domingo, agosto 31, 2008

Capa de Mim...

Hoje trago uma capa
da cor dos teus olhos
que me envolve num nevoeiro.

Ninguém me vê
no denso nevoeiro do teu olhar
só tu…

Todos falam da minha capa
de cores diversas e formas intensas.

quarta-feira, agosto 27, 2008

Noite & Dia


(Foto de: Gelu Vasile)

Quando me deito, no silêncio da minha humilde cama, escondo-me, no escuro da noite, duma sociedade erguida pelas pessoas que comigo conviveram na luta árdua de mais um dia passado.
É nesse momento que busco o meu interior, para avaliar cada momento que tive para tentar perceber as razões porque não dei tudo o que, de mim, tinha para dar.
Cresce uma tristeza profunda, combalida, com a consciência das minhas falhas. É nesse espaço circunscrito que me meço e me prometo um esforço maior para o dia seguinte. É na consciência do momento que cresceu uma flor do meu jardim com o nome de esperança.
Ao terminar o meu ritual, sinto-me embalado para mais uma noite de sono intenso, recuperando assim a força e o querer, acreditando que conseguirei melhorar.
Vivo nessa eterna esperança, de flor e de acreditar, que amanhã conseguirei superar-me. Sinto que é possível. E, em cada manhã, o meu acordar é a sorrir.
Sem segredo, admito, que o meu sorriso natural é o motor em marcha para a caminhada de mais um intenso dia.
Repito-me sempre! Repito os dias, os rituais, os desejos. Repito as conquistas e os imprevistos, convicto que poderei melhorar e estar bem comigo próprio, num primeiro passo para poder, num segundo passo, estar bem com os outros. Porque só depois de estar bem comigo próprio poderei estar bem com os outros.
Repito-me sempre, até pela esperança de um dia melhor… nunca deixei de acreditar.
Hoje já vejo as flores, já sinto o encanto de cada mulher e o brilho de cada pormenor de um escasso momento. Hoje já sou melhor… porque, ao acordar, já abro os olhos para os que me rodeiam, deixando de me concentrar apenas em mim!
Finalmente percebi que tinha que ser assim…

segunda-feira, agosto 25, 2008

Mulher & Poesia


(Foto de: Madalina Iordache)


Trago-te no peito
guardada
sob o efeito
amada
minha ilustre fada.

Sois mulher
que qualquer homem quer
sois poesia
a brotar magia.

Um poema de amor
um corpo de desejo
deixa-me ser o autor
das palavras com que te festejo
seladas com o meu beijo.

sábado, agosto 23, 2008

Violência


(Foto de: Arian Bahrami)

Destruíram-me o sonho
nas noites perdidas
entre as pontes do destino.

Violentaram os olhos
em pedaços de medo
espalhados e perdidos.

Falta-me a paciência…
Sobra-me a evidência…

quarta-feira, agosto 20, 2008

Edium Editores



Em Setembro vai nascer o meu novo livro, “Mínimos Instantes” que conta com a chancela da Edium Editores. Deixo-vos aqui o link (basta clicar no título) e a capa desse mesmo livro.
Gostaria de contar com a presença de todos nas apresentações e, em especial, no lançamento oficial que está agendado para 27/09/2008 às 15 horas no auditório da Câmara Municipal da Amadora.
Irão surgindo mais informações. Obrigado.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Crónica Sem Título


(Foto de: Marvin Sodicoff)

