quarta-feira, junho 28, 2006

Um Manto de...

Um manto
De coisas fartas
Rompem a minha memória
Estéril
Esgotada e abandonada.
Quem sois? Pergunto-vos
Trazeis loucuras
Embrulhadas em contos
Trazeis daí brochuras.
Um manto
De coisas varias
Estou aqui parado
Vendo séculos partirem
Sentindo a brisa
Do progresso.
Um manto
De histórias esquecidas
Rodeadas de arbustos enormes
Tapadas.
Alucinantes
As vidas que passam
Correm para a morte
Com toda a inocência.
Abandonada,
Um manto de farsas
Contos e histórias
Verdades cruas
Nas noites nuas
Ocorrem
Por aqui, por ali
Um manto
Um santo
Um qualquer, qualquer um
Ocorrem aqui
Por ali
Um manto de coisas varias.

Orquestra da Vida

O violino,
Indica-nos o caminho
A flauta,
Guia-nos devagarinho
O trombone,
Protege-nos claramente
O piano,
Adormece-nos lentamente
O tambor,
Desperta-nos novamente
O violoncelo,
Lembra-nos que somos gente
O harmónio,
Equilibra a nossa vida
E a bateria,
Separa-nos entre o sonho e a realidade
Mas,
O conjunto de todos eles
Trazem-nos a magia…
A felicidade…
A alegria…
A esperança…
E a verdade!

TIMOR LIVRE, NÃO CHORA!

A criança, que foge
Com a sua família
A criança que corre
Sem vigia
Foge e finge que brinca
Brinca com o trauma
E não finge
Até que cai!
E não brinca e não finge
É a mágoa
A dor
O trauma, que sente
E chora.
Não chora!
Não chora!
É o que ouve da sua mãe
A criança
Que já não brinca
Que já não finge
Mas, que se magoa
Que sente a dor
O trauma
Não chora, Não chora
E é apenas uma criança
Que de lágrimas no rosto
Prossegue o seu caminho
Lutando e sofrendo
Vivendo com a dor
E o respeito
Não chora! Não chora!
Porque aquela criança
Já sentiu,
Que no silêncio
Está a sua vida.

Reflexos em Texto

Tenho a vida como a arte mais difícil de executar, viver é de facto uma junção de componentes lúdicas, abstractas, de cores variadas e de actos que se misturam para preencher o vazio que somos.
Começamos de uma pequena forma que ao longo de um percurso do que somos se preenche a medida que cada um tem ou consegue.
Aperfeiçoamos as nossas limitações sem conseguirmos atingir o “objectivo” – A Perfeição.
Todos somos compostos da mesma matéria, sem no entanto deixarmos de ser tão diferentes uns dos outros num fenómeno quase natural.
A essência da nossa razão de ser passa por caminhos aos quais não conseguimos fugir.
Ao morrer, saberemos que pela estrada da vida fomos pequenos, medianos ou enormes, no entanto acabaremos da mesma inquestionável dimensão, pequeninos e vazios como nascemos, apagando assim de uma forma inconsciente tudo o que aprendemos – o vazio que gradualmente fomos preenchendo.
O segredo da nossa vida estará sempre no (nosso) intermédio do que fomos vivendo.

26 de Julho de 2002

terça-feira, junho 27, 2006

Dom Sem Tom

Este meu jeito
De dizer
De Ser
Em que abro o meu peito.

Tanta coisa que tenho feito
Neste sublime sofrer
Ébrio poder…
Que nem sei se é defeito.

Porque nunca minto?
Porque digo sempre o que sinto?
Sem malícia.

Vou tocar-te
Vou magoar-te
Com esta minha carícia.


26 de Junho de 2006

segunda-feira, junho 26, 2006

REALIDADES

Há momentos em que nos sentimos grandes e poderosos, nessas alturas gosto de olhar para o céu numa perspectiva sem limites…isso traz-me de regresso a realidade, pois sinto-me pequenino neste mundo enorme.

25 de Junho de 2006

domingo, junho 25, 2006

O Outro Eu!

Em segredo espero pela noite, sei que ando inserido na sociedade, no entanto é quando ela vem que me liberto e exponho.
Ali sim, sou Eu!

25 de Junho de 2006

ESCRITA

O prazer da escrita é sentir que quando termino a arrumação de um conjunto de palavras, articuladas ou não, é esse o momento que presenteia o meu elo de ligação com a vida, é de satisfação de nostalgia e de esperança, podendo de seguida adormecer com o mesmo encanto e naturalidade de uma criança eternamente feliz.

