sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Palavras Ocas


(Foto de: Melik Tamas)


Palavras e mais palavras...
escondem o Amor
o desejo
e a dor

E no silêncio das palavras
os meus gritos são abafados
e os sentidos
os teus e os meus
são perdidos...

Palavras ocas…
fazem-nos o mundo!

quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Amor Impossível


(Foto de: Julio Segura Carmona)

São lágrimas que solto por saber deste meu amor impossível. Lágrimas de alegria por saber que o amor é meu e que, apesar de impossível, estará sempre ao alcance do sonho e do desejo por cumprir…
E o mar com o seu sorriso de prata é meu aliado, meu amigo, para harmonizar os meus momentos de fim de tarde em que me encontro na areia da praia deserta e desejo nadar até ti. É através das ondas sorridentes que o mar me acalma, e me deixa inerte ao pensamento fugaz da loucura do acto por realizar… Volto sempre!
Sei que outro dia virá feito de ilusões e de argumentos, para que o mundo nos afaste, sei que o meu caminho é feito das peripécias loucas e dos trechos perdidos do meu recanto chamado realidade, e ainda assim penso em ti.
Tão longe que estás, e tão perto que te sinto, nessa magia do amor que construo como castelos de areia à beira-mar, num desafio, para que mandes uma onda maior e os destruas, chamando-me assim à minha dura realidade…
E a teimosia provoca-me, faz-me voltar em cada final de tarde para construir de novo os castelinhos de areia húmida. Essa mesma teimosia que vai de mão dada com a esperança, que assim aproveita para imaginar a tua chegada por entre as alegres ondas e, num pensamento secreto, chega a imaginar que vens naquela onda maior.
E se os castelos são de areia, os desejos são de vento, e o meu amor é bordado pelo sol que, ao longe, se despede e vai dormir. O mesmo sol que aquece esta relação inexequível.
Anos passaram e a fonte das minhas lágrimas nunca secou… A minha pele queimada do sal e do vento anunciou o meu desespero de uma vida solitária. Os cabelos brancos escondidos debaixo do boné de marujo são como sementes da minha preocupação por não saber de ti…
Nem por uma única vez apareceste!
E tanto que sonhei com esse momento. Estudei as palavras, e fiz frases para te oferecer…
Fiz planos… uma casa nessa praia deserta ou na ilha solitária do mediterrâneo.
E tu, sereia do meu imaginário, nunca vieste…

segunda-feira, fevereiro 25, 2008

Obrigado a todos



Quero agradecer-vos o carinho manifestado! Hoje fui “atacado” e que bem que soube, por palavras de carinho, mensagens, telefonemas, poemas, beijos e abraços. Espero que possa retribuir-vos diariamente com amizade e muita alegria.

Muito obrigado a todos.

Beijos & Abraços para vocês


O Aniversariante,

Paulo Afonso

25/02/2008

domingo, fevereiro 24, 2008

Corpos


(Foto de: Mg Lizi)

Ainda que o teu corpo esteja distante, do querer, sinto-lhe a fragrância que estimula e seduz em silêncio e assim provoca a ebulição do meu corpo em estado embrionário…
É o pensamento que se entrega ao desejo. E o desejo atroz deixa fugir os fluidos dessa forma demente.
Os corpos incandescentes já estão na mesma linha dessa vontade própria do momento.
Mágico é o momento que acontece e, num ritmo insaciável, o movimento assume a forma inexequível do tormento cercado da incerteza do cenário e de quem, por perto, possa assistir.
Já nada os trava. Esses corpos submissos aos desejos e nesse mar de prazer por acontecer e na geometria do acto sente-se o emparelhar das cadências seculares da vida.
Cai o pano. E os corpos suados de tanto trabalho conjunto regressam, para agradecerem essa pérola de prazer inusitado. As palmas prolongam-se, por longínquos minutos.
Curvados descansam num agradecimento sentido. Cumpriram a sua dança!
Outro dia e outra dança voltarão a acontecer…

sábado, fevereiro 23, 2008

Esqueço-me


(Foto de Floriana Barbu)


