quarta-feira, julho 30, 2008

A Crónica dos Bons Sonhos


(Foto de: Floriana Barbu)

Dizem que as crianças sonham com maravilhas e que inventam cenários inalcançáveis.
A ser assim, sinto-me uma criança crescida. Dizem que vivem num mundo à parte de aparências fantasiadas por enormes pedaços de brincadeiras num tempo ilimitado.
São elas que dominam o seu imaginário e, no cair da noite, navegam pelos sonhos mágicos. Sinto-me criança, porque consigo viver cada momento desses, e crescido por ir além da noite, porque não perdi essa viagem dos bons sonhos.
Sou um sonhador natural! Ainda para mais, são todos meus, e como tal acho-os lindos… E tenho sonhos fabulosos onde me vejo e revejo num esplendor inigualável.
Conquisto a princesa mais linda do paraíso com doces sábias palavras e flores cheirosas, entre olhares cúmplices, perdemo-nos num castelo gigante, por entre divisões e jardins. E um cavalo preto lusitano transporta-me pelas florestas, onde recolho frutos silvestres e aromas divinais com que granjeio os meus passos esperados por donzelas apetecidas e seguras que, numa manhã qualquer, aparecerei para cumprir seus desejos. Sou um conquistador de momentos românticos e um doador de venturas.
Ao acordar, regresso iludido e feliz, ao nosso mundo real, e por ele me transporto seguro num sorriso fluente vindo de uma noite bem conquistada. Dia após dia, vou iludindo o tempo com brincadeiras imaginárias e assim vou continuando nesta condição de criança.
No meu cavalo lusitano estarei sempre pronto, todas as noites, para fugir novamente para as florestas à procura de um castelo perdido na busca de alguma princesa submissa que precise de ser salva por um romântico permanente, para que possa tornar na dama mais feliz dum castelo abandonado, sentindo-se amada como nunca antes se sentira.
Nunca direi, qual a fronteira que separará os meus bons sonhos da loucura real onde, astuto, permaneço neste corpo grande de homem – menino. Direi apenas que tenho bons sonhos e uma crónica humilde para partilhar!

terça-feira, julho 29, 2008

A Desconfiança no Amor


(Foto de: Mathew Cook)


O nosso fim chegou! Amamos como ninguém mergulhados nas aventuras do nosso querer, sem que sentíssemos as horas passar. Nunca nos preocupamos com ninguém, éramos apenas nós no nosso mundo construído de vontades, em que o nosso amor era o corolário de cada momento.
Em conjunto inventávamos o nosso próprio romance e nele criávamos cada capítulo com magia, interesse e surpresas que iludiam o quotidiano. Tudo era um sonho que ambos transportávamos, com arte, para a tela da vida real.
Um dia chegaste sisudo, com perguntas perturbadoras, com que inventavas uma realidade ignóbil e desnecessária. Não acreditei no que ouvia, nem dei muita importância. Nem parecias ser tu, o tal personagem principal do nosso romance.
Os dias seguintes pioraram, quando tu, afectado por esse vírus mental, criaste um mundo paralelo e nele foste vivendo.
Acabaram as aventuras em conjunto. Começaste a viver preocupado com alguém, do teu imaginário, e assim deixaste, assim, de pensar em nós. Cada capítulo do nosso romance passara a ser de suspeição, intriga e de uma monotonia voraz. Poucos dias bastaram para chegarmos a um previsível fim. O nosso fim chegou!
Sabes que nunca tive medo desse fim? Porque em mim nada tinha mudado, nada estava errado, nem sei se em ti estaria… Talvez o nosso caminho não tivesse margem de progressão.
Uma mágoa enorme instalou-se em mim, de injustiça e de incompreensão, mas decidi continuar o meu caminho, mesmo só.
O tempo, companheiro inseparável, avaliará o sucedido e, a seu belo prazer, indicará cada destino. Talvez não saibas, mas senti que fechavas uma janela do meu coração porque alguém, talvez esse de que tanto desconfiavas, alguém que eu desconhecia, estava à porta do meu caminho e precisava de entrar…
Hoje és passado, apenas uma recordação que guardo no baú dos momentos da minha vida. Se a tua desconfiança não tivesse existido no nosso amor talvez estivéssemos juntos ainda e o nosso amor não tivesse fim.
Um destes dias a porta do meu coração ficará aberta e, por ela, entrará algum ser maravilhoso e juntos construiremos rituais novos. Foi assim que quiseste, e é assim que aceitarei com naturalidade, pois só assim a vida acontece.
Aceitarei tudo, só que nunca perceberei como a desconfiança pode existir no amor, no que foi nosso ou em outro qualquer!

Riddhi – A Princesa

segunda-feira, julho 28, 2008

Amor Sóbrio


(Foto de: Charo Diez)


Tenho lágrimas! Posso ser um iletrado e não saber expor as palavras no seu esplendor, mas, ainda assim, tenho sentimentos que não controlo e que despertam as sensações emergentes de pura adrenalina e paixão. Sim, por vezes acabam em lágrimas, cobertas com um silêncio aterrador, mas o meu sentimento é real e não conseguir exportá-lo para o poder das palavras é iníquo. Sou um perdedor, porque não sei fugir das sensações ou porque não sei iludir as razões. Sou assim, um conjunto de lágrimas à procura das palavras para te dizer o que sinto e do que sou capaz, e, enquanto não encontro cada palavra para cada sentido, perco-me nas manifestações ousadas de mim num sofrimento mútuo. Ousado seria não sentir e não escrever!
Quero transportar a vontade de viver e, nesse laço de energia, quero contagiar-te para que vivas cada momento de forma única, sentida, sem palavras e sem lágrimas. Afinal, para que brote o que temos cá dentro, não precisaremos delas… basta-me um olhar acompanhado de um sorriso e serei o menino traquina mais feliz do Universo dos sentidos. Basta-me!
Tenho lágrimas. Espero que o tempo me possa ajudar e me dê algum alento. Não sei como escrever porque sei apenas sentir. Não sei como dizer-te porque é um todo que está dentro de mim. Ainda assim, nestas lágrimas lavo o rosto e revigoro-me, fazendo nascer um sorriso, só meu, que escondo timidamente mas que também pode ser teu… assim o queiras!

