segunda-feira, dezembro 31, 2012

Votos sinceros de um excelente Ano Novo de 2013


Desejo a todos os meus Familiares, Amigos, Colaboradores, Autores, Leitores, Jogadores de futebol e aos muitos conhecidos, os Votos sinceros de um excelente Ano Novo de 2013.
Grato por todo o apoio recebido em 2012. Juntos faremos um fantástico 2013.
Muitos Sucessos, Alegrias e Saúde para todos!

Grato por existirem!

sexta-feira, dezembro 28, 2012

200 GOSTOS?

Será que esta página consegue chegar aos 200 GOSTOS até ao final do ano?http://www.facebook.com/pages/Paulo-Afonso-Ramos/154261744641276

domingo, dezembro 23, 2012

quarta-feira, dezembro 19, 2012

Povoenses!



Povoenses!

Neste Natal ofereça um livro sobre a nossa terra! Já saiu a 2.ª edição do livro “Póvoa Antiga – Crónicas e Roteiro das Ruas” de António José Torres

Aproveite e adquira já!


Boas Festas! E com fantásticas leituras!


sexta-feira, dezembro 14, 2012

sábado, dezembro 01, 2012

Futebol é alegria!


Sport Clube Sanjoanense

sexta-feira, novembro 30, 2012

Os meninos da bola - Crónica de Dezembro 2012


Os meninos da bola

 

Num ano para sempre recordar, era setembro que amanhecia nas minhas mãos e três vezes por semana acontecia magia quando, ao final da tarde, primeiro, e depois já ao princípio da noite, os meninos de tenra idade se juntavam num campo pelado para, atrás de uma bola que girava como o seu mundo, correrem como quem busca o maior sonho.  

Os meninos da bola queriam aprender, queriam saber sorrir e, mais que tudo, queriam jogar à bola como quem faz o caminho da alegria, como quem mostra ao mundo que a sua felicidade era, tão simplesmente, alcançada num golo ou na amizade de estarem juntos e juntos queriam encontrar o seu destino. Os mais velhos, de onze anos de idade (2001), eram iguais aos mais novos (2003/04) no trato, na disciplina e no profundo respeito por todos os que os rodeavam e, dentro do campo, a bola não deslumbrava idades mas sim vontades, jeitos e todo o trabalho que desenvolviam. Aquele momento trissemanal era o seu prémio –  houvesse ou não jogo ao sábado.

E foi delicioso vê-los correr rumo ao crescimento tático, a evolução da condição humana e ao desempenho coletivo. Em quase três meses (33 treinos) já não eram uns meninos que, ao acaso, estavam num mesmo espaço e passaram a ser amigos (como os mais adultos são) que juntos brincavam quando se proporcionava brincar e trabalhavam arduamente quando assim se exigia. Eram já uma equipa de futebol em que cada um sabia qual era o seu espaço, a sua função e o objetivo comum.

Mas, como no seu mundo mandam os adultos, um dia a notícia anunciava a partida do seu treinador. Sem perceberem a razão, o olhar imediato de espanto foi depressa substituído por um rio de lágrimas que passava por ali naquele momento. A noite fria e escura mostrava-lhes que, no seu caminho, havia um ou outro percalço e que nem sempre só de trabalho e vontade se construía o seu querer.

Até que a semana findou e, no sábado de manhã, um jogo iria acontecer; não por acaso, seria, nem mais nem menos, o dérbi da terra.

O sábado amanheceu chuvoso e o campo tinha pequenos lagos que dificultavam o futebol, mas aqueles heróis de luta e querer tornaram-se gigantes e venceram por 2-1. Acontecia história e uma grande felicidade porque ali conseguiam a sua primeira vitória oficial e logo frente aos seus amigos e colegas de escola. E após o apito final do árbitro, correram em conjunto para a zona onde se encontravam os seus pais, para comemorar aquele acontecimento especial e, num movimento espontâneo, como só as aves sabem fazer, voaram em direcção ao seu ex-treinador (que assistia ao jogo fora do campo) para lhe dedicar a sua primeira vitória oficial.

Guardarei o momento. Os seus olhos bordados de gratidão eram o maior troféu que algum dia sonhara existir.

Ali, no momento mais alto, sentira que o cordão umbilical se cortara para o futebol, porque aqueles homens de amanhã estavam encaminhados, porque mais que ganhar é preciso saber estar, porque mais que o futebol há a vida que merece ser vivida com amor e respeito, e eles, os meus pequenos heróis, tinham acabado de demonstrar que aprenderam um pouco mais do que como rola uma bola, porque perceberam como rola o mundo.