Mesmo sem sair de casa sinto o vento que percorre as ruas à minha procura. E aconchego-me um pouco mais nesta minha cama de sonhos nunca partilhados… Oiço a voz da chuva a chamar por mim num desafio de coragem e ainda assim o calor dos lençóis e das mantas da minha cama prendem-me propositadamente.
Estou entre o querer ir e o querer ficar!
Pergunto-me de que vale ir ao encontro dessas questões da natureza e, na mesma pergunta, embargo o meu desejo de ficar num espaço em que já não tenho tempo para sonhar…

Sinto-me em falta noutro local. Nesse momento de alguém que queira o apoio que posso oferecer ou que, simplesmente, só queira um dos meus sorrisos que esbanjo pela vida fora.

Mas teimoso, fecho os olhos, e numa reviravolta estratégica adormeço devagar…
Esqueci-me de tudo e de todos! Até de mim…

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Parabéns Cláudia


(Foto de Tamara Loncar-Agoli)

Hoje escrevo para ti! Para dar a palavra que mereces e que não mandei, que não a disse.
Hoje é o teu dia, em que esperas as tuas prendinhas que desejaste nos últimos meses em projectos de silêncio ou em que fugiu em algum murmúrio tímido, e que já esta semana sonhaste algumas vezes com essas prendas.
É hoje que buscas o mundo só para ti, envolvida nessas amenas primaveras.
Hoje! Tanta emoção aconteceu e o tempo correu tão depressa que quase não tiveste tempo para pensar nos que se esqueceram de ti!
Sabes, apesar de estares longe, em Évora, não me esqueci de ti, sabes que, apesar de não poder concretizar o teu simples pedido de hoje estar perto de ti, eu viajei no espaço aberto e apenas, por um segundo, estive contigo… Foi tão rápido que nem te apercebeste!
E quando a noite for para sonhar, antes de entrares nesse mundo fantástico vais pensar… Ele não veio…
Mas eu sei que não vais ficar triste porque embora tenhas dificuldades em entender, consegues aceitar e saberás que estás junto das pessoas que mais amas.
O mundo é mesmo assim… meio chato!
Muitas primaveras passarão e talvez um dia aceites a chatice deste mundo acelerado e distante. Por ora não importa. Nada importa, apenas o teu desejo de seres feliz.
Parabéns amiguinha pelos teus oito aninhos…

O teu gordo!
Beijinhos

domingo, fevereiro 17, 2008

Na fronteira...


Foto de Ben Goossens


A chuva não pára lá fora. Faz de mim um prisioneiro aqui dentro desta casa de pedra, perdida, entre os campos cultivados. E é da janela que espreito a vontade de fugir desta prisão do sentimento em que a tristeza se apodera das minhas fragilidades para abarcar os meus pensamentos e seduzir a minha vontade própria ainda por se definir!
Nasci para este dia abandonado aos meus propósitos e, de tão só estar, fiquei estático a olhar para esse acontecimento que nem sei o que aconteceu mais…
Estou entre a ilusão e a vida, separado apenas por esta janela que chora por fora e sofre por dentro, porque assim sou e na casa fria há um silêncio cúmplice da tristeza que não parte.
Passam minutos, talvez horas e nada acontece. Nada se mexe. Ninguém se ouve. Apenas o bater da chuva, compassado, faz a melodia deste meu novo dia. A mesma melodia que ritma os meus pensamentos de tortura crescidos de tamanha tristeza…
E é o relógio de sala que me traz a realidade, quando as suas fortes badaladas do meio-dia soam ao despertar para a minha mente abstraída, adormecida.
Corro para a lareira na ânsia de que me ceda o calor que tanto preciso. Arde a ténue esperança da tristeza e as paredes parecem quer sorrir. A janela embaciada parece corar e já não chora.
Começo a acreditar que posso mudar. Que o meu dia e a minha vida podem melhorar. Revisito a janela de perto para poder espreitar o outro meu mundo e descubro um raio solar tímido quase a pedir licença para se aproximar. Crescem as minhas recônditas esperanças em ser um sorridente deste mundo maravilha que ombreia com a outra parte maléfica cheia de oprimidos da desgraça e de corpos que esperam o seu tempo…
Cresço no espaço de um sorriso mais que no tempo da minha incerteza e o desejo pede-me uma melodia… criteriosamente escolho-a: Lara Fabian – Je T´Aime.
Sigo a letra para poder sentir-me como um tolo que estava a ser, e como um soldado que fui, ao combater este meu estado de alma.
E no refrão canto também…Eu te amo! Eu te amo!
A casa grita, é a campainha que toca… Não espero ninguém e o tempo não traz mais que um sol que ilumina a minha aldeia.
Vou à porta, abro-a em par com a esperança redobrada e vejo-te sorrir… A ti, mulher!
Vieste ao meu mundo real da minha aldeia, saindo da minha ilusão, para me abraçares para seres a minha eterna mulher. Renasci neste dia, acompanhado pelos meus desejos mais profundos e pelos secretos devaneios que fiquei extasiado e desejei que a vida nunca acabasse…