sexta-feira, julho 25, 2008

Luz


(Foto de: Novic Arman Zhenikeyen)

luz
intensa
ilumina-te
mostra-te

embate
brilho excessivo
que oculta

só tu não sabes…

terça-feira, julho 22, 2008

Amor Com Barreiras


(Foto de: PhoS Sant)


É o Sol que me guia. Na penumbra, sinto as barreiras que crio quando o meu corpo recebe os seus raios e projecta uma sombra de mim. Sinto-a como grades que prendem os meus desejos.
Sabes que essa é a primeira barreira ao meu amor?
Sabes que o que penso, mesmo que não seja o correcto, elege-o como o correcto e essa condição é mais uma barreira?
Há uma constante distância entre nós, física, que aglomera o meu lamento. São tantas as barreiras que se atravessam e se levantam entre nós… (mas talvez seja eu a maior barreira!)
Sinto que o sentes! Sinto que o meu querer não desaperta as correntes que trago agarradas a mim e que contribuem para um vasto conjunto de contrariedades.
A tua voz, por vezes num silêncio desmedido, diz-me palavras que divagam pela minha mente e tu, sem que o sintas, és um alicerce que guardo com carinho e que, no meu silêncio, me ajuda a combater os momentos de solidão. Tenho a tua voz gravada no meu peito, da mesma forma que o teu ser, repleto de luz e alegria, habita em mim. Só tu não sabes que és parte de mim. O amor é assim, mesmo que não queiras, ou que as barreiras sejam apenas uma forma de afastar um destino por acontecer.
Se o amor não se escolhe, apenas acontece, já as barreiras são impostas pelas vicissitudes de cada vida e dos hábitos de um qualquer quotidiano social.
Porque tem que ser assim?



Este Eu
serei mesmo eu
tu
outro
alguém
ou ninguém?

sábado, julho 19, 2008

Vermelho

Com o meu sangue
escrevo,
das minhas veias
soltam-se melodias
que cobrem o meu rosto
corado...
A angústia
o medo
a alegria
existe.
Escondida nas cores
sentimentos aveludados
esquecidos e lembrados.


in "Vinte E Cinco Minutos De Fantasia"
Colecção Cores

segunda-feira, julho 14, 2008

Férias

É mais esta semana apenas!
Obrigado por continuarem por aqui.
Beijos e Abraços

sexta-feira, julho 04, 2008

Perdido… perto de ti?


(Foto de: Catalin Soare)


Não sei em que dia estou. Fiquei imobilizado, perdido, nestas montanhas que creio com o temporal se transformaram. Resta-me a esperança de ser encontrado, ao acaso, sem forças mas com uma vida pujante dos resistentes, que lutam, contra tudo e contra todos.
Se sobreviver, cumprirei a promessa de aqui voltar, para perceber a surpresa que o destino me ofereceu. Agora, esforço-me para encontrar os caminhos da mente, para que me digam o trajecto que fiz até aqui. Quero entender o que aconteceu!
Não sei a cidade, o país ou o continente onde estou, se descobrirem digam-me por favor. Quero recuperar a consciência de ser Eu. Quero que me queiram. Quero substituir as lágrimas que correm neste rosto abatido, pela luz do sorriso tímido e natural. Quero voltar… a ser quem era!
Tu que me lês! Ajuda-me… Diz-me de onde me vês… Diz-me o que vês, por favor, diz-me quem sou eu…

in “Diário de um Pastor”

quinta-feira, julho 03, 2008

SE EU FOSSE…

Se eu fosse…
uma simples PALAVRA
seria doce
estruturada seria a lavra.
Ai se eu fosse…
uma simples e pura PALAVRA
seria um LUGAR
onde o DESEJO
seria o AMOR de aqui estar
e cada FLOR seria o meu beijo.


Pudesse eu ser o SONHO
e na sua COR o mundo jamais seria tristonho.



(Poema feito para os alunos e professores da Escola EB1 Av. Heróis do Ultramar em Évora)

quarta-feira, julho 02, 2008

Vamos unir os nossos sentimentos


(Foto de: Frank Melchior)


Vamos pela estrada dos momentos
vamos unir
nesse abraço sôfrego em nós a fluir
vamos juntos em direcção do destino.
Se o Sol quiser ser o nosso padrinho
emprestando-nos o carinho
do seu majestoso sorriso
nele construiremos o nosso hino
para cantarmos por este caminho desejado
na conquista do nosso tempo divino.

Vamos que o mundo é nosso
e os sentimentos são dádivas do céu
vamos na boleia da acção.
Daremos asas ao coração
impulso depositado num beijo
que selará o nosso amor perfeito
nesta vaga… mar dos ensejos unidos.
São cálidos sentimentos
transformados em ávidos rebentos
vindouros e aplaudidos.

terça-feira, julho 01, 2008

fronteira


(Foto de: Jeremy Stein)



vida
animal
nas trevas
do pesadelo

acordar
pode ser
o segredo

que importa.