06 de Janeiro de 2003

Poetas de Sempre

Cinco Grandes Poetas e Cinco exemplos da sua grandiosa Poesia:

Fernando Pessoa – Autopsicografia

José Régio – Cântico Negro

António Gedeão – Pedra Filosofal

Eugénio de Andrade – Adeus

Miguel Torga – Um Poema

Recomendo a sua leitura, diria mesmo de leitura indispensável.

terça-feira, junho 20, 2006

Contabilidade

Contabilizo-me
Que encontro além de números?
Quem sou, se apenas sou mais
Um
Neste marasmo que a sociedade
Nos tornou!
Contabiliza-te
Conta os números que formam o teu corpo
Oito!
Estás perdido.
Nove!
Estás em queda.
Ou seis!
Estás em ascensão.
Cinco!
As voltas que a tua vida já deu.
Três!
És uma pessoa equilibrada.
Ou um!
É o que todos somos
É como nascemos
E é assim que vamos morrer
Afinal,
Toda a nossa vida
Não passa de “um” constante
Exercício de matemática
Ou de uma contabilidade
Apurada e natural
Uns entendem-na
E vencem
Outros, outros não existem.

sexta-feira, junho 16, 2006

Receita da Vida

Pedaços de solidão
Fatias de erros
Misturam-se com pensamentos
Acrescenta-se muita compreensão
E mexe-se devagarinho.
Começa a crescer a consciência
Junta-se um pouco de coragem
E uma grama de ambição
Mexe-se mais um pouquinho
E têm-se a noção preparada.
Salpica-se com laivos de responsabilidade
Acrescenta-se umas gotas de lágrimas
Força de vontade, quanto baste
Toda a verdade do nosso espírito
E temos a realidade.
Em lume brando, aquece o amor
E derrete-se alguma dor
Junta-se meia dose de emoção
Abre-se o coração,
Recheia-se com simplicidade
E muita alegria
Reúne-se tudo no forno da vida
Deixando por algum tempo
Quando pronto, o corpo sente
Depois, prova-se o sabor
Saberá a felicidade
Come-se uma fatia por dia
E o bolo acabará,
Quando a vida acabar.

(28/06/2002)

Dedico-te este poema como prova
da Amizade: Obrigado Leonor

Fotógrafo

Silêncio... Deixem-me ouvir
Deixem-me olhar
Deixem-me, deixem-me fazer
Imagens dos animais a sorrirem
Dos corpos de prazer
Dos gritos do mar.
Quero que compreendam
As sensações que possam sentir.
Imagens... Contínuos actos
Serão sempre imagens, e contínuos actos
Que os vossos olhos querem medir.
Silêncio.... Vossa sabedoria
O mesmo silêncio da mensagem
De qualquer fotografia.
O Homem terá de partir
Talvez, num anonimato esperado
Mas, deixará o seu olhar gravado.


22/08/2002

Tempos de Guerra

Olhos cor de aroma
Num brilho tão intenso
Império de Roma
Tão pequeno e tão imenso!

O brilho da alma, tão evidente
Foge da dor,
Como quem a lamente
Na face do horror!

Queria descobrir,
O sabor desse aroma...fútil
As lágrimas dos teus olhos… a fugirem
Num brilho, á alma útil.

Quem trouxe a guerra
Espalhou a fome, a miséria
Misturou as essências da terra
Fogo! É coisa séria.

Queria acordar!
Cheio de amor e segredos
Por entre ventos e arvoredos
E a ganância do homem, ignorar!

(08/04/2003)

quinta-feira, junho 15, 2006

Novo Livro

Novo Livro em Lançamento de Paulo Afonso:

Vinte e Cinco Minutos de Fantasia

É um livro de poesia inédita de Paulo Afonso

Baleal - A sua natureza

Fotografia a outra paixão da minha vida

REFLEXO DO SER... N.º3

Para todos que comigo lidaram

O meu muito obrigado

Pela paciência que tiveram

Comigo agitado.

Fui-vos fiel e amigo

Por vezes inocente

Fui-vos querido

Por vós, a minha alma efervescente.

REFLEXO DO SER... N.º 2

A mágoa não encontra lugar

Na minha alma

De tudo o vulgar

O meu corpo acalma.

Preenchido de amor

Por todos e a todos dei

A chama ateia a dor.

Não procurem por mim que vos deixei.

REFLEXO DO SER... N.º 1

Seleccionei a pureza da minha alma

Procurei iludir o mal

Na base da compreensão, da calma

Refugiei-me num pedestal.

Oculto, procurando o amor

Para o distribuir

Fugindo da dor.

Dividi-me, para o conseguir.

NOITES ETERNAS

Face a face

Acordávamos

Noites escaldantes

Em que ambos inventávamos

Alongando o tempo.

Sempre juntos

Ninguém mais existia

Ninguém mais vivia

Embarcávamos no amor

Amávamos

Corpo a corpo

Alma a alma

Encharcávamo-nos

De suor

De prazer.

Combatíamos o tempo

Deixando para trás

O resto do mundo.

Eram sóbrios momentos.

NA CASA DE FADOS

Noite...

Expulsa a tensão

Na ânsia de viver

Coberto na escuridão

Sou Pessoa, sou um Ser

Açoite,

Que qualquer solidão

Empurra o meu corpo

Na curva do momento em vão

Não sei,

Quantos pensamentos

Me ocorrem

Se são lamentos

Que aqui morrem...

Deixo aqui, a minha paga

Num escrito sem fundamentos

Da minha vida vaga

Que as palavras não mentem.

Desculpem,

Ao ouvir o Fado

Estou ciente

Aqui ao meu lado

Há em cada cliente

Um culpado.