Talvez um o dia os reencontre num outro clube ou até num campo qualquer, mas saberei que, em cada um deles, terei as mais gratas recordações.

Os (meus) meninos da bola já são hoje uns homens que nos dão as mais belas lições e nos fazem acreditar num futuro mais justo e amigo.

Parabéns, equipa! Parabéns, amigos! Até sempre e muito obrigado por tudo.
 
 
Publicado na Edição n.º 15 | Ano II | Dezembro 2012

segunda-feira, novembro 26, 2012

quarta-feira, novembro 21, 2012

No "O Preço Certo" da RTP1

Hoje, dia da Televisão, estive no Preço Certo da RTP1 a concorrer. Fui até à final e perdi a montra por 730 €, mas ganhei muito mais com as pessoas que foram comigo para apoiar esta aventura. Foi divertido! Assim escrevo para que saibam que agradeço aos que me acompanharam e aos que apoiaram.
As 15 pessoas que estiveram comigo e aos amigos Nuno Caroça e José N. Ribeiro.
As Instituições:

ARIPSI –...

Associação de Reformados e Idosos da Póvoa de Santa Iria
http://www.facebook.com/pages/ARIPSI/197825670263300

Junta de Freguesia da Póvoa de Santa Iria
http://www.facebook.com/pages/Junta-de-Freguesia-de-P%C3%B3voa-de-Santa-Iria/235479469831621?fref=ts

Associação de Dadores Benévolos de Sangue da Póvoa de Santa Iria
http://www.facebook.com/pages/Associa%C3%A7%C3%A3o-de-Dadores-Ben%C3%A9volos-de-Sangue-da-P%C3%B3voa-de-Santa-Iria/122567857765822

Bombeiros Voluntários da Póvoa de Santa Iria
http://www.facebook.com/bvpsi?fref=ts

LUA DE MARFIM EDITORA

http://www.facebook.com/#!/pages/LUA-DE-MARFIM-EDITORA/161446523911145

Um abraço de gratidão para todos!

quinta-feira, novembro 01, 2012

Crónica do Adeus

                                                  Edição n.º 14 Ano I - Novembro 2012

Crónica do Adeus


Sexta-feira. 19 de Outubro de 2012. Acabara de receber um email a solicitar a crónica para edição de novembro, com a indicação do prazo limite de envio, e ainda mal sabia o que iria escrever. Pouco tempo depois esta sexta-feira (o dia da semana de que menos gosto) ficaria irremediavelmente perdida com a notícia da partida de Manuel António Pina.

Pouco antes, e em sentido contrário, através do Facebook, eu escrevia: “Bom fim de semana para todos os meus amigos!
Sorriam e divirtam-se, porque a vida passa depressa...
Abraços!

Não imaginava que tão triste notícia abrigava, forçosamente, o meu sorriso e roubava um sonho, entre tantos outros, que escondia atrás desta minha paixão literária; conhecer pessoalmente e publicar (um só livro que fosse) Manuel António Pina. Cheguei, timidamente, a segredar a alguém este louco desejo.

Talvez, dentro do meu egoísmo, ainda não tivesse assumido algo mais importante: a literatura portuguesa acabara de sofrer um rude golpe! Mais um...

Assim, entre a perda e a tristeza profunda, decidia o que iria escrever para o jornal de novembro: Uma crónica do adeus.!

Mais que a qualidade da crónica, que a tristeza do momento, queria perpetuar em meu redor um justo e digno adeus. Homenagear. Manuel António Pina fazia-me ficar parado em frente ao televisor. Atento. Gostava das suas entrevistas. Fazia-me ler com prazer. Gostava da sua escrita, em particular, da poesia rendilhada de diferença, e adivinhava um homem excecional na inteligência e saber. Fazia-me, portanto, sonhar com a remota possibilidade de criar uma relação com o próprio, abordando várias temáticas e em especial sobre a paixão comum.

Não aconteceu. Mas agora nada importa. Não importam os seus muitos prémios literários nem os momentos que não aconteceram. Nem tão pouco importam os dispersos acontecimentos após a sua morte, se poucos dias passados ninguém recorda a obra ou o génio. Talvez, por isso, insista nesta crónica do adeus para relembrar, NÃO O SONHO, mas a memória. A memória colectiva que se apaga pela falta dos afectos, dos gestos mais disseminados ou das vontades que ergueram o que nós agora somos. Sem educação e sem cultura nunca viajaremos no tempo nem amaremos os que nos deram tanto e tanto; para muitos, foi sempre um nada fingido de sobressaltos. Devíamos, diariamente, agradecer o que temos. Devíamos compreender a grandeza dos que partiram sem comparações ou atropelos e sem medos.