sábado, fevereiro 16, 2008

A Menina do Bosque


Foto de Guillermo Morgana


Certo dia alguém quis passear à procura de uma aventura destemida. Resultado. Havia uma menina perdida num bosque. E a noite apareceu de surpresa e a menina arrefeceu, sentiu-se só e abandonada à sua sorte. Pensou em culpar alguém, olhou em redor e não viu ninguém. Irritada. Culpou ninguém. E o tempo foi passando e assim ajudando-a pensar até que chegou perto de si… própria.
- Quem és tu menina perdida?
Foi a voz da sua natureza a suplicar-lhe uma resposta coerente e ela depressa respondeu:
- Sou a menina valor que desconhecia e perdida encontrei a minha noção. E agora só quero regressar ao meu lar…
Adormeceu triste e cheia de frio.
O sol acordou-a, olhou pela janela e reviu essa majestosa brisa… olhou em redor estava no seu quarto.
E ela gritou:
Bom dia!


(…A continuação está em aberto! Seja você mesmo a finalizar…)

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

São Valentim


Foto de James Oley


Hoje o dia é a minha cara. Está estampado um sorriso atrevido de quem quer surpreender… Os olhos estão atentos e vestem aquele brilhante que só os amantes conseguem vestir.
O rosto rodeia-se de um terno corado inocente que procura passar quase despercebido aos olhos dos transeuntes das avenidas da nossa aldeia.
Mas é o corpo que guarda a ambição de quer ser assim todo ano e num esforço dos meros mortais entrega-se de uma forma invisível em cada dia que passa. Só hoje o rosto brilha… E ainda assim consegue esconder a parte que resta do corpo!
Se assim quiserem… esta cara será dos namorados sem idade, sem tempo e no perpétuo acontecimento exibirão os seus coloridos sentimentos na magia do espaço em que diariamente voam… hoje o dia é teu, meu e de todos!

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Ilha do Amor


Foto de Scott Hoffman

(Este texto é um dueto com Vera Silva a pedido de STONE)



Escrevo-te! Para que saibas o que nunca tive a coragem de dizer, olhos nos olhos, pela simplicidade de não aceitar o teu olhar, fosse ele qual fosse…
Sim! É o medo que me norteia! Estou amparada na pessoa que não age para não ferir ou que se deixa ir ao sabor do vento mesmo que, por isso, me obrigue qualquer consequência.
Não sei se alguma vez irás ler estas linhas em que me deleito como que numa cena de amor, e é no teu peito que imagino a frase erudita que busco na minha cabeça, estremecida, mas que ainda consegue fabricar alguns tímidos desejos… Quero-te!
Nem imaginas o que penso escrever enquanto percorro o teu árduo corpo, sim árduo, porque o imagino entre a resistência e a loucura… a um passo, apenas, de ser só meu.
Oh! Loucura. É como me chamo, é como me sinto, quando quero gritar-te… Eu Amo-te! Oh, mágica imaginação que transforma essa sensação em lágrimas constantes… Já te disse aqui que é o medo que me norteia. Mas não há medo que chegue que me impeça de sonhar!
E na coragem emprestada vou imaginar que estas frases chegaram ao seu destino e que quis o tempo trazer-me a resposta. Quero ler-te assim:


“Meu amor... trouxe-me o vento os suspiros do teu desejo e as palavras que sempre ambicionei ouvir e agora posso tê-las. Soube desde o primeiro instante que tu eras o meu destino e descobri, na carícia do teu olhar, que minha alma te pertence há muito.
Sonho com um gesto teu desde o primeiro momento e aguardei, na ânsia, por uma palavra tua, que tardou em chegar. Por mais incrédulo o meu sentir, nunca consegui matar a esperança que julguei vã, e hoje, meu amor... Hoje!... Hoje tornaste o meu mundo mais feliz, porque sinto agora que estás no meu universo.
Aguardo-te na nossa praia, onde já misturei com o mar as lágrimas de saudade ao pôr-do-sol.”


Oh! Ternura. Doce brisa que afaga a minha imaginação… Oh! Loucura dos dias que passo entre o mar e a areia a olhar o teu rosto imaginado, o teu corpo esculpido no querer da minha imensidão feita de um rochedo perdido…
Tu nunca chegaste! E a tua resposta foi criada pela minha loucura, isenta de qualquer realidade. Morri na nossa praia. E o corpo perdeu-se nas areias da imprecisão.
Tu nunca chegaste… mas as ondas visitaram-me sempre, e foram elas que alimentaram a minha esperança, o meu desejo e a minha vida, perdida… nesta ilha do amor…

domingo, fevereiro 10, 2008

Campo de girassóis



Foto: Sunflowers - Ocean
De: Andreas Babik


Vejo ao longe o sorriso dos girassóis que parecem que esperar que os visite. Seus olhos cor de amêndoa doce e alegre transmitem a doçura dos iluminados inquietos, suspensos do mundo inerte e falível…

E o vento sopra palavras de incentivo e de loucura. Eles abanam numa dança de uma coreografia ensaiada e cintilam criando um quadro de perfeita harmonia. Vistos do céu fazem ondas de reciprocidade quase sem noção… de quem as vê, de quem as sente.

E o sonho nasce. Depois de adormecermos num recanto de relva verde, fixados no azul do céu e na espera do desejo paixão de marasmo conquistado nos vultos de pedra e cinza diluída no espaço emergido.

Este é o nosso segredo. Esta é a nossa forma de conseguirmos sobreviver aos dias perdidos na vida que dizem ser a nossa e em que nunca a conseguimos encontrar, para que a possamos projectar nas planícies dos génios e das flores.

O tempo passa. E a noite visita-nos. Já renovados percorremos o caminho inverso e regressamos à normalidade. Aparente. Trazemos o sorriso, emprestado, do girassol amigo no pensamento, trazemos o amarelo brilhante, contagiante, na alma que fomenta o nascer de mais um dia. O Sol irmão desse girassol simbólico também sorri e pisca-nos o olho guardando o segredo partilhado na véspera.

Podes chamar-me maluco. Podes pensar que sou incauto. Mas o meu desejo é encontrar esse caminho que me leve, de novo e em segredo, ao majestoso campo de girassóis para que em silêncio ame as cores da natureza e assim encontre a terapia para purificar os sentidos, perdidos, do meu acreditar…

Já sabes. De mãos dadas poderemos partilhar o nosso segredo. Podemos sorrir. E, no momento oportuno podemos fugir, embora que temporariamente, nunca deixaremos as nossas viagens, cúmplices, aos terrenos da noção e as terras da emoção.

Basta que tu o queiras!

Espero por ti!

Quero seguir o nosso caminho na busca da nossa identidade…

sábado, fevereiro 09, 2008

Não Sei...


Foto - Lost in reflection
De: Josephine Chervinska


Não Sei…

Sabes que não sei
porque desabrocham estas lágrimas de solidão,
sabes que nem nunca pensei sequer
porque amo esta infinidade
feita de desejo e prenhe d’emoção?

Isolo-me das mágoas, do silêncio inédito,
que esconde o mistério dito
e abraça a lenda do meu sofrer,
neste receio maior de te perder.

Não sei sequer do destino frutuoso
nem o meu estado
- talvez de carente amistoso -,
não sei…
da minha alma,
não sei…
do meu passado a sentir…
e não sabendo …
me sinta assim amado!

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Viagem


(Foto de Mariana Cano - Blue)

Anjo. É por ti que procuro porque é a ti que quero encontrar… porque me fazes falta, preciso encontrar-te para te trazer para a minha vida, para poder soltar olhares de alegria misturados nos meus sorrisos de felicidade.
Já percorri o céu na boleia que as nuvens me deram, perdi-me nesse azul imenso coberto de sedução e de maravilha. Andei esquecido no branco algodão genuíno desse transporte numa busca crédula e não consegui encontrar-te…
Já andei pela selva inóspita tatuada de crenças e de mágicas aspirações no risco sublime de me perder e não voltar a encontrar-me para conseguir descobrir-te… sem sucesso. E nunca desisti… de ti!
Cruzei sete mares como um pirata que busca um tesouro e nas tempestuosas ondas desejei ser um pássaro para voltar ao céu… não para desistir de ti, mas para poder olhar outra vez o universo e para poder despertar os meus sentimentos de eterno desejado para que pudesses ouvir-me, ver-me ou apenas sentires…
Eu sei… que quando tu chegares me farás sorrir e eu apenas te direi amo-te… eu sei!
Eu sei… que só tu me farás crescer e que por ti viajarei aos limites do meu esforço desmesurado para conseguir fazer-te sorrir… eu sei!
E embora o tempo me fuja por esse caminho de terra batida, por muito que o vento sopre contra o meu corpo afastando-me do meu destino, ninguém conseguirá afastar o meu desejo fomentado estendido no meu consciente e aberto na criatividade do meu sonho…porque para mim já existes!
E numa repetida noite de frio ando sozinho a procura do meu agasalho. Sem medos da escuridão e sem limites para andar até que me perco nas ruas da ilusão onde me confundo e acredito na esperança até que o dia volte a nascer… para que a luz desse dia ilumine o meu caminho de regresso a casa para acordar desse sonho repetido.
E o tempo não pára. Das viagens que fiz por esse mundo de realidade e da fantasia soube sempre voltar ao meu lugar de pessoa emocionada e efémera…
Até que um dia o meu horizonte espelhava uma viagem cénica em que era acompanhado por ilustres amigos desse reino de pedra e guerra. A última viagem…
As lágrimas chamaram por mim e a esperança acenou-me de longe… os pássaros cantaram num uníssono um som de despedida e um sorriso de criança passou por mim num repentino movimento…
E o meu pensamento ditou as últimas palavras, sábias, do tormento das minhas viagens!
Sempre soube que a vida era uma viagem. Sempre soube que nunca encontraria o meu anjo desejado, mas o grande segredo era que teria que acreditar e fazer a viagem, espalhando alegria e escondendo o medo… oferecendo a magia da verdadeira amizade.
A verdadeira viagem foi a vida… pelos anjos que encontrei!
A minha última lágrima caída… foi de alegria e de consciência como foram os caminhos por onde andei… sem nunca desistir…de ti!

sábado, fevereiro 02, 2008

No Teu Olhar
























(Foto de: Josef Popper)