EMOÇÃO II

No acto

Do momento reflectido

Existe o facto

Escondido,

Que cobre qualquer expressão.

Existe!...

No momento irreflectido

O facto do acto

Perdido,

Que se descobre naturalmente

Na parceria da razão.

No silêncio cúmplice

Que as palavras, por vezes, combatem

Ergue-se um misto da solidão/razão

Então,

As palavras não têm voz

A voz não tem corpo

Porque o sentimento

Apodera-se de nós

E o acto,

Fica livre

E o facto,

Fica exposto

E a expressão,

Fica patente

E todos estamos perdidos

Porque não dominamos...

Tanta emoção.


Eduardo Montepuez

Lisboa, 16 de Abril de 2002

(Publicado em Maio de 2002)

Procurei Para Encontrar

Só! Caminhava
Pela noite fria...

Como se fosse a primeira vez
Na desoberta de cada espaço
Numa escuridão camuflada
Cercada de um silêncio cúmplice
Caminhava,
Deixando para trás
Ruas, travessas e pracetas
Como quem deixa um passado
Sem noção do tempo.

Caminhava...

Reflectindo
Numa retrospectiva da vida
Analisando os diferentes momentos
Que compõem o destino

Pela noite fria...

Fumando um belo charuto
Exercia o direito de ser feliz
De sentir-me a mim próprio
Longe de tudo, longe de nada

Só!

Caminhava pela noite
Que de fria
Tinha apenas a tua ausência
Era essa descoberta...
Só! Caminhava pela noite fria...


Eduardo Montepuez


Lisboa, 20 de Abril de 2002


(Publicado em Maio de 2002)

QUERO!...

Entender é...
O fumo branco da chaminé
Desenhado no espaço circunscrito

Eliminando os que quero
Os
As
Todos.



Eduardo Montepuez
(Publicado em Maio de 2002)

Há Coisas!

À Elmano de Souto


Há coisas
Que o vento não consegue levar
Há coisas,
Que a escuridão não consegue esconder
Há... sem explicação
Que (quase) ninguém pode prever
Coisas, talvez sem razão
Que aparecem no ar
Sem ninguém as ver
Há coisas,
Que estão a acontecer
Em que é preciso meditar
Responder...
Há e são coisas
Que o mundo não consegue acabar.

E nós,
Nós vivemos nesse mundo
Do lado bom dessas coisas!!!

______

Peniche, 23 de Setembro de 1999


(Publicado em Novembro de 2001)

Sociedade Feminina

O céu é todo teu
Podes voar, livremente
Se queres ser ave.
O mar é só teu
Podes nadar, apaixonadamente
Se queres ser peixe.
A vida é toda tua, porque existes
Mas tens que ser inteligente
Se queres ser pessoa.

Mas, se voares não podes
Nadar não queres
E inteligente não és
Então...
Bem então,
Serás sempre e apenas
Mais uma... mulher.

(Publicado em Maio de 2001)

Espaço de Divulgação da Poesia

Espaço de Divulgação da Poesia de Paulo Afonso
Onde pode criar, comentar, recomendar e enviar as suas mensagens.

Errado É Não Entender

Tudo na vida é questionável
Tudo mas, o mesmo é em vão
Se desaproveitado... apreendemos
Com os erros que cometemos e então...
Poderemos apreender com os erros que os outros
Cometem. Errado é não entender,
Fugir das verdades, escondendo realidades
Construir castelos moribundos como forma
De protecção do medo e do nada, ter que
Sem saber o porquê, sem necessidade de ser assim.
Duvidar é normal se não temos confiança,
Na nossa pessoa, se precisarmos de esclarecimentos.
Errado é não entender, como chegamos a onde estamos
E não encontrarmos uma saída dum labirinto gigante
Feito pelas nossas próprias mãos.
Na vida tudo é fútil
Se não tivermos tenuidade
Com o que nos rodeia.
Errado é não entender
Um passado sofrido, de conquista
De lágrimas e alegrias.
Errado é não entender
O que "não" se quer entender.

Eduardo Montepuez

(Publicado em Maio de 2002)

O Partido do Sonho

O Partido do Sonho


O mundo inteiro
Observa sereno
Sou do partido do sonho
Que transforma o nevoeiro
Na visão do pleno.
Sou do mundo emergente
Onde todos decidem o destino
Sou do partido do sonho
Onde há boa gente
Gente com um hino
A construir o futuro
Gente de trabalho duro.
Sou do partido do sonho
Mas, se querem vencer-me
Têm que comprar-me
Não vos pertenço acordado,
Não transformo-me nem desfaço-me
A procura de vencer,
Dentro de ideais egrégios
E dentro da sociedade coibida
Sou do partido do sonho
Até acordar.


(Publicado em Maio de 2001)

(Dedico-o ao meu Pai)

CIDADE

Cidade

O que sinto por Lisboa
É tão somente gratidão
Por todos tipos de vida, é vida boa
Envolver-me, poder ser, na multidão.

O contentamento que os meus olhos querem
São alimento...
Para todos verem
Para todos terem
São alento...

Espíritos vagueando
A sofrerem

Esta Lisboa, os vai aguentando.


(Publicado em Maio de 2001)