Somos tantos que amamos a escrita. E somos tantos os que a desprezamos quando, com as palavras que usamos, escolhemos alvos para acertar. Só os que o fazem por amor escapam…
Então, as palavras, ditas nossas, são meros objectos de um ataque feroz e premeditado. Mesmo que usemos essas mesmas palavras com encanto e sensibilidade, o mesmo encanto e sensibilidade que usamos para fomentar a criação dum texto, então, essa razão deixa um vazio frio e quase disfarçado. A arte da escrita serve-nos tão bem!
Iludimo-nos, quando a escrita nos dá um prazer vagaroso e evolutivo, que nos transporta para o impulso de publicar, em lados diversos, a obra de arte que acabamos de fazer nascer. Pura ilusão. Falsa questão. Porque, quando assim acontece, somos o destino dessa arma inventada com artes de malvadez, e, em mesquinhas intenções, e por engraçado ou estranho que pareça, nem sequer damos conta dessa nossa realidade.
E o mundo está cheio de pretensos escritores, que usam armas no corpo da palavra quando deveriam usar flores, que usam guerras na alma da palavra quando deveriam usar a gratidão. A gratidão de terem leitores que os leiam. A gratidão, em forma de amor, por terem quem os siga, dando substrato, ao que escrevem.
Amar a escrita é respeitar quem lê, é ter, como função assumida, o facto de ser o portador da mensagem que é preciso passar. É, principalmente, assumir o seu estado enquadrado no tempo e espaço e também perceber o que isso significa.
Porque, pelo caminho ficam tantos e tão bons escritores, cujo espaço só a eles interessou (cultura do umbigo) ou porque, no seu caminho desviaram todos aqueles que lhes superiorizam, afastando-os quando deveriam ter aprendido com eles…
Opções que, ao longo da história, fizeram toda a diferença e que mudaram o curso da história da literatura.

domingo, agosto 17, 2008

Palavras


(Foto de: Gundega Dege)


Se ao menos,
fossem precisas palavras
palavras ébrias ou talvez
carregadas de simbolismo
do orvalho da manhã
de Inverno, em que o som
pudesse produzir vibrações
transformadas em ondas de calor
que aquecessem o teu ego
o teu corpo desenhado
de ansiedade e ternura
e assim musculassem
o sentido nobre
com que toda a vida sonhara!
Oh! Beleza estéril
máscara de ilusão
e de uma imensidão de coisas
que as palavras constroem
com a mesma facilidade
que destroem…
Se ao menos,
existissem solitárias
sem contratempos
acomodadas ao escasso… servir
incomodadas ao escasso…
Talvez?
As palavras por palavras
tu não as queiras
e eu não as pronuncie
mas, o sentido existe
e o teu ego, flutua
e o teu corpo, ardente
adormece nos meus braços
e, …
a tua cara fala-me
do sentido que tudo tem
e o meu corpo reage perdido
onde o silêncio impera.
Oh! Se ao menos,
fossem precisas palavras
seriam obviamente minhas
para ensinar ao mundo
num grito de esperança
o sentimento…
que me fortalece
a razão…
que me faz viver
e a noção…
do que acontece
nesse corpo de Mulher.

sábado, agosto 16, 2008

Lua


(Foto de: Mariana Cano)


és o sorriso da noite
a luz do amor
lua – flor

em noites de lágrimas
sinto o teu olhar decorado
e o teu corpo deitado.

Lua – és Mulher, és jóia da humanidade.

sexta-feira, agosto 15, 2008

7 Perguntas com resposta

Hoje, apetece-me partilhar algo diferente, são 7 perguntas que gostaria de responder.
Aproveito para deixar a cada leitor o desafio de responder. Se aceitar o desafio, responda com sinceridade.

As minhas respostas, sinceras, aqui estão:


1. O que mais queria?

Paz no Mundo

2. Onde gostaria de ir?

Ao Tibete

3. O que gostaria de conhecer a fundo?

A cultura oriental

4. Em que País gostava que fosse lido?

Em Moçambique

5. Que realmente aprecia?

A verdadeira amizade

6. A maior ambição?

Ter sempre um sorriso para dar.