Vejo-te! Sinto as vibrações que percorrem o teu corpo. No teu olhar, desagua um rio chamado mundo… o teu mundo solitário, incompreendido, abandonado.
Sabes? Um dia… um dia vi, nesse mesmo olhar, um caminho secreto que nos levava ao casarão de madeira perto de um lago, onde sonhavas construir o teu lar feliz, lugar onde as crianças podiam brincar com a felicidade e a inocência entre o sol e a lua…
Sabes?... Sabes que sei que deixaste desfalecer esse sonho? Sim! Sei que sabes.
No teu olhar encontrei tantas mágoas, tantas incertezas, misturadas com fraquezas que se envolviam num frenesim apócrifo…
Talvez saibas, sim! Embora apenas mostres esse mundo real, foi no teu olhar que descobri uma pérola construída de esperança e força. Uma alavanca que te eleva nos momentos submissos contrariando os desejos alheios… Tu que nunca foste egoísta.
No teu olhar, vi a selva das decadências em paralelo com as fronteiras da lucidez!
Vi o sentimento profundo. Senti-te crescer…
Hoje é no teu olhar que desagua as impurezas do teu passado. É assim que libertas as tuas vozes caladas, num exercício de grandeza. Vives entre esse preâmbulo…
O teu crescimento aconteceu, mas consegues manter esse olhar infantil que questiona os porquês todos em teu redor…
No teu olhar vejo a chama que reacende para aquecer a magia de sonhar, vejo a alegria exposta na lucidez de seres mais que apenas um corpo!
E quando me olhas nos olhos, nesse momento único, nosso, revejo-me no passado… na criança feliz que existiu. Troco-te por uma mensagem de esperança e sigo… Sigo-te! Na ânsia de voltar a encontrar o que desejas no teu olhar…

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Já te disse hoje que gosto de ti?


















(Foto - You Are Not Alone de: Mehmet Ozour)

Um café! Acordou-me devagar, ainda não refeito de uma noite dormida à pressa. Dei os primeiros passos cruzando-me com pessoas conhecidas, que, alegremente, me davam um inusitado “Bom – Dia”. Respondi a todas com um gémeo cumprimento. Ficou-me a energia, revigorante, das pessoas com que me cruzei!
Meditei… antes nunca tinha pensado nesses pormenores, levava a vida a correr, num contra relógio contra o tempo, o meu tempo, em suma, contra mim.
Deixava passar os minutos, sem reparar neles, apenas reparava em algumas horas porque a sociedade me habituara aos horários preestabelecidos…
Não era eu! Não o verdadeiro eu…
Mas naquele dia, tudo seria diferente, mesmo que o meu exterior não o revelasse, mesmo que o meu rosto não o expressasse, era um dia diferente.
O dia da consciência! O dia que quebrava a barreira das oposições e conseguia entrar na essência do meu Ser, concedido pelos meus semelhantes que comigo conviviam diariamente.
Um café, mais um, para competir com tamanha alegria que sentia. Tinha-me revelado. Finalmente tinha entendido o sinal…o simples sinal de que podes ser tu mesmo se assim quiseres!
De alegria incontida, procurei-te, sim a ti que lês as minhas singelas palavras, a ti e a ele, e a ela, pela mensagem que não cheguei a mandar e pelo telefonema que pensei fazer, pelo e-mail que ficou por escrever, pelas várias possibilidades… mas acredita que te procurei, sei que sentiste essa energia e não ligaste, um arrepio, um vento suave ou um calor passageiro, era eu a tentar abrir a linha da nossa comunicação para te questionar, livre e abertamente, sem malícias ou secretos desejos, sem que fosse preciso uma resposta pronta e composta… e no tempo livre que gastei a viajar pelas pessoas, uma a uma, adornando as suas qualidades, deixei-me ficar aqui, sentado neste banco de jardim, etéreo, de lápis na mão a escrever no meu caderno dos desejos… vezes sem conta a frase repetida na minha mente…
Já?
Já te?
Já te disse?
Já te disse hoje?
Já te disse hoje que?
Já te disse hoje que gosto?
Já te disse hoje que gosto de?
Já te disse hoje que gosto de ti?
Já te disse hoje que gosto de ti? Já te disse hoje que gosto de ti? Já te disse hoje que gosto de ti?
E o meu pensamento, afectuoso, sussurrou ao teu ouvido…