Obrigado amigo do meu sonho. Um abraço. Com o poema deixo-me ficar em ti.

 

NÃO O SONHO

Talvez sejas a breve
recordação de um sonho
de que alguém (talvez tu) acordou
(não o sonho, mas a recordação dele),
um sonho parado de que restam
apenas imagens desfeitas, pressentimentos.
Também eu não me lembro,
também eu estou preso nos meus sentidos
sem poder sair. Se pudesses ouvir,
aqui dentro, o barulho que fazem os meus sentidos,
animais acossados e perdidos
tacteando! Os meus sentidos expulsaram-me de mim,
desamarraram-me de mim e agora
só me lembro pelo lado de fora.


Manuel António Pina, em Atropelamento e Fuga.

terça-feira, outubro 02, 2012

Meia Lua

Edição n.º 13 Ano I - Outubro 2012

As ideias nascem do quase nada, depois cria-se a vontade, já com uma pequena semente cravada na ideia, e acrescenta-se alguma dose de coragem para chegarmos à construção de um qualquer projeto. E é aqui que a coragem ganha importância e poder, porque é quando temos que avançar, sair do imaginário e tornar tudo real.

Esta pequena introdução poderia ser de abertura para diversos fins, até poderia ser para contar-vos a realização de um filme, mas não; serve para narrar-vos o nascimento de uma nova coleção literária da Lua de Marfim Editora cujo nome, como já perceberam, é o de Meia Lua. É de pura poesia, que espero venha a marcar pela positiva uma época (onde só se fala em crise), e já agora, confesso-vos, também é a realização de um sonho muito antigo.

Então quando se deu o click desta ideia? Num sábado em que não tinha nenhum evento literário decidi visitar algumas livrarias e papelarias, em Lisboa e arredores, que tinham os livros da editora para saber como corriam as vendas e se algumas reposições eram necessárias.

Perto do final da manhã, cheguei a uma papelaria da Amadora em que apenas tinha vendido um livro e, em conversa com o seu proprietário, este queixava-se da crise e do receio das pessoas de gastarem o seu dinheiro em coisas que não fossem consideradas fundamentais. Avançou para uma banca de livros e apontou-me um deles, dizendo de seguida que só aquele livro se vendia. Ao olhar para o dito, soltou-se-me a pergunta: «Porquê?» Depois peguei no livro e reparei que não era conhecido, e que era de uma edição antiga e até nem estava no seu melhor estado. Fiquei extasiado!

O proprietário, perante o meu espanto, depressa explicou que as pessoas já só procuravam os livros de baixo custo e que esse fator era sempre decisivo. Naquele caso também, pois o único argumento era esse, custava 5,00 €, e as pessoas não se importavam com a qualidade. Voltei a ficar admirado.

Saí daquele espaço indignado. A cultura não é fundamental? A qualidade não importa? Nem pensar! Tive, de imediato, uma enorme vontade de criar algo que fosse acessível aos leitores, mas que também desse todas as garantias de grande qualidade.

Começava assim de um ponto de partida, baixo custo com qualidade, mas como e o quê? Então o amor falou mais alto e todos os caminhos iam dar ao mesmo destino: Poesia!

Amante da boa poesia e precisando dela quase como de respirar para ser inteiro, segui o mestre no que escrevia: “Para ser grande, sê inteiro: nada / Teu exagera ou exclui. / Sê todo em cada coisa. Põe quanto és / No mínimo que fazes. / Assim em cada coisa a Lua toda / Brilha, porque alta vive.Ricardo Reis (heterónimo de Fernando Pessoa).

Então, achado o caminho, era preciso caminhar. Para encontrar a forma, consultei a minha equipa editorial, que depressa ficou entusiasmada com a ideia, e talvez, também com o meu entusiasmo exacerbado.

Mas ainda faltava mais um passo, que hoje considero indispensável, o convite a alguém para coordenar esta colecção e, para minha felicidade, a pessoa desejada aceitou de imediato: Gisela Gracias Ramos Rosa, a quem dedico uma palavra de gratidão. Sem ela não era, seguramente, a mesma coisa.