7. O que mais gostava?

Que cada mensagem fosse entendida

quinta-feira, agosto 14, 2008

Silêncio


(Foto de: Gundega Dege)

o silêncio amotina
no meu pardacento estar
envolve-me
em lamacentos estados

molda-me o desejo
amarra-me o passado
pára-me o presente…

o silêncio mata-me o futuro!

quarta-feira, agosto 13, 2008

Teclado Mafioso


(Foto de: Dave Dwire)


Quero escrever mar e descrever cada onda na sua força que transporta todo o meu querer, debaixo de uma água apaixonada, que nos lava a alma. Imagino um azul sedutor e inspiro a confiança de uma maresia amiga que passeia na minha mente, sinto o seu cheiro e visualizo o caminho que preciso de percorrer para chegar até ti.
Quero escrever. Quero descrever os meus secretos sentimentos. Os meus dedos pressionam as teclas em rituais mecânicos. O ecrã anuncia ondas agrestes sem qualquer sentimento e sem a força natural que as caracterizam. Algo acontece e está mal. Não sou eu que alinho as letras que desfragmentadas da razão se apresentam, mas sim, um teclado que se impõem abusivamente. É um teclado mafioso, que, no seu pleno poder, confere o meu estado de alma e decide, por mim, o que quer transmitir aos que comigo comunicam. Sinto-me atado. Chocado. Sinto-me injustiçado e sem capacidade de mudar o rumo dos acontecimentos, que, em cadeia, caiem num marasmo de inércias.
Apenas o teclado, por ser mafioso, desfruta o momento com um prazer atroz. Ri-se desalmadamente de mim e das palavras que brotam no ecrã. Imagina, novamente, as reacções que acontecem. Vive intensamente o seu jogo e brinca, com os sentimentos, usando-nos como meros fantoches. É este o seu momento. É mesmo assim, há dias em que nos apetece vestir a roupagem de um qualquer foragido e hoje foi a vez do teclado.
De mafioso a romântico, ou de outro qualquer, personagem vive intensamente o seu dia-a-dia, este teclado amigo…

terça-feira, agosto 12, 2008

Plano Azul


(Foto de: Teresa Zafon)



Escrevo cada palavra, sem qualquer passado, sustentado num presente amorfo mas crente num futuro acessível e divino. É preciso acreditar!
Estou suspenso no título, oferecido, com duas palavras expostas – Plano Azul – que é o que acontece agora neste preciso momento. O passado (deste título) é de acesso limitado e por isso não é conhecido do universo de leitores. Será de outro universo. O presente sou eu. Sou o elo de ligação entre essas forças semi-ocultas e o vosso presente lido. As letras são uniformes, ordenadas e expostas numa linha de coerência mental mas que têm o condão de dispersarem a mensagem que contêm, num exercício puro de átomos invisíveis e que penetram num inconsciente permanente para, assim, ajudarem o pensamento, global, repensado e proposto, a transitar para o consciente de cada um fazendo nascer, como sua, a ideia que se expande num pensamento fundamentado.
Cada um pinta esse pensamento da cor que mais gosta, embora a base seja sempre imutável, o azul existe e foi fixado. Em alguns cérebros, pode existir uma ante consciência cujo primeiro sintoma é de rejeição. É passageiro e muito raro porque o Plano Azul é um projecto perfeito com milhares de anos.
Há novos estudiosos que tentam entrar neste universo, pensador, para elevarem a sua condição humana e moverem o mundo num sentido egoísta mas que são, rapidamente, ultrapassados pelos exemplos perfeitos.
O Plano Azul – É secreto e a informação descoberta (partilhada propositadamente como uma experiência superior) deve ser privilegiada e guardada. Se tiver oportunidade, ignore a informação, pois o tempo lhe dirá se Você era o destinatário da mesma. Se puder ter a opção de comentar, não o faça, pois é de todo aconselhado que não se exponha. Ninguém precisa de saber a quem se dirige esta mensagem, até porque ninguém quererá ser o alvo visado.
Não memorize. Estas palavras, disformes, já aconteceram num tempo longínquo. Entraram directamente no amplo discernimento da imaginação.
Já só o Universo existe e as partículas, dispersas, demorarão outra eternidade a criarem um nova oportunidade para se juntarem…até lá, nada acontece!

segunda-feira, agosto 11, 2008

Cinco Sentidos


(Foto de: Floriana Barbu)


Os meus olhos choram
por não te verem
por não te terem
sofrem assim.
O teu cheiro
rosa por inteiro
encanta-me
em lençóis de cetim
perfumados
de ti e presos em mim.


Saboreio-te na ausência
num bocado perdido
toco-te além mar.
Oiço-te gritar
oiço o teu pedido
rendido
num marasmo perfeito.
Aqui moram
cinco sentidos que choram
por te ter presa no meu peito.

sexta-feira, agosto 08, 2008

Hoje não...


(Foto de: Piotr Kowalik)

Hoje não vou apoquentar as palavras, mesmo que o teu sorriso não cesse, ou que te laves em lágrimas não permitirei que algo aconteça ou que tudo aconteça.
Hoje não vou apoquentar as palavras, ficarei fechado no silêncio dentro mim, de olhos vendados como um prisioneiro de uma guerra que nunca existiu…
Hoje não vou apoquentar as palavras, não me peçam nem me gritem, porque não me importa, hoje nada me importa mesmo.
Desculpem! Não vos direi nada, nem mesmo que, hoje não vou apoquentar as palavras…

quinta-feira, agosto 07, 2008

Trago


(Foto de: Dieter Schneider)



Trago rosas… Senhor
e outras flores
trago um amplo sabor
entre mesclados odores
que subtraem as dores.

Trago a maresia
que afasta qualquer heresia
trago um sorriso
que é tudo o que preciso.

Trago também um perdão
que hei-de entregar
ao silêncio da confissão
que um dia há-de chegar
Trago paz neste meu olhar.

quarta-feira, agosto 06, 2008

Ostensão


(Foto de: Iain Smith)



Perco-me entre livros
os que escrevi
e os que vou escrever…

Sinto-me emaranhado
entre escritas difusas.

Perdoem-me… não sei quem sou!

segunda-feira, agosto 04, 2008

Concepções


(Foo de: Sufyan Al-Khazraji)


a história fez-se
ficou num tempo de ninguém
sobrevive só
e devastam-na com outro tempo

que interessa?
quem quer saber?
é mais uma abandonada…

pertence ao passado de alguém.

sábado, agosto 02, 2008

No Fim do Mundo


(Foto de: Josep M. Llovera)

Deixei a noite cair. A escuridão que cobre as ruas dá-me a coragem que preciso para que possa mover-me entre as razões que desconheço e as loucuras que guardo. Sou mesmo assim, alucinado, mesmo que não me queira aceitar, que importa? Sou como sou!
Trago roupas do passado e com elas me visto de acontecimentos já esquecidos. Sou moribundo e não aceito que mo digam, nem tão pouco quero ouvir-me.
Cada passo meu leva-me a lugar nenhum, e, quando é dado, envolve-se na calçada do passeio solitário e, no acto desmedido, acorrenta-se ao negrume do alcatrão da estrada intransitada, prendendo o meu corpo ao momento em que desfaleço e desapareço de mim. Vivo a minha vida assim, a fugir de mim, e, no que me resta, sei que nada presta, por isso me escondo dos outros e, incólume, aguardo o meu fim.
Não quero ouvir vozes! Não afixem cartazes que nem tão pouco sei ler. Riam-se de mim, porque já nada importa, já nada passa por aqui neste espaço mortiço e fechado de mim. Sou apenas mais um corpo esquecido. Nada se move ou faz o vento, nada sinto e, nesta escuridão em que vivo e com a qual sinto os dias que me fogem, torturam-me as vontades e saciam-me os castigos.
Sou o que resta de mim, abandonado, na heresia dos olhares que não me vêem e assim vou continuar até ao pôr-do-sol, onde, então, soará a hora de anunciar o meu fim.
Se acreditasse em mim saberia que tal anúncio já aconteceu, e evitaria que, na luz do dia, o meu corpo fosse notícia.

sexta-feira, agosto 01, 2008

Discórdia


(Foto de: Janusz Taras)


trouxe armas
pensamentos tenazes
vontades alheias
atitudes monocórdicas

encontrei-te
num olhar transparente
num sorriso contagioso

a discórdia faleceu ali…