam fontes

Águas que marcam o compasso
desenham aureolas de desejos
e os putos param a jogatina
para sentirem os ritmos do tempo

cruzam olhares
na excursão da vida

domingo, janeiro 24, 2010

Guardo palavras ásperas

No hálito do dia
que caminhas na memória
guardo palavras
como prisioneiras do templo

são palavras ásperas
acorrentadas ao silêncio.

sexta-feira, janeiro 22, 2010

Valdevinos

Há um nevoeiro denso, que só eu o vejo e que cobre o meu trecho. Sei que há porque o sinto nas entranhas das horas, pardacentas, e sem conceitos de povoados fátuos…

Toda a terra rodopia em versos e esse poema que não consigo escrever é um corpo desfeito de vontades impróprias.

Que digo eu? Se a mente, a minha mente, fugiu dos agressores deste patamar de delícias encobertas e onde a vingança vigora como lei do ciliciado.

Há um nevoeiro opaco que visita os valdevinos do cumprimente etéreo das malícias, que abrangentes, esticam os pensamentos dos loucos, e, segundo dizem, ainda restam os poetas, imunes aos descalabros da decência de exercitar o desejo. Sim, eles podem! Podem fugir do trivial e em espaços reduzidos, podem brincar com as palavras e pintar o nevoeiro, mesmo o meu, que é aquele que ninguém vê…

Há um nevoeiro austero, sem coloridos, que peço para pintarem de verde. Pintem-no de verde por favor, e, quando acabarem, gritem o meu nome e abram alas que eu quero passar, quero regressar à lucidez de estar vivo e atento aos momentos da vida.

Gritem, por favor gritem, que quero ver o nevoeiro pintado de verde e, mais do que tudo, quero regressar.

Esperem! Esperem. Que vejo eu? Há um nevoeiro verde, intenso e ainda não gritaram o meu nome!

quinta-feira, janeiro 21, 2010

À conversa com… José Fanha


(Pequena Introdução)

À conversa com… é uma iniciativa conjunta entre a Isabel Fontes (Autora da Temas Originais e agente literária) e a Biblioteca Municipal Central de Lisboa – Palácio das Galveias, campo pequeno em Lisboa.
Esta iniciativa, de louvar, pretendente colocar uma figura, pública ou não, à conversa com quem queira estar presente naquela importante biblioteca de Lisboa. Decorre sempre nas primeiras terças-feiras de cada mês e começa pelas 19h e 30m.
Confesso que me sinto um privilegiado por poder estar presente.
A terceira conversa foi com o José Fanha e decorreu no dia 19 de Janeiro de 2010.

Pequena biografia:
José Fanha (Lisboa, 10 de Fevereiro de 1951) é um escritor de livros infantis, português. É arquitecto, professor de ensino secundário e, actualmente, guionista para televisão e cinema. Poeta, escritor de histórias infantis, autor de textos para televisão, rádio e teatro e pintor nas horas vagas.


TEMA: A arte de ler

Mais uma aprendizagem bem conseguida sobre alguns segredos para a arte de ler e, como tudo, ficam a saber que aqui também existem segredos. Claro que não os vou revelar aqui, até porque essa partilha deve ser feita por quem sabe fazê-lo, por quem, como o José Fanha, estuda esse fenómeno.
Posso dizer-vos que através da sua palavra corremos o mundo para entendermos o nosso hábito, ou a falta dele, na velha questão da leitura. Percorremos épocas, tradições e sempre à volta dos livros e da Internet. O José Fanha abordou e bem, os grupos de leitores e os seus objectivos. Falou-se de escritores. De pensadores e de livros emblemáticos. Esta sessão teve uma “casa” bem composta de público e todos saímos satisfeitos pela belíssima opção que fizemos.

Até ao próximo que é o Nilton no dia 2 de Fevereiro de 2010.

Paulo Afonso Ramos

quarta-feira, janeiro 20, 2010

À conversa com… Pedro Barroso


(Pequena Introdução)

À conversa com… é uma iniciativa conjunta entre a Isabel Fontes (Autora da Temas Originais e agente literária) e a Biblioteca Municipal Central de Lisboa – Palácio das Galveias, campo pequeno em Lisboa.
Esta iniciativa, de louvar, pretendente colocar uma figura, pública ou não, à conversa com quem queira estar presente naquela importante biblioteca de Lisboa. Decorre sempre nas primeiras terças-feiras de cada mês e começa pelas 19h e 30m.
Confesso que me sinto um privilegiado por poder estar presente.
A segunda conversa foi com o cantor (o lado que melhor conhecem) Pedro Barroso e decorreu no dia 9 de Janeiro de 2010.

Pequena biografia:
Pedro Barroso, nascido em Lisboa em 1950, é músico, cantor, maestro, poeta, compositor, artista plástico, (licenciado em educação física e pós-graduação em Psicoterapia Comportamental), e devido à sua genialidade é um dos maiores nomes da música portuguesa.

TEMA: O País cultural uma experiência de vida

O Homem é um comunicador nato! Consegue ser bom em tanta coisa, pois além de cantar e tocar (comemorou 40 anos de carreira em 2009) é artista plástico, maestro, escritor (Autor da Temas Originais com o livro “Contos Anarquistas”), compositor e poeta.
Percorremos em conjunto e liderados pela sua voz os caminhos já de outros tempos onde as histórias tiveram lugar. Visitamos alguns momentos de Virgílio Ferreira e aprendemos mais um pouco da nossa história.
Abordamos temas diversos, histórias de encantar e experiências para guardar, na verdade, estivemos bem perto do Homem e da sua família, contada na primeira pessoa.
Momentos ricos e de grande simbologia que saberei guardar com enorme simpatia.
Já conhecia o Pedro Barroso e sabia da sua excelente condição de comunicador, por isso, o resultado de um fim de tarde ou princípio de noite muito bem passado não foi surpreendente. A repetir e recomendo a quem puder assistir.
Ao terminar, um tempo para as perguntas e respostas, para que todos saciassem a curiosidade ou tirassem dúvidas.
Mais outra sessão que nos fez esquecer o tempo e quando tomamos consciência desse tempo vimos que as horas não perdoam e com pena nossa tivemos que acabar.

Até ao próximo que é o José Fanha.

Paulo Afonso Ramos

terça-feira, janeiro 19, 2010

À conversa com… Pedro Paixão


(Pequena Introdução)

À conversa com… é uma iniciativa conjunta de Isabel Fontes (Autora da Temas Originais e agente literária) com Biblioteca Municipal Central de Lisboa – Palácio das Galveias, no Campo Pequeno em Lisboa.
Esta iniciativa, de louvar, pretendente colocar uma figura pública, ou não, à conversa com quem queira estar presente, nas primeiras terças-feiras de cada mês, às 19h30, naquela importante biblioteca.
Confesso que me sinto um privilegiado por poder estar presente.
A primeira conversa foi com o escritor Pedro Paixão e ocorreu no dia 2 de Janeiro de 2010.

Pequena biografia:
Pedro Paixão, escritor português, nascido em Campo de Ourique (Lisboa), no dia 7 de Fevereiro de 1956. Doutorado em Filosofia. Foi professor dessa disciplina na Universidade Nova de Lisboa.
Tem 22 livros publicados. A temática do amor, quase sempre frustrado ou à beira da frustração, ocupa uma grande parte do universo ficcional do autor. A mulher, nas suas diversas manifestações (musa, demónio, aparição, sonho, tentação, ...) aparece na vida dos seus personagens para logo desaparecer, permanentemente ou não. Segue-se a busca, a procura dessas personagens, ora etéreas, ora matérias.

TEMA: Pedro Paixão lê Pedro Paixão

Éramos alguns, e creio que todos numa grande expectativa. O escritor Pedro Paixão, rodeado dos seus muitos livros, escolhe o primeiro texto para ler. Os textos estavam devidamente marcados com a antecedência que estas coisas requerem.
Entre leituras e histórias, surgiram algumas explicações, umas em relação à arte de escrita e outras em afinidade ao escritor. Bons momentos que depressa se passaram, que estas coisas que dão imenso gosto fogem-nos num instante. Para terminar a sessão um conjunto de perguntas todas com direito a resposta.
O Homem lê bem e escreve melhor!
Guardo algumas coisas que aprendi com o escritor e uma nova experiência de todo gratificante. Como dizia, sinto-me um privilegiado em estar naquele evento e, gostaria que ele, o evento, pudesse correr o país para que outros pudessem ter o mesmo privilégio.

Até ao próximo que é o Pedro Barroso.

Paulo Afonso Ramos

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Louca sabedoria

Louca sabedoria
incrementada pela voz
desse dom
que é saber comunicar

saber viver melhor
sem a dor de andar perdido

louca sabedoria!

Saber olhar o nosso sentir
saber tocar nesse desejo entranhado
com um afável sorriso
e no gesto sucumbir à tentação

louca sabedoria
de saber galantear cada dia.

domingo, janeiro 17, 2010

A minha verdade

Mais vale fazer tudo por bem, embora muitas coisas saiam mal!
Porem, assim sempre fica a intenção e a realidade de se ter tentado, e a certeza que se tudo fosse feito por mal, nenhuma teria sentido …
Eis a minha verdade!


Nota: Frases e pensamentos: O pensamento da noite.

sábado, janeiro 16, 2010

O silêncio das estrelas

Alegres e cintilantes vão as estrelas
numa romaria sem fim ou propósito
e fortificam o céu de ideias translúcidas
desenhando devaneios interpolados

na noite, a luz da lua, testemunha
e o silêncio adormece-nos.

quarta-feira, janeiro 13, 2010

Luz

São tantas falhas
Tatuadas de horror
Entre miragens
De perfeição e de amor

Há tanta gente em tanta solidão
Sem que a luz viabilizasse
A voz da resposta que, no impasse, falasse
Para denunciar tanta desmoralização.

segunda-feira, janeiro 11, 2010

Coisas da vida

Tenho no mar o meu alimento
que o olhar absorve
e no céu a esperança
num voo do pássaro

e na terra tenho a morte escondia
que me espera, pacientemente.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Grito o meu fim!

Antes de começar, já cheguei ao fim
não sou nada nem ninguém
serei, quanto muito, um queixume
ou um conjunto de passos
entre os dados e os que estão por dar
por isso não me julguem
não me criem rótulos
nem tão pouco desejos
não sou nada nem ninguém
que possa estar no ventre da vossa mão
ou na rotura da vossa imensidão
bastam-me os dias que me seguem
bastam-me os silêncios da minha dor
para que a tormenta seja a minha própria ferramenta
para que destrua a festa de ser a imagem que não se aguenta
e antes de começar, quero gritar, o meu próprio fim!