Assim chegamos ao dia da apresentação da nova coleção, e deixo-vos o convite:

A Lua de Marfim tem o prazer de convidar V.ª Ex.ª a assistir ao lançamento de dois dos seus mais recentes livros da nova Coleção Meia Lua.
Dia 13 de Outubro de 2012 pelas 19 horas no Hotel Real Palácio em Lisboa, o escritor Gonçalo M. Tavares apresentará ao livro O arco do tempo de Maria Teresa Dias Furtado que, por sua vez, apresentará o livro Morada Recôndita de Agripina Costa Marques.

Contamos com a sua presença!

Termino na esperança de ter a alegria de recebê-los neste dia, pois a excelente poesia desta coleção merece ser lida, sentida e partilhada. E, já agora, posso confessar-vos: estou emocionado e feliz!

terça-feira, setembro 18, 2012

Desafios de escrita!

Caros amigos e amigas

Depois do sucesso que foi o livro “eu digo não ao não”, queremos ir mais longe e desafiamos todos, dos mais novos aos mais velhos, a participar nas duas antologias que iremos editar em breve.

Escrevam um texto e enviem-nos para o e-mail antologias.luademarfim@gmail.com.

As regras são simples:

  1. O título do texto tem, obrigatoriamente, de ser “Se sonhas, consegues fazer” para quem tem idade igual ou inferior a 18 anos e de “A vida num sonho” para os restantes. Não basta que o texto enviado seja sobre a temática de cada um dos livros.
  2. Não há idade mínima nem máxima para participação.
  3. Os textos têm de ser inéditos e de autoria de quem participa.
  4. Os textos podem ser em prosa ou poesia.
  5. Os textos terão de ter menos de duas páginas A4 e deverão ser enviados em formato Word.
  6. Cada autor poderá enviar a quantidade de textos que desejar mas se for selecionado apenas participará com um.
  7. Não serão aceites participações enviadas depois de 15 de Novembro de 2012.
  8. A escolha dos textos participantes cabe à Lua de Marfim Lda.
  9. A breve biografia literária não pode ultrapassar as três linhas e deverá conter, obrigatoriamente, a data de nascimento.
  10. Os autores que pretendam participar sob pseudónimo devem dar essa indicação expressa, comprometendo-se a Lua de Marfim a respeitar o sigilo.
  11. Os textos serão identificados, nos livros, pelo nome ou pseudónimo do autor, podendo, o próprio, escolher qual o nome que pretende que conste (no máximo de 3).
  12. Os dois livros obedecerão ao novo acordo ortográfico e serão revistos antes de editados.
  13. Os livros “Se sonhas, consegues fazer” e “A vida num sonho” serão editados em Fevereiro de 2013.
  14. Não há lugar a qualquer pagamento, pelos autores, pela participação nos livros.
  15. Não haverá qualquer desconto no preço de venda dos livros para os participantes.
Ficamos à espera das vossas participações e ficamos ao vosso dispor através do e-mail antologias.luademarfim@gmail.com  caso tenham alguma dúvida adicional.

terça-feira, setembro 11, 2012

quarta-feira, setembro 05, 2012

Com o Fadista Carlos Macedo e a sua rapariga Madalena Macedo

Eu, Madalena Macedo e o grande fadista Carlos Macedo!

sábado, setembro 01, 2012

Com Luís Mascarenhas e Fernando Pereira

                                                    Recordando o Dezembro de 2008

quinta-feira, agosto 23, 2012

João Gil, eu e Sérgio Godinho

 
Memórias de 2011. Foto gentilmente cedida por: José Alex Gandum
Na foto: João Gil, eu e Sérgio Godinho

sábado, agosto 11, 2012

quinta-feira, agosto 09, 2012

Hoje com o Dr. Mário Soares

Hoje, 9/8/2012, com o Dr. Mário Soares na sua Fundação em Lisboa.

quarta-feira, agosto 08, 2012

Hoje com Conceição Lino na SIC


Hoje, 8/8/2012, com Conceição Lino na SIC no programa "Boa Tarde".

a pedido o vídeo do momento:
http://sic.sapo.pt/Programas/boatarde/2012/08/08/boa-tarde---semana-de-6-a-10-de-agosto

terça-feira, agosto 07, 2012

Ministro da Educação, Dr. Nuno Crato, recebe Editor e jovem Autor

A Lua de Marfim Editora duplamente representada, pelo seu autor Ruben Correia e pelo o editor Paulo Afonso Ramos, hoje, 7/8/2012, com a Sua Excelência o Ministro da Educação, Dr. Nuno Crato, no Ministério de Educação.

quarta-feira, agosto 01, 2012

A grande entrevista no Jornal "O Mirante"

Leia aqui neste link:

http://www.omirante.pt/noticia.asp?idEdicao=54&id=52767&idSeccao=544&Action=noticia&fb_source=message

Entrevista31 Jul 2012, 00:11h

Ninguém consegue ser romântico a tempo inteiro

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Quis ser escritor e decidiu conhecer o país real para se inspirar. Teve 30 profissões. Escreveu sete livros, quase todos de poesia, mas rejeita o título de poeta. Há um ano fundou a editora “Lua de Marfim”. Escreve com vista para o Tejo da janela do sexto andar de um prédio da Póvoa de Santa Iria. Agora já encontrou o amor da sua vida mas nos tempos de juventude foi a poesia que lhe garantiu sucesso entre a população do sexo feminino.
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Escrever poesia e mostrá-la é um acto de coragem? Muitos têm receio de cair no ridículo…
Acho que mais do que um acto de coragem é um acto de egoísmo. O ser humano é egoísta por natureza. O objectivo é recolher louros e ouvir elogios. Não digo que não haja um pouco de coragem nisso mas quando o faz o ser humano está a pensar sobretudo nele próprio.

Diz que escreve para libertar as personagens que não consegue ser. Que multiplicidade de homens num só é o Paulo?
Uma das coisas que nunca consegui fazer foi ser actor. Como gosto muito de teatro teria gostado de desempenhar algum papel. No fundo o que faço através da escrita é isso: ser actor. Ninguém tem uma personalidade só e não estamos a falar de bipolaridade…

É o mesmo homem a falar nos seus poemas ou veste outras peles?
Vou dizer uma coisa que parece ridícula. Só o digo porque já ouvi António Lobo Antunes dizê-lo e se é ele a dizer toda a gente acredita. Às vezes não somos nós a escrever. António Lobo Antunes diz que a sua mão é mais inteligente que ele. Que muitas vezes não consegue acompanhar o ritmo. É verdade. Parece que alguém nos encarna e quer passar uma mensagem. Somos meros portadores. Quando começo a escrever não tenho nada planeado e as coisas vão fluindo. Chego a ficar assustado.

Gostaria de encarnar sempre aquele homem romântico que também se lê nos seus poemas?
Sou um romântico por natureza mas ninguém consegue ser romântico a tempo inteiro. Ninguém consegue ser uma coisa só a tempo inteiro. Há momentos para tudo e há contextos sociais que nos condicionam ou modificam.

Sente-se melhor na prosa ou na poesia?
Na prosa. A poesia é o expoente da literatura. Tem a capacidade de se adaptar ao leitor. O poeta faz um poema e ninguém sabe o que é que o poeta quis com aquilo dizer. Eu tenho uma leitura e outra pessoa tem outra. É uma escrita inteligente. Sinto-me mais à vontade na prosa porque tenho mais liberdade para me estender. Não ao ponto de chegar ao romance.

É só o transcendental que o inspira ou pode ser uma coisa banal?
Nada é banal. Banal é a forma como nós olhamos para as coisas. Há coisas à nossa volta que nos podem parecer banais mas se nós quisermos aprofundar esse olhar conseguimos extrair daí várias coisas fantásticas. Acho que os poetas estão mais treinados para isso. Nós temos na nossa terra coisas fantásticas a que não ligamos nenhuma. Todos os dias passamos por elas e não as vemos. No entanto se vamos de férias estamos com o sentido alerta no máximo, tiramos fotografias at udo e achamos que tudo é o máximo.

Os poemas que escreve, muitos dedicados a mulheres, não causam ciúmes à sua esposa?
(Risos) Ía dizendo que isso não me causa problemas porque soube escolher… Acontece que os homens não sabem mas não são eles que escolhem as mulheres. São escolhidos pelas mulheres. É uma teoria antiga que tenho. Acho não estou longe da verdade. Os homens convencem-se de que as escolhem mas é mentira. Na questão do amor a mulher decide. Normalmente a mulher tem vários pretendentes e acaba por ficar só com um. Não porque foi aquele lhe restou… Neste aspecto tive sorte. Tendo em conta a forma como lido com as minhas amigas teria eu uma vida muito difícil se a minha mulher fosse ciumenta. Também é assim porque ela me conhece bem e tem confiança, o que é essencial numa relação.

Sim. Até porque faz duetos poéticos com uma amiga também poeta. É um amor mentiroso?
Não é mentiroso. É verdadeiro dentro daquele contexto. A escrita tem esse fascínio. Dá-nos liberdade de criar. Eu na escrita posso ser tudo o que eu quiser. O dueto é possível desde o momento em que as duas pessoas que estão a escrever entendam isso e estejam na mesma linha. Isto é como dançar. Precisamos de um par. Se o par for bom dançamos melhor. É claro que é necessária grande afinidade e cumplicidade.

* Entrevista completa na edição semanal de O MIRANTE.
Diga o que pensa sobre este Artigo. O seu comentário será enviado directamente para a redacção de O MIRANTE.

sábado, julho 28, 2012

F.F. de Fogo Fechado

Se FF – Fernando Fernandes é um prodígio no meio artístico nacional e depois de ter entrado na série Morangos com açúcar sobressai agora em A tua cara não me é estranha, programa de destaque aos domingos na TVI, a realidade do país é bem mais incisiva que qualquer programa de entretenimento.
O fogo domina! Apesar de nesta época ser decretado pela ANPC – Autoridade Nacional de Protecção Civil a “Fase Charlie Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais 1 de JUL a 30 SET Alerta Azul”, temos algumas localidades em Alerta Laranja (os alertas são quatro: Alerta Vermelho, Laranja, Amarelo e Azul por ordem de prioridades e gravidade da situação). Todos anos o cenário louco e assustador, repete-se, e nunca há meios, homens ou prevenções suficientes para que se evite ou minore este flagelo de verão. Floresta destruída abraçada à fauna morrem aos olhos do homem, casas perdidas engolidas pelo fogo,  muitas lágrimas e pedidos de ajuda fazem manchetes dos jornais e abertura de noticiários das televisões portuguesas. Há reportagens por toda a parte e o desespero das famílias entra pela nossa casa ao jantar.
É este o país que guarda os dias ora ao som das mais diversas músicas ora ao outro som do crepitar da madeira incendiada.
Mas há um passado que ainda vai sendo o presente, ou um presente envenenado, de um país que não se veste só destas aventuras. Há outras, sempre outras, que se misturam amiúde com o quotidiano dos portugueses. O fecho! Fecham-se hospitais/urgências até porque numa altura de turismo (o melhor de Portugal) ou de incêndios é preciso cortar nestes custos de saúde, como se sabe por um documento que a Entidade Reguladora da Saúde (ERS) disponibilizou, o Estudo para a Carta Hospitalar, onde até se promove o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa, um local de referência de muitos portugueses que ali nasceram.
Fecham-se escolas, em Agosto de 2011 foi anunciado pelo Ministério da Educação e Ciência (MEC) o fecho de 297 escolas de ensino básico. Atinge-se, assim, sem apelo nem agravo, a nobre classe dos professores. Reduzem horários, retiram ou substituem os professores de carreira e ignoram-se consequências futuras em prol de uma estratégia de anti-crise e pós-trokiana.
Afinal, falamos de passados ou presentes e as escolas preparam o futuro, pura ironia, e assim, também se cortam ou fecham oportunidades aos professores.
Quando se abala duas áreas, saúde e ensino, tidas como bases de uma estrutura elementar para a sobrevivência de uma cultura e identidade própria de um país, que mais se pode esperar? Que esperança se pode ter no amanhã?
Estaremos a fechar Portugal? Estaremos a destruir uma história milenar de sucesso, de exemplo e até de gáudio?
Talvez se atravesse um deserto enigmático e a loucura dos fogos, do desemprego e das constantes adversidades que vamos encontrando pelo caminho não seja mais que uma miragem adornada pela música de fundo que nos leva, devagar, ao acordar de mais um sonho ou pesadelo. Talvez...

Publicado na edição n.º 11 | Ano I

segunda-feira, julho 02, 2012

Desemprego – uma realidade social

Desemprego – uma realidade social
O desemprego já é mais que uma gigantesca realidade social, é exactamente uma praga social!

E esta calamidade acerta em cheio nas famílias dos cidadãos que sempre trabalharam e que agora conhecem um novo modo de vida desocupado e escasso em ganhos com uma componente até então desconhecida: o terror da incerteza do amanhã.

O Eestado, mesmo que feche os olhos para não perceber a verdadeira dimensão deste flagelo, é também um sofredor directo. No aspecto financeiro, primeiro, porque tem que atribuir mais subsídios de desemprego, depois porque recebe menos  cada vez menos trabalhadores e, por último, porque se o povo não tem capacidade de compra os impostos entram menos nos cofres do Estado e com a não existência de rotação de produtos as empresas acabam por fechar porque deixam de produzir. E já agora, trabalhadores ainda no activo, façam um intervalo nas greves, que nos tempos que correm é o maior tiro no pé que um trabalhador dá. Haja consciência social!

Mas também há quem sinta o reflexo desta calamidade de forma menos directa: os que compõem o aparelho do Estado. Refiro-me aos que trabalham nos centros de emprego ou na segurança social. Mas quem quer criticar deve apresentar soluções ou alternativas.

Para minorar a questão, defendo, já que se gasta tanto dinheiro mal gasto e de todos nós, que deveriam ser criados dois tipos de formação para esta nova verdade dos nossos dias: Um curso para os novos desempregados com as disciplinas psicologia/sociologia/gestão e marketing – assim estariam ocupados nos primeiros tempos de desemprego e ficariam melhor preparados para um primeiro embate desta mudança que as suas vidas acabaram de receber, compreenderiam melhor a máquina que é a sociedade e conseguiriam imprimir um projecto de mudança ou de criação do seu próprio emprego ajudando-se e contribuindo de forma directa para o país sair da crise.

O outro curso seria para funcionários públicos que lidam com as pessoas com este problema. Assim percebiam que os outros (desempregados) têm dificuldades sérias de subsistência/sobrevivência e teriam abertura para mudar algumas atitudes e outras quantas regras que actualmente são impostas, como por exemplo: não darem informações telefónicas dos cursos nos centros de empregos ao dispor para os desempregados – “Deve dirigir-se ao centro de emprego e tirar a senha branca” – a frase repetida até a exaustão. Há pessoas que já não têm dinheiro para passear em vão e podem resolver alguns assuntos por telefone ou via internet, deixando de contar para a estatística do movimento que ali ocorre e que podia e devia ser melhorado. E alerta seja dado, se está desempregado e é chamado ao centro de emprego apresente os bilhetes de transporte e peça o seu reembolso. É um direito que nunca é divulgado.

Enquanto todos não percebermos que um país em crise e pleno de desemprego é um problema real de cada um de nós, que o tempo do dinheiro fácil e em excesso vindo da Europa já acabou, que os políticos devem dar os bons exemplos em primeiro lugar e, ainda, que o futebol é um mundo paralelo de sonhos perdidos, estaremos todos socialmente condenados.

Mas ainda há um pormenor que urge mudar: não pensarmos que os azares só acontecem aos outros porque, de um dia para o outro, pode também acontecer-nos...

Se pudermos fazer alguma coisa pelo vizinho, pelo estabelecimento comercial do nosso bairro ou pelo bom produto português declinando o que vem de fora, porque temos qualidade cá dentro, é agora que devemos actuar. Agora é preciso dar as mãos e termos bem definido o que queremos para nós e para os nossos. Votar já não chega! Não votar é quase nada e nós, povo português, somos tão bons que certamente teremos a ousadia de afastar este tormento que se veste de desemprego e é filho bastardo da crise. 


Publicado no Jornal
(Julho 2012 - Edição n.º 10 | Ano I)

domingo, julho 01, 2012

Encomendas por email


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Seja um dos leitores da Lua de Marfim

sexta-feira, junho 29, 2012

"Bipolaridades" de Vera Sousa Silva


(Clique neste link para ouvir a poesia de Vera Sousa Silva na voz de Luís Gaspar)

É já amanhã 30/Junho/2012 que é o lançamento deste fantástico livro de poesia.


A editora Lua de Marfim e a poetisa Vera Sousa Silva têm o grato prazer de convidar V. Ex.ª a estar presente no lançamento da obra, “Bipolaridades”, que acontecerá no dia 30 de junho de 2012, pelas 16h, no Hotel Real Palácio, Rua Tomás Ribeiro - 115 em Lisboa.

Obra e autora serão apresentadas pelo poeta Emanuel Lomelino.

Contamos com a sua presença.


(...) não ficar suspenso na amplitude e nas abordagens dando-nos um vasto cenário demonstrando que a poetisa é bipolar. Angústia/exaltação, dor/prazer, anseios/desprezos, são alguns registos dos poemas de dupla expressão(...).


(...) um tom quase orgástico, seguramente erótico de muita da poesia. Aqui, também poderíamos, balançar na bipolaridade quando, através de poemas intensos trata a dor e a saudade quase de uma forma metafísica (...). – estes são apenas alguns registos que escrevi no prefácio de um dos seus livros de poesia, mas, nesta obra, há uma estrutura fundamentada que, com a ajuda de uma poesia de grande qualidade e polivalente da poeta Vera Sousa Silva justifica o título de Bipolaridades!

                                                                                                          Paulo Afonso Ramos

sexta-feira, junho 01, 2012

O Meu Bairro

O meu bairro
Hei-de amar o meu bairro com todo o meu silêncio! Mas se, um dia, falar deste meu bairro, que amarrou os dias da minha vida, direi as mais loucas palavras que inventarei para o efeito. O meu bairro merece que crie palavras recheadas de emoção, de sedução e de saudade. Crescemos juntos! Fomos amigos, mesmo em silêncio.
Mais que as casas, edifícios corpulentos ou prédios a aprender a crescer, há pessoas, ruas e espaços de referência. Há um Ritual que marca a diferença! E, ao fim de tarde, entre as cervejas que afagam a dor de existir, as conversas trazem ideias e vontades de mudar o futuro de um país. O meu bairro podia ser um estado novo e ter um presidente. Eu saberia muito bem quem eleger! Mas, como Comunidade, já é um grande bairro porque nele vivem pessoas humildes e trabalhadoras, porque existem escolas e campos de futebol, uma grandiosa biblioteca, entre creches e outras coisas que uma grande Comunidade deve ter. Também existe tanto que os moradores nunca ousaram descobrir, para desfrutar ou para mostrar aos que nos visitam…

E a minha rua, perdoem-me as outras ruas vizinhas, é a que melhor paisagem oferece.

Nela montaria uma esplanada maior do que as que já existem, mas no meio da estrada, para contemplar o Tejo e a ponte Vasco da Gama, e no fim da estrada, junto ao estacionamento, mandaria construir um palco versão arena da Grécia antiga para que o teatro tivesse um espaço próprio com obrigação de assistência, ao final da tarde e pela noite dentro, maior que outro qualquer evento já realizado por estas bandas. Ali desfilavam, à vez, os personagens míticos do bairro, desde dos Smurfs aos Vikings sem esquecer os oradores vestidos a rigor que a política impõe. Talvez seis dias por semana, no máximo, falaríamos do amor pelo nosso clube e depois, se tempo sobrasse, pelo amor ao desporto-rei que é quem domina as conversas da minha rua. Mas falaríamos também de política, das artes e da crise. No meu bairro a crise nunca entrou pois nele não há extravagâncias nem grandes espaços comerciais. Nem promoções de loucos apaixonados pelo sindroma do amanhã. Aqui tudo é sereno como as horas que morrem devagar. Hei-de amar as noites e os dias que mergulhar nesta vida sem igual e que se vão perdendo nos tempos modernos. Hei-de amar os silêncios interrompidos pelos pássaros e os gritos que chamam algumas alcunhas agasalhadas pela solidariedade.

Mas o meu bairro é muito mais para além dos meus olhos, do meu silêncio ou do meu incondicional amor. Nele habitam gerações de linhagens díspares, problemas sociais e vizinhos que não se falam ou hábitos de solidão. O desemprego é o nosso mais recente vizinho! No meu bairro o amanhecer é sempre de esperança e apesar de todas as coisas menos boas é o local perfeito para existir, para conviver com os amigos e desfrutar as emoções da vida. Eu gosto que gostem do meu bairro!    

Publicado na edição n.º 9 | I Ano

sábado, abril 28, 2012

Abril em tempo de memória


Não terá sido em vão que a liberdade deste povo ganhou a sua referência em Abril. Decorria o ano de 1974 e foi no preciso dia 25 que se consumou a revolução. Dizem que os amores, quando nascem neste mês, são para sempre. Uma crença que nos chega através da deusa do amor e da paixão: Vénus.
A liberdade deveria ser para sempre, mas, antes de tudo, um manifesto de amor. E de amor porque implica respeitar e cuidar.
Liberdade deveria ser, sempre, o dar de nós aos outros, mas na exata medida e sem exigir o retorno ou qualquer obrigação.
Abril também é uma palavra que surge do latim Aprilis – cujo significado é abrir –, associada à evolução das culturas.
Liberdade e cultura são palavras gémeas. Nos dias que correm, cada vez mais. Isto porque a liberdade intelectual é fundamental para criar e a criação é o auge da cultura. Infelizmente, e invertendo o sentido, há cada vez menos liberdade – mesmo que a falta seja dissimulada –, consciente ou não, e a cultura perde os apoios das entidades da mesmíssima forma.
Mas este mês será sempre único. Vejam que, em todo o ano, só ele não termina da letra “o”. E já agora, porque mencionei o nome etrusco de Vénus que, como sabemos, também é conhecida por Afrodite, nome grego, há quem considere que era oriunda de uma espuma/mar – significado, no grego antigo, de “Abril”.  
E se de nascer se trata, Abril é fértