sábado, junho 28, 2008

Deixas em mim tanto de ti


(Foto de: Anakin Sk)

Deixas em mim
aureolas de ti… e é tanto
deixas assim
um manto
que me cobre o espanto.

O aroma do teu corpo sedento
o traço do teu sentimento
um olhar lírico
desse teu querer idílico.

Deixas em mim tanto de ti
que nas tuas ausências me afaga
acalenta cada momento que não te vi
aquece o amor que tempo não apaga
no calor que a distância agarra.

quinta-feira, junho 26, 2008

XI Concurso do Luso-Poemas “O vinho” (II Luso-Concurso de 2008)

Ainda o XI Concurso do Luso-Poemas “O vinho” (II Luso-Concurso de 2008) após justa homenagem ao poema vencedor da Poetisa Vera Silva, agora e aqui, sou eu que partilho a prosa com a qual concorri, chama-se:





Sou O Vinho



Eu sou o vinho. Foi da terra que pisaste que os meus pais nasceram, videiras em flor, e nessa mesma terra deram os seus intentos, expostos ao sol e as chuvas, germinaram o seu fruto em cachos de alegria e cor, que, despedaçados, jorraram lágrimas de sangue e de uma vida renovada.
Sim! Eu sou o vinho. E como a terra pisada pelos teus semelhantes, o fruto dos meus pais também foram pisados até a exaustão. Acabou assim a terra, as pisadas e o fruto, mas dessa relação intensa nasci eu… o vinho que procuras!
Trago comigo esses momentos que não vivi, mas que fazem parte de mim!
Sou o rio vestido da cor de sangue em homenagem ao sofrimento como um fado.
Sou o pecado vestido de vergonha em que me escondo dessa saudade.
Sou encorpado de carícias e também me visto de esperança para que o meu desejo se cumpra. Quero vingar os meus antepassados e assim deixar o teu físico cambalear e, para isso, basta-me que bebas o meu corpo feito suor e lágrimas. Porque te atraio, deixo-me saborear e assim iludo-te nesse caminho que não dás conta… é o vinho que pedes.
Não sabes o meu caminho porque apenas me queres para degustar… não me importo, e dou-te esse prazer!
Saberei que, em troca, terei o teu reconhecimento, meu alento, esbanjado no paladar de quem tanto me quer…
Ainda que me resistas, por hoje, num amanhã próximo voltarás a beber-me mais, até que, em cadências abstraídas, chegarás ao meu intento, vestido de prazer e de sensações que te levem ao meu mundo… Ouvirás é o vinho, é o vinho, e não te recordarás do nosso percurso, mas saberás que sou eu… o teu vinho!
Mais tarde, consciente, regressarás ao meu caminho, transformado em nosso, e, em liturgias ancestrais, voltaremos a brindar á nossa paixão.
Eu espero-te… para que me tomes! Sou teu… Sou vinho!

quarta-feira, junho 25, 2008

Xavier Zarco

Em homenagem ao Camarada Xavier Zarco, e em resposta ao seu post Dia 265 que nos oferece num diário virtual em: http://euxz.blogspot.com/ eis um singelo poema meu. É este o pretexto que uso para que chegue ao mais importante, que é poderem passar por este blog que nos oferece sempre coisas boas, por vezes vestidas de poesia, outras de sugestões e outras também de critica. Este homem do nosso mundo literário actual merece e deve ser lido, só assim pode ser reconhecido.



Poema


nascido
ancorado
nas águas
demove-se

inquieta-se
na prisão
do seu íntimo

mas sobrevive

terça-feira, junho 24, 2008

XI Concurso do Luso-Poemas “O vinho” (II Luso-Concurso de 2008)

O XI Concurso Luso-Poemas, sob o tema “O vinho” foi ganho por Vera Silva com o poema:


Vinho quente


Escorregas em mim quente,
Doce.
Adivinho-te pelo odor puro,
Frutado.
E apeteces-me…
Tua cor de sangue desperta-me o desejo
De te ter assim meu, nosso…
Ardente,
Quente!
Não te bebo,
Saboreio-te na lucidez da noite,
Brindo à lua que se despe devagar,
Pálida, invejosa.
Mas és só meu e escorregas em mim…
Quente,
Ardente…


Parabéns Vera Silva

http://prosas-e-versos.blogspot.com/

sábado, junho 21, 2008

Embarco Na Liberdade Dos Nossos Sonhos


(Foto de: Javed Chawla)

Já nem sei o que é escrever! Já não escrevo as palavras com que me deito e com as quais, as mais promissoras, acordo ancorado. Há uma separação entre as palavras e os sonhos numa liberdade assumida e por isso consciente. É esse o meu acordar. A separação. A distancia de um sonho. Ainda assim, continuo a sonhar, construindo imagens dos meus desejos e sem que as partilhe, faço, de cada minuto da minha vida, um minuto de alegria e esperança.
É assim que viajo. Em cada sol que adormece, ou em cada luar que espreita eu lá estou disposto a deixar-me ir… embarco na liberdade dos nossos sonhos porque esse gesto me deixa uma sensação de prazeres ilimitados, de conquistas medievais, ou de voos ímpares que só a imaginação ou o desejo conseguem fazer viver esse sentimento tão próprio.
São sonhos! Nossos, da liberdade, de querer ser um eterno aprendiz da condição humana e emanado do nada procurando conquistar o mundo da felicidade.
Morro livre, exausto, de procurar cada momento recheado de pequenas coisas, mínimas, que nos façam sentir a razão da nossa presença aqui, ali ou em qualquer lugar que seja.
Por ora, é na viagem que vou, talvez um dia volte e vos anuncie que a perfeição é possível e que o caminho é feito de pequenas conquistas que nos engrandecem a alma num desafio, minuto a minuto, a medida de cada um…
Talvez volte, ou talvez não, na liberdade dos nossos sonhos estarei em qualquer lugar desde que seja feliz e lá esperarei sempre pela tua presença…
Agora, num aceno, em que me despeço e em que sinto o barco partir, inicio mais uma louca viagem, com a esperança de te encontrar, já a minha espera, por lá, nessas terras do paraíso. Sem tempo para um segundo aceno… adormeço.

quarta-feira, junho 18, 2008

SINAIS DO SILÊNCIO



Sinais do Silêncio
A nossa Rosinha em Lisboa
Sábado
21 de Junho de 2008
16 Horas
Livraria Bulhosa - C. Grande




Se puderes, não faltes!
Obrigado

sexta-feira, junho 13, 2008

Poema Imperfeito


(Foto de: Cezary Galaj)


Num fogo rendilhado
entre as brumas e ventos
deixei perdidos os meus momentos
ficaram caídos, esquecidos nos meus dias.
Perdi-me nas aguarelas
entre pincéis e telas
dos poeirentos quadros
entre apertos e alegrias
em que me deixei seduzir
entre estéreis estrias.

Ainda assim, refeito, volto
renovado e sem amarras
para recomeçar o meu caminho.
Nem que lute sozinho
com as minhas garras
sem que tu, imperfeição, que me agarras
possas travar-me, impedir.
Trago-vos um recado
que é este poema sem pecado, inacabado
é dentro dele que vou sempre existir.




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Nota:

Hoje cumpro a minha promessa, fecho assim um ciclo de 5 Dias 5 Poemas. Obrigado Amiga Vanda Paz.
Aproveito esta mensagem para agradecer a todos os que por aqui passam. Obrigado pelo vosso contributo.
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quinta-feira, junho 12, 2008

Instantes


(Foto de: José Pereira-Zito)

Hoje disfarcei-me de embuste
pintei-me com cores tristes, escuras
assumi-me, ainda que muito me custe
vesti o papel pardo das loucuras
do tal personagem que procuras.

Hoje a vida aconteceu
e a minha inocência não morreu
não andei ancorado na personagem
mas nas cores alegres da minha imagem.

Hoje, quero recordar
quero ser eterno, sentir, saber
quero sorrir e encantar
quero ser o Sol do teu querer
hoje já sei o que é amar.

quarta-feira, junho 11, 2008

Momento


(Foto de: Salih Güler)


Toco nos teus cabelos de solidão
com os meus dedos enfeitiçados de amor
procurando sentir a tua candura
e encontro-te, inserta, coberta de paixão
postada nua e incrivelmente pura
liberta, assim, de qualquer ignóbil dor.
Toco no teu rosto cândido
de uma imensa expressão
reflectido, por vezes, perdido
outras vezes lavado em emoção.
Toco no teu corpo sedento
construindo o nosso momento
que guardaremos no baú da recordação.
Toco num só corpo onde cresce o querer
confundo os corpos unidos pela vida
somos um só para amadurecer.
Cruzados num tempo da razão
descobrimos um só caminho
e é nesse momento que o percorremos devagarinho.

terça-feira, junho 10, 2008

Crepitam…


(Foto de: Rarindra Prakarsa)

São desejos
perdidos nas noites loucas.
São beijos
que procuram bocas.
Cintilam
como pensamentos fugazes
ou acções que mutilam
por não serem capazes.
Mostra-me o teu abrigo
quero ver-te por inteiro
sentir-te tão perto
e longe do perigo
neste céu aberto.
Os momentos rangem
desesperados
esperam que os amem
com simples namorados
e nessa imagem
ficamos ancorados.

segunda-feira, junho 09, 2008

A Minha Dor


(Foto de: Kenvin Pinardy)


O teu olhar
aquietado, desnudado
convida-me para amar
num gesto mesurado.
É o mar
na minha voz declamado
que rebenta a paixão
desse passo distante
que cobre a minha ilusão.

Não poder… Amor
é a minha dor!

quinta-feira, junho 05, 2008

Rosa Maria Anselmo







Queridos Amigos (as)



"Sinais do Silêncio" está quase a nascer! A sua apresentação será feita no dia 7 de Junho, pelas 16 horas, no Diana Bar – Av. dos Banhos, Praia da Póvoa de Varzim. Será um privilégio ter a vossa companhia nesse dia.

A apresentação do Livro será feita pela poetisa Conceição Bernardino, e o prefácio da autoria de Alice Santos. Aqui fica um excerto desse mesmo prefácio:



"No segundo livro de Rosa Maria encontramos uma mulher muito mais liberta, onde a escrita e a paixão andam de mãos dadas, inseparáveis, qual par de amantes.

Surge uma Rosa que resolveu desabrochar e nos mostra a alma desnudada, sem pudor ou preconceito, sem receios, medos, falsos moralismos. Uma mulher mais atrevida nas palavras, com diálogos interditos, e, por isso, mais despida de si e vestida de candura, sedução e desejos.

A sua essência consegue conquistar o impossível pois, quem ler estes versos vai ser protagonista do encontro mágico entre o ser e o sentir.

A poesia entranha-se de mansinho na alma do leitor, entreabrindo a porta da imaginação e deixando-o transformar-se em tudo o que sempre sonhou e nunca ousou concretizar."




Espero por si.

Rosa Maria Anselmo

quarta-feira, junho 04, 2008

Inquietação


(Foto de: Floriana Barbu)


Esta manhã despertei em tons de um verde-escuro. Triste. Sem forças para me ver renovado, sem olhos de luz de esperança para ver o caminho a minha frente.
Esta manhã não acordei. Recusei-me. Quis concluir o pesadelo de uma noite que assombrou as entranhas do meu ser. Inquietou-me.
Esta manhã soube que morri dentro de mim, ainda que o meu físico não tivesse assumido, ainda que a roupa tivesse vestido o meu corpo…
Ainda que… Morri, no cair da noite, numa queda de amor!
Esta manhã um corpo saiu para trabalhar. Sem amor-próprio nem um rumo definido.
Esta manhã recordei-me de que nunca voltei ao lugar do paraíso, porque enquanto vivi, não tive tempo para repetir os momentos, pequenos momentos, que marcaram a minha passagem pela estrada do sentimento. Não procurei reencontrá-los.
Este dia, primeiro dia após a minha nova vida, ou na falta dela, foi para procurar essa consciência, perdida, ignorada. Encontrei-a tão perto do meu corpo adormecido.
Agora que a noite cai e a escuridão cobre o meu rosto envergonhado, vou viajar aos lugares onde passei apreciados instantes, mínimos instantes, e, com todo o tempo do mundo, vou desfolhar cada décimo de segundo, saboreando a seiva desses escassos abandonos dos lugares perfeitos.
Cada lugar, cada gesto, será sugado pela minha condição arrependida.
Em lágrimas estarei quando recordar as promessas e os sonhos ambicionados e nunca conseguidos. Se pudesse, teria sido diferente…
Queria apenas viver! Queria apenas ser feliz!
Esta manhã acordei com o calor da tua boca junto do meu ouvido e nas palavras que disseste, dancei, sorri. Deste-me num bom-dia a oportunidade de realizar os desejos, os sonhos e lembrei-me de não perder mais tempo. Fugi!
Agora ninguém me vê, ando ocupado, a reconstruir os momentos que perdi. Ando tão junto de ti que nem sentes que morri!

Amanhã na Côrte-real cumpre-se um funeral…

domingo, junho 01, 2008

Lado a Lado


(Foto de: Emil Schildt)

São como sonhos, os momentos em que penso estarmos lado a lado. Flúem com uma naturalidade tal que até acredito serem a minha realidade do momento.
Tenho argumentos, tenho desejos… mas, como posso domina-los com a mestria que julgo ter, deixo-me diluir pelas sensações sentidas. Oh! E é tão bom…
Mas a realidade é outra, bem mais cruel, porque a distância do meu querer ao teu querer é uma ponte imersa, por vezes, na solidão dos espaços desta vida.
Mas há sempre uma meta que nos faz divagar, que nos faz acreditar. Tornar realidade, este nosso “lado a lado” e, assim, desfrutar dessa magia já decifrada.
É acreditar no nosso “Eclipse do Amor” para que, lado a lado, possamos fugir para o nosso mundo de sentimentos expostos e degustados.
Eu serei o Sol e tu a Lua! Esperemos por esse momento, oportuno, de estarmos lado a lado para fugirmos…
Por ora, e em sintonia, mantemo-nos lado a lado, através do elo que nos liga e que permanece invisível. Silêncio! Que as almas adormeceram…