quinta-feira, outubro 30, 2008

Chuva das Palavras…

Trago nos olhos as chuvas deste dia. Hoje que chovem lamentações de ninguém, serei eu o guardião dessas preciosidades densas…
Trago nos olhos o reflexo da alma. Uma alma pantanosa de tantos rostos e de tantas emoções que invadem o mesmo corpo que a abriga.
Sou um todo. Um todo feito dos nadas que sobram das intempéries das forças vagabundas que proliferam por caminhos cruzados do meu ego.
É este o meu mundo. O mesmo mundo que é nosso, de todos e de ninguém…
Trago densidades minhas misturadas que me confundem e inebriam o olhar.
Hoje chove e molham as palavras que solto. As próprias palavras ganham vida e formam-se em chuva. Há um mistério que nos faz pensar. Que nos empurra cada dia.
Resta-me um silêncio aprisionado dentro de mim, na espera dos dias por acontecer. É hoje que a chuva lava o meu rosto. Rosto feito das palavras, da chuva que cai…
Amanhã outro olhar, outro rosto e outra alma sentirá o mesmo, tudo o que senti depois de alguém já o ter sentido também. Acontece. Como a chuva que se repete…

terça-feira, outubro 28, 2008

Escolhe o teu destino

Dá força ao teu pensamento e viaja nele até confins da tua imaginação. Deixa o teu corpo sentir o teu desejo. Deixa que o peça. Que queira, que acredite!
(És a pessoa mais importante para ti, só depois os outros se seguirão.)
Acredita na sede da tua boca e sacia-a. Mostra aos teus olhos a luz da ribalta dos sonhos. Vive em cada passo que dás, e constrói nele o teu presente assegurando-te que o caminho do futuro é o teu destino prometido. Escolhe o teu destino.
E as mágoas desaguarão nas águas que correm debaixo das pontes para um lugar distante. Entre pedaços de serenidade misturados com a ambição da felicidade estará um sorriso que se fixa em ti, um olhar, sereno, que chama por ti.
Saberás então que nada acontece por acaso e que antes foste tu quem decidiu o que querias que acontecesse.
A escolha é tua, como a vida o é, e na consciência desse facto reside a diferença de poder ou querer ser…
Poderás ir pelo caminho mais fácil, desistir, ou esperar que alguém faça a tua parte mas não esperes que o futuro sorria ou que a razão se deite ao teu lado, nem iludas a ambição na esperança que aconteçam momentos de felicidade, pois serão sempre laivos de uma casualidade paralela.
A escolha é tua. O destino é teu.
Se olhares para trás verás que o presente é a sequência dos passos que deste, verás que é o resultado das escolhas que fizeste, e mesmo que o resultado não seja o desejado ou não seja o que pretendes, saberás que a consciência cresceu e que o caminho para os teus objectivos tem um novo rosto, uma nova forma e assim poderás traçar novos horizontes.
Não desistas! Nada se perdeu. Hoje sobra-te a experiência que ontem não tinhas, sobressai a força que ontem não precisavas…
Hoje és um corpo dorido, mas fortalecido pelas vicissitudes da vida. Acredita e vive que a escolha é tua e o destino será o que hoje decidires. Acredita em ti!

segunda-feira, outubro 27, 2008

O Último Sonho

São lágrimas que escondo.
Escondendo assim o meu sentir.
Se o sol pudesse secar o meu rosto
se um outro sorriso pudesse soltar o meu…
Não esconderia o sentimento desse contentamento. Arado.
E na palavra estendida ao vento lançava o tormento.
Deixando-o fugir de mim…
Não. Nunca seria mais um abandonado
antes um louco, um decrépito, ou outro apaixonado
e no tropel
escreveria as confissões
de lustro, num mágico papel
escreveria as ambições, perdidas, no teu olhar
faria dessas folhas, as vontades, das alucinações
num quase tempo de amar
desse terno cinzel
com o qual esculpi
o meu desejo desenhado em ti…

Faria de ti
o meu último sonho…

domingo, outubro 26, 2008

Relato do Silêncio

Oiço os passos do tempo que caminham no sossego das ausências. Vejo-te como uma imagem que percorre a minha mente até que pára. Que se fixa e que assim perdura.
Sinto a nudez da distância que nos separa. E nos teus olhos, expressivos, leio-te os pensamentos sem que pronuncies uma única palavra.
Oh! Sábia tormenta que estrepita as linhas da imaginação num surdo estremecer.
Quanta hábil doutrina eclode em cada gesto, mesmo que enigmático, que rompe do teu corpo e se instala no meu, quanta?
Sem murmúrios. Que engendram pensamentos surrealistas e se escapam ao nosso desejo. Com murmúrios. Que afoitam a fuga e trazem-te taciturna.
Este é o meu relato da tortura dos meus dias. Dos dias do teu silêncio.
Oiço passos do tempo… que a minha imaginação construiu. E na ressalva do caminho, perco-me, na escuridão dos sonhos e ao acordar imagino-te perto, em silêncio, com esse olhar doce que me ampara e enaltece o anelo libidinoso.
E os dias são noites. As noites são dias. Nesse marasmo dos sons em que só os pensamentos vagueiam…
Faço-te um sinal, uma epopeia de desespero, sem que queiras saber…
Silencio a minha voz ausente e guardo-a no peito.
Todo o tempo em silêncio, não fugiu, perdi-o nas palavras que guardei na timidez. A mesma timidez que feriu o amor dos tempos….
Agora só mesmo o tempo ditará o que será do amor, morte ou vida!
Eclipso o meu desejo sobreposto pelo mesmo silêncio…

sábado, outubro 25, 2008

Um poema diluído

Tenho os sons de uma boa música. Tenho o ardor de a sentir como minha mesmo sabendo que não é… Envolvo-me nessa onda de frescura e aprecio a sua loucura que me encanta e me eleva aos píncaros dos desejos.
Tenho um poema que dança no meu coração. Sinto-o e sei que não é só meu.
Tenho as palavras que percorrem o meu corpo e se alongam no imaginário do meu mundo por acontecer.
Eis o meu poema diluído!
Poema que amo em segredo e onde me perco nas profundezas do anseio dos sentidos. Destemidos. Ébrios pela fragrância de um amor quase prometido.
Poema grito de liberdade ou voz húmida de lágrimas roucas, quase surdas que o silêncio prende em rituais escondidos.
Tenho as amarras dentro de mim, assim bem juntas aos versos, que flutuam neste poema de corpo e alma do que me resta…
Poema tatuado. Germinado. Jamais apagado.
Tenho os sons do grito dado no calor da emoção da loucura de estar num corpo diluído!
Tenho um texto perdido, na prosa que era para ser um poema, guardado, escondido, neste gesto assumido.
Resta-me pouco…
Resta-me este meu poema diluído. Decrépito. Culpado.
Eis o meu poema diluído!

sexta-feira, outubro 24, 2008

Leiria, Orfeão Velho, Recreio dos Artistas, sábado, 25 Outubro, 15.30 horas



Sábado, 25 de Outubro de 2008

15.30 horas

Espaço Recreio dos Artistas

Rua Latino Coelho, 12 (Orfeão Velho)

Leiria

quinta-feira, outubro 23, 2008

Será sempre uma vitória (Prosa)

Hoje cubro-me de verde esperança. Tacitamente, acredito em mim e construo os meus próprios sonhos, os meus lampejos ou as minhas ansiedades. Hoje sou feito do amanhã desejado. Abrigo-me das intempéries e afasto os temporais de uma vida anunciada. Da vida que querem que eu tenha. Eu não! Não aceito os desperdícios dos que se afastam. Não aceito nada! Hoje sou eu que mando. Em mim e no meu destino.
Busco no espaço que me rodeia a mesma sensação que me norteia, retoco assim o meu trilho e faço o meu destino.
Aconteça o que acontecer, será sempre uma vitória, porque cada acontecimento é a luz do meu amor que acontece, é a sequência de cada passo dado e o rosto do que almejo.
Nasce em mim essa consciência, esse poder, de querer ser um sol abrasador dos dias por viver e nas noites que se seguem, de conseguir ter a capacidade de ser Lua cheia para iluminar as faluas do amor que neste nosso rio Tejo brindam o nosso olhar (o meu e o teu por acontecer…) entre muitas noites serenas, que o sono não nos faz companhia e nos fazem desejar, adornar, os épicos momentos de sensuais gestos que, em conjunto, trocaremos no céu dos intentos. Sóbrios fulgores de genialidade.
Hoje sou assim, e espero receber-te, sorte dos meus avatares que, na lucidez do meu tom, procuras o meu corpo. Hoje estou aqui! Aqui onde sabes que poderás encontrar-me. Aqui onde sempre me procuras, mesmo que não queiras saber de mim…
Aconteça o que tiver que acontecer, hoje amanhã e sempre, para mim, será sempre uma vitória porque me libertei do que restava de mim e renovei-me para receber a felicidade.
Hoje espero-te. Veste o traje de gala e aceita a dança deste dia que desagua no nosso lindo rio. Aceita. Lembra-te que hoje sou eu que mando e, aconteça o que acontecer, será sempre uma vitória…

(Brinda-me… E depois guarda-me para memória futura…)

quarta-feira, outubro 22, 2008

"Será sempre uma vitória"

Um olhar teu
aconchegado no meu regaço
será sempre um pedaço
tão belo e só meu…
Um sorriso oferecido
desse rosto eloquente
no meu olhar ferido
fomenta a minha loucura ardente
do teu perfume…
da tua vontade…
de cada passo…
será sempre
um gesto cadente
que afaga a minha alma
num corpo que se acalma.
Um abraço por acontecer
guardado em memória
faz nascer
uma admirável história
em que nada mais importa
em que nos basta
um cúmplice desejo
eleito...
Esta vida,
será sempre uma vitória.

(A nossa vitória!)

segunda-feira, outubro 20, 2008

Uma Luz ao Fundo do Túnel


Voava. Era assim que sentia a minha solidão num voo de uma gaivota. Voava dias sem parar, momentos que a eternidade não há-de apagar… e que no meu silêncio, cúmplice, bem guardados, irão continuar. Diziam que estava triste mas a solidão também sorri e eu não sabia. Diziam que uma gaivota é solidão, e eu aceitava, mas afinal, descobri que também pode sorrir e ser feliz.
E de ave, vesti a pele de felino, e disfarcei-me de tigre siberiano, acutilante e dominador para passear pela selva de betão armado e por outras naturezas…
O meu novo tamanho, respeitável, induziu os audazes a sentirem a minha presença. Sentia-me um animal lindo, muito lindo, e, sem que fizesse mal, tinha que sobreviver, caçava, por isso, para comer e, se não fosse ameaçado, não atacava ninguém, mas também não era atacado. Senti-me mais respeitado. E na mesma solidão, urdia outros momentos de tristeza e de silêncio cúmplice…
Cresci. Em pouco tempo, ou em tempo nenhum, cresci. Percorri os caminhos das sensações e apaguei as mais belas ilusões. E na pele de guerreiro matei o meu querer. Esvaziei os sentidos do que nada me fazia sentido e comecei a nova mutação num novo corpo, agora de mulher. Quis sentir os prazeres de poder ser alguém. Nasci ou renasci num campo de rosas vermelhas, champanhe e outras cores alegres. Vi-me num sorriso aberto, sincero e promissor.
Corri e saltei, em pinchos de alegria, só porque imaginei uma luz ao fundo do túnel…
E, no meu mais recente corpo, acreditei que caçaria a liberdade em busca da minha felicidade. Confiei nas minhas capacidades de caçadora dos ápices anseios. Lutei!
E o tempo passou sem que sentisse necessidades de novas mutações, sem que quisesse voar novamente num céu azul imaginado ou sem que quisesse correr para mais um ataque veloz para devorar a minha mais recente presa. Deixei de sobreviver para começar a viver graças aquela luz, inusitada, ao fundo do túnel…
Agora aguardo serenamente para descodificar essa mesma luz, embala-la no meu colo e, num carinho saudoso, dizer-lhe bem baixinho… Obrigada…

Nem as lágrimas, de emoção, volátil, me farão mudar… Agora já não há nada para mudar e fico-me por aqui encostada na felicidade…

Percorri alguns caminhos, outros ficaram nesses mesmos caminhos, e na escolha do meu sentimento, na escolha do meu desejo, encontrei o meu presente. Guardo o meu passado, ciente, crente, que tinha que fazê-lo, passa-lo. Vivo este dia, cada dia, com uma intensidade insaciável em que me sobra o desejo de mais um dia, um dia de cada vez. Amanhã só quero acordar e sorrir. Que o amanhã seja o prolongamento do dia que hoje findou e que o meu rosto seja lucidez num corpo de flor, de mulher, que sempre sonhou até ao dia que a luz ao fundo do túnel lhe trouxe a realidade mais desejada.
Esse dia, afinal, aconteceu…

Deitei-me na felicidade e adormeci. A minha alma recolheu-se com a noção da missão cumprida e partiu sorridente…
Até sempre!

domingo, outubro 19, 2008

Carta de Um Personagem

Escrevo para ti, Paulo!
Porque hoje é domingo, o dia do teu descanso e não escreves, Eu, personagem do teu espírito, venho a terreiro gritar o meu desalento. Sem que tu saibas, ou mesmo que te importes, escrevo para descrever a minha revolta e expô-la ao mundo.
Reclamo. Não entendo porque não me dás vida! Não aceito que me ignores e que, assim, não canalizes para a tua mão os ecos do meu desejo. Dá-me vida!
Dá-me vida de igual forma a que dás às outras personagens que coabitam comigo, bem dentro de ti. Só porque sou rebelde, prestidigitador, por vezes um concreto indefinido, tu não me ligas? Hoje não me calo. Não me controlas. Grito a minha revolta! Quero existir…
Caro Paulo, meu autor e meu amo, perdoa-me esta denúncia, desta personagem esquecida, aos teus nobres leitores, mas não consigo sobreviver no teu corpo sem a voz, que fluí da minha alma e deveria deslizar para a tua escrita. Essa mesma voz que é a minha condição de vida, mesmo que seja um personagem louco ou transmita palavras agrestes e fecundadas nas malícias guerreiras, mesmo que sejam oriundas de um ego tácito, que necessita de rir ou chorar, em movimentos nocturnos, despojado, de vida própria. Tenho ainda assim, apetites sequenciados, que quero sentir. Eu existo! Eu grito! Eu te denuncio!
Vivo enclausurado neste teu corpo e partilho-o com tantos outros personagens que sobressaem, que vagueiam livremente na tua mente. Fogem para a tua mão para poderem ter vida exterior e todos eles me ignoram. Merda! Eu estou aqui no mesmo sítio de onde nunca saí… Merda vezes sem conta!
Hoje é domingo. Agora penitencio-me, regresso ao meu claustro, por outros tantos anos como os que aqui vivi até hoje. Serei castigado pelo meu acto desesperado mas que me importa se esse castigo era o meu dia-a-dia? Serei ignorado! Morto! Porque ignorares-me é morrer lentamente…
Mas consola-me um dia, este dia, este domingo, que fugi de ti e me mostrei ao mundo.
Hoje existi fora de ti!
Se depois perguntarem por mim, mesmo que ninguém responda, saibam que estou aqui em sofrimento, na calada de noite. Estou aqui…
Peço clemência. Pelo domingo, dia do teu descanso, mas como hoje que tu não escreves, escrevi eu! Escrevi e morri!
Paulo, hoje é domingo e amanhã tudo será normal e ninguém se lembrará deste domingo que existi… Perdoa-me, Paulo!

Cérebro, 19 de Outubro de 2008

sexta-feira, outubro 17, 2008

Onde anda a felicidade?

Conto os passos que dou. Não paro. Tenho na ausência a necessidade de te saber e, na procura da resposta, perco-me por aí… Oiço vozes dentro de mim, oiço gemidos de lamentação e gritos de raiva. Oiço-me nos que se cruzam comigo mas não paro. E dos passos que já dei onde me entreguei de corpo e alma sobra-me um tempo perdido e umas solas gastas. Deixaste-me! Deixei-me nos passos que dei e distante dos passos que queria dar quando me entreguei à causa que abracei. Felicidade. E desse abraço guardo a lembrança da ternura com que me abracei e ainda sinto a vontade, a esperança e a crença que tinha quando julgava estar tão perto do meu querer…
Hoje sei que me iludi. Sei que o caminho que tracei não me levava a ti. E por mais duro que possa saber, sinto que não sei se um dia conseguirei entrar no espaço certo para que possa esbanjar conscientemente os passos que outrora dei…
Quando já nada me resta, tenho a pergunta, aresta, que me persegue e assalta a mente. Tenho-a bem dentro de mim, a brincar com as vozes que me percorrem o meu espírito entre gritos de desespero, de raiva na encruzilhada do ser e que se agitam com os gemidos, perdidos, de mim ou de um demente que não pára, que já não conta os passos e que sobrevive na procura da resposta que se arrasta e foge como um demónio feito sombra, tão perto e tão longe, tão ausente e tão presente…
Sou o que resta de mim! Que fique bem assente, que não é este o meu fim…
Sento-me, a observar o rio, que segue o seu percurso bem tranquilo, em paz, e, quase de surpresa, bem por cima de mim, sinto a lua cheia, de sorriso escorreito e é nessa hora que tenho a certeza que não é este o meu caminho, que não é este o meu preceito. Eu me deleito. Cresço. Grito. Questiono aos ventos, onde anda a felicidade?
É nesse instante, mínimo, que outra voz assume a sua presença. Traz-me a serenidade em cada palavra e a esperança no canto com que se pronuncia. E na leveza do brilho dos meus olhos procuro o teu rosto tão premente…
Descubro-me! Percebo que a felicidade anda dentro de mim, tímida, escondida, carente de se libertar, necessitada de se expandir…
Encontro o caminho. Sentado. Sem dar passos, sem me perder. Sempre estive tão perto e dependente de mim. Levanto-me e corro de braços abertos em direcção ao profundo desejo. Abraço-te felicidade. Abro o meu peito e chamo o teu nome ao vento.


(apenas precisei de um passo para chegar à felicidade)

quinta-feira, outubro 16, 2008

"Desilusão no Amor"

Perdi-me nas ondas
de uma praia celeste
entre a areia macia
e o céu quente
perdi-me de mim
abandonei-me…
Entreguei-me ao mar
devotado
para esquecer o passado
senti-me ferida
e na cadência
da minha essência
de mulher,
voltei a sentir-me perdida!
Trago comigo
uma imensidão
(que loucura sensação)
que chamam dor
outros… desilusão
e Eu,
do nada… chamo-lhe Amor!

Mas a minha verdade
(companheira da noite)
segreda-me
“Desilusão no Amor”
insiste e persiste
penetra-me
na sua intrínseca vontade,
mesmo que a sinta
e no meu sentir
só veja a dor…
Chamam-lhe desilusão
e eu sinto-a
como amor…

quarta-feira, outubro 15, 2008

A Marcha do Amor

Subidos no pensamento
erguemos o nosso ego
e começamos a marcha
que chamamos de amor.
Uma dança principia
em gestos imaculados
dois corpos que se perdem
no tempo de um tempo
sem barreiras e sem fronteiras…
São dois corpos isolados
do mundo,
que constroem bulícios
e se movem devagar
no silêncio do próprio olhar
cúmplice…
Perde-se a roupa
peça a peça
perde-se a noção
e mesmo que o relógio
não se esqueça,
perde-se o tempo ingénuo
em beijos selados …
Oh! Pura sedução
que movimenta os fluidos
dispersos
e acorrenta-nos o corpo
ao desejo incontrolável
num caminho sem retorno…
No calor húmido
o desejo cresce em nós
e nasce a melhor massagem
que o nosso ego pede
e nada nos pára!
Um gemido solto
solta-nos o grito
e faz-nos delirar
na palavra que se veste
e sai anunciada
entre mãos que arranham,
agarram,
e prendem o amor
que agora é nosso
e se passeia na marcha
que começamos
a qual chamamos de amor…
Dois corpos extasiados
elevam o sentido
subido no pensamento
do acto consumado.
Amor,
amor escrevo-te
descrevo-te na palavra
e cansado de tanto prazer
peço-te mais,
mais amor…
Acaricio o teu rosto
no aconchego da alma
as minhas mãos, de veludo
percorrem o teu corpo, sedento
repete-se o grito mudo
repete-se cada movimento
e o calor que nos vai dentro
suspira de desejo
selado com outro beijo…
Longa vai a inércia do tempo
que se perde do mundo
longa vai a nossa marcha
feita de gemidos e suores
de prazer, onde ambos
sabemos viver…
Adormecemos devagar
na paz do momento
e briosos
calamos o tempo!

terça-feira, outubro 14, 2008

Amizade

Nem os vendavais
afrontam os canaviais
nem as pragas
derrubam as vontades
nem todas contrariedades
(deste insano mundo)
destroem o nosso caminho.

E assim juntos conseguimos
ver a alegria das luas
sentir a força do sol
como salutares inocentes…

E na simplicidade do estar
em que nada queremos pedir
basta-nos dar,
um gesto sincero
num sorriso oportuno
sem pensar
na malícia de um outro olhar…

Como crianças
desfrutámos esta harmonia
da nossa vida exposta
sem rodeios
ou artifícios…

Sabes porquê?
porque sabemos o verdadeiro sentido
extraído, da palavra, com que brincamos
porque sentimos quem somos
e sem qualquer mácula
brindamos em alegoria
ao nosso estado fortificado…
Sabes?
Afinal tudo é tão simples
basta-nos, apenas, sermos amigos…


domingo, outubro 12, 2008

Vim dizer-te Adeus!

Adeus…
Não há mais amor
nem vontades
não há mais dor
nem verdades…

O tempo mutilou-me
o desejo
na ausência do teu beijo
estropiou-me…

Vim dizer-te adeus!

Levei-te nos braços
como uma princesa doce
só minha, sempre só minha
levei-te.
Vim dizer-te adeus
só a ti
ao teu ouvido.

Sucumbi…

Mas antes,
vim dizer-te adeus!

sábado, outubro 11, 2008

TVAmadora



TVAmadora a televisão na Net

http://www.tvamadora.com/

sexta-feira, outubro 10, 2008

Até Sempre!

Houve alguém que tentou o suicídio algumas vezes e foi sempre salvo... um belo dia foi ao terraço de um prédio (arranha-céus) e mandou-se... arrependeu-se do seu acto nesse mesmo instante e em queda livre, antes de cair, percebeu a sua realidade mas, era tarde demais porque o corpo estava morto nesse instante...

Restou-lhe a consolação do cumprir do seu grande desejo… nesse dia foi notícia!

A vida continuou e alguém, mais alguém, acabou. O mundo não pára e não se move em nosso redor… Somos nós que nos movemos em seu redor até ao nosso último dia…

Paz à sua alma!

quinta-feira, outubro 09, 2008

Remorso…

Gritei
e ninguém ouviu
perdi-me em mim
no labirinto que criei…

Gritei
e assustei-me com o eco
anunciava o meu fim!

(e nunca percebi…)

quarta-feira, outubro 08, 2008

Apresentação do livro "Mínimos instantes" pelo poeta Xavier Zarco



2008-09-27 – Auditório C. M. Amadora - Apr. de “Mínimos instantes”, de Paulo Afonso Ramos (Edium Editores, 2008)


Agradeço a vossa presença, como é, aliás, obrigação de todos quantos estão ligados à Literatura. Sem leitores não há, de facto, livros, mas objectos criados com intuito decorativo.

Um livro, quando nasce, é para ser lido. É um acto de partilha de sensações e ideias, de uma forma específica de olhar e interpretar o mundo. Daí, o meu sincero obrigado.

Agradeço também à Câmara Municipal da Amadora o facto de permitir esta apresentação neste seu espaço.

Naturalmente que também agradeço à Edium Editores por mais esta sua aposta, mas, sobretudo, por existir. Sei que não quer ser grande, mas, pelo trabalho que tem desenvolvido, queira ou não queira, já o é.

Bom, mas é ao Paulo Afonso Ramos que devo um agradecimento especial. Não por me ter convidado para escrever o prefácio deste seu livro ou pelo desafio de o apresentar, mas pelo favor que me faz em ser, de facto, um camarada.

Conheci-o no Alvito, uma das mais belas vilas deste nosso país, aquando da apresentação do meu “O livro do regresso” e do título “Da humana condição” desse grande poeta de Língua Portuguesa que é José-Augusto de Carvalho.

Não satisfeito com os ares diurnos alentejanos, acompanhou-nos pela noite dentro até outra sessão em Viana do Alentejo. Diria a má-língua que a dúvida reside em saber se era a Poesia ou a Gastronomia – melhor: o jantar e a necessária digestão de tão aprimorado repasto; o que o fizera percorrer aqueles caminhos de além-tejo.

O certo é que tem sido uma presença constante via telefone, o que me leva a supor – e que se confirma em diversas ocasiões - que partilhamos algo de importante: a militância; a vontade de fazer chegar o mais longe possível o que vamos e que os outros vão escrevendo.

Mas uma coisa é certa. Neste pormenor não há quaisquer dúvidas: só a indústria farmacêutica não o deve ter em grande conta. No fundo, desviou um mais do que potencial cliente dos célebres medicamentos para dormir. Esse mais do que certo cliente era eu. O que esperava para carregar no botão para actualizar o seu blogue. Pois bem, o Paulo Afonso Ramos, ensinou-me a programá-lo pelo que ganhei uns bons minutos extra de sono diário.

Por fim, a boa disposição e a capacidade de comunicação fazem do Paulo Afonso Ramos alguém com quem vale a pena conversar. É alguém que confere à sua escrita estas preciosas características.

Por tudo isto, e muito mais que poderia aqui dizer, é, para mim, com bastante agrado que vim apresentar este seu novo livro: “Mínimos instantes”. Até vos confesso que se outra pessoa aqui estivesse a fazê-lo sentir-me-ia com um pouco de inveja. O Paulo bem merece a nossa presença.

Ora bem, “Mínimos instantes”. Como epígrafe a esta leitura, permitam-me que utilize um dístico do poeta Albino Santos retirado do seu livro, que em breve a Edium Editores apresentará, intitulado: “Madrugada sem fronteiras”. Albino Santos escreve o seguinte:

É no sonho
que o instante se faz eterno

Pois bem, poderia acabar aqui e agora a apresentação do livro “Mínimos instantes”, de Paulo Afonso Ramos. De facto, estes versos de Albino Santos sintetizam quase na perfeição o muito que se pode descobrir ao ler este volume.

Temos a dimensão onírica, o instante e o ensejo de esse instante se prolongar no tempo.

Mas temos sobretudo aquilo que torna possível uma possível descrição do instante: a palavra. Palavra que Paulo Afonso Ramos recria constantemente porque a respeita como organismo vivo, possuidor de respiração própria, capaz de interagir com as outras palavras.

Mas essa percepção de interacção só se torna possível porque existe quem as decifre, quem as leia.

Como escreve Paulo Afonso Ramos, e passo a citar:

Deixo-me nas palavras...
Entrego-me ao sabor de quem as lê

E é curioso este excerto que vos li. Uma frase hexassilábica seguida de um decassílabo, como se nos anunciasse, tal como nas odes – as alcaicas assumem estas características dado serem compostas por hexassílabos e decassílabos; da profundidade temática.

Refiro esta circunstância dado a mesma ocorrer por diversas vezes neste volume como, por exemplo, esta outra, e passo a citar:

A noite sedutora teve-me nos seus braços de capim

Ou seja: há por parte do autor o cuidado ou a necessidade de atribuir, em determinadas circunstâncias, um certo ritmo, ritmo esse capaz de acordar uma certa ligação entre a componente emotiva e a componente racional do leitor ou, mais concretamente, do decifrador do texto.

É a palavra a assumir o papel primordial neste “Mínimos instantes”.

Como há pouco referi, um livro necessita de leitores, tal qual aquela célebre expressão popular, como pão para a boca. Entre as diversas opções de registro possível, a escolha de Paulo Afonso Ramos é, na minha óptica, esta: um remetente, um destinatário.

Ou seja, na visão do leitor, que eu sou, o autor ponderou sobre a palavra, mas por mais ardiloso que seja o seu uso, isolada esta de pouco ou nada vale. Havia que encontrar o meio, o veículo mais adequado para a reactivar, para a retirar do seu estado, digamos assim, letárgico.

Assim, Paulo Afonso Ramos opta pela tal máxima que há pouco aludi: um remetente, um destinatário; recorrendo neste seu “Mínimos instantes” a um registro que qualifico próximo do epistolográfico.

E esta é, na minha leitura, a forma mais apropriada de comunicar. Embora hoje estejamos habituados a esta coisa do e-mail, o certo é que há uma certa magia em torno de uma carta.

E esse é o prazer que o Paulo Afonso Ramos oferece ao leitor, o seu imaginário destinatário, mesmo que concreto ao autor este seja.

É nesta encruzilhada que situo este seu livro. Cada um de nós pode, portanto, optar pelo caminho que desejar porque diversas são as hipóteses que se abrem ao virar de cada página.

Obrigado.



Xavier Zarco
Amadora, 27 de Setembro de 2008

terça-feira, outubro 07, 2008

Já Está!

Vi a chuva cair. Senti-a. Era amplamente dispersa e parecia não ter fim. Estranho era o que transmitia, como que uma tristeza subtil embutida no nada espalhado pela imensidão de um céu agreste e desprovido.
Ninguém me viu. Não vi ninguém. Mas ansiei por poderes extraterrestres para poder anunciar o desejo final. Queria que essas lágrimas de ninguém fossem direccionadas aos campos de cultivos e assim ajudassem os que da terra vivem. Todos nós, portanto.
Queria que o Sol aparecesse e trouxesse o seu sorriso inconfundível e assim libertasse uma pequena fragrância de alegria trazendo as pessoas de volta a rua.
O que queria mesmo era dar vida a minha aldeia. E na simplicidade do meu querer criava o espaço adequado para as crianças brincarem nos terrenos baldios e os crescidos labutarem na sua vida diária.
Não sei por quanto tempo permaneci nesta condição, mas sei que acreditei que o meu enorme desejo seria o suficiente para mudar o que quisesse. Acreditei de verdade.
Não sei se foi prece. Não sei se o meu desejo foi sentido pelo além. Nem tão pouco quis imaginar o que o meu pensamento poderia ter criado. Apenas abri os olhos e da minha boca soltou-se uma exclamação…
- Já está!
E estava mesmo, como se nunca tivesse mudado alguma coisa. Sem que tivesse sonhado ou imaginado outro cenário, a realidade era a de sempre. O sol sorria e as crianças brincavam em contraste com os adultos que labutavam arduamente sem reparar em mim ou nas crianças. Vi muita gente. E creio que muita gente me viu também.
A minha aldeia era, de novo, a imagem que sempre tinha imaginado.
E com um sorriso do meu tamanho ainda imaginei que um dia faria a experiência de fechar os olhos e gritar…
- Já está!
Sempre quero saber se as coisas funcionam no sentido inverso…

segunda-feira, outubro 06, 2008

As fotos do Livro “ Mínimos Instantes”

Depois da apresentação do livro em Évora no dia 24 de Setembro decorreu no dia 27 de Setembro de 2008 pelas 15 horas no Auditório da Câmara Municipal da Amadora o Lançamento oficial do Livro “ Mínimos Instantes”

No dia 04 de Outubro de 2008 foi a vez de apresentar o livro no Porto, mais concretamente no Clube Literário do Porto.

Outras apresentações se seguem… por ora, as fotos desses dias maravilhosos!




sexta-feira, outubro 03, 2008

Apresentação do livro "Mínimos instantes" no Porto

Amanhã, dia 4 de Outubro de 2008, o livro “Mínimos Instantes” será apresentado pela primeira vez no Porto.
Uma grande honra porque o convite foi-me feito pelo site “EscritArtes” um espaço muito especial para os que amam e respeitam a escrita. É com orgulho que também sou um dos membros desta grande e especial família da escrita que é a “EscritArtes”.
Obrigado pelo convite.
Obrigado pelo excelente trabalho que têm desenvolvido.
Parabéns pelo 1.º aniversário.



Deixo aqui o programa completo:


Grand Rendez-Vous EscritArtes – 4 de Outubro de 2008

10:30 - Recepção aos utilizadores do site EscritArtes e seus convidados
Abertura das exposições:
" Reporter in show/ Arte in loco" - António Murteira da Silva
" Fotosensibilidades, um olhar sobre a poesia" - Carla Rodrigues (Moonspirit)

11:00 - Porto de honra

Canto e guitarra - Renata Gonçalves
12:40 - almoço (livre, por conta dos utilizadores em restaurante ao lado do clube. Os preços à lista variam entre os 9 e 15 euros)
Em alternativa, o restaurante "verso em pedra" aceita fazer por encomenda uma refeição por 6,20€.
menu 1 - sopa de legumes, lombinhos com cogumelos frescos, salada e arroz, salada de fruta, pão
ou menu 2 - sopa de legumes, bacalhau com natas, legumes cozidos, salada de fruta, pão

As bebidas ficam sempre por conta de cada pessoa.

14:30 - Café com parabéns/Colectânea para todos (Arte pela Escrita);
-Ensemble de clarinetes da Banda Marcial do Vale (Sob a responsabilidade de Bruno Moreira):

- Die Zauberflote - Ouverture (Flauta mágica) W. A. Mozart/ Arr. N. Coombes
- Canon in D Major John Pachelbel/ Arr. K. Abeling
- Dance of the Swans (Dança dos Cisnes9) Tchaikovsky/ Arr. Ahon Cook
- Memórias de África John Barry / Arr. E. Ibañez
- The ants go marching Tradicional/ Arr. Bori Cser

-Renata Gonçalves

16:30 - Apresentação do livro "Mínimos instantes" - Paulo Afonso Ramos

- Actuação de Renata Gonçalves

19:00 - Encerramento

Nota: O clube oferece noite musical, a festa pode continuar!

Clube Literário do Porto

Rua Nova da Alfândega, 22 | 4050-430 PORTO Telefone 222 089 228


http://www.clubeliterariodoporto.co.pt

quarta-feira, outubro 01, 2008

Setembro

Esta noite partiste. E eu fiquei para trás enfeitado com lágrimas de saudade. Quando o nosso momento começou ambos sabíamos que seria um ciclo no tempo, ou um hiato nos nossos instantes, mesmo que mínimos instantes fossem.
Agora sinto a dor da perda, por muito que saiba que possas voltar novamente. Sinto o vazio que a noite veste e o meu olhar, que te procura com desejo, já não te encontra.
Que posso fazer para parar o tempo?
Que posso fazer para emendar os meus erros e alertar-te para os teus?
Passaram os dias e as noites, ao nosso lado e nenhum de nós tentou agarra-los, soubemos apenas dividi-los em traços largos de ousadia e paixão, de quente e frio ou de luz e escuridão…
E agora é passado. Um passado cheio de momentos mas imutável.
O nosso presente agora é diferente, num Outubro ofegante, ambos caminhamos por aí.
Por mim, direi, como minha confissão, que o meu corpo caminha por aqui na tentativa de arrastar a alma que ficou perdida nesse mês que partiu. Esta noite, sem uma despedida, meu coração ruiu.
Tentarei recompor-me, para chegar até ti outra vez, num ano qualquer!
Hoje só de lágrimas me cubro. Esta noite, quando acabar… nunca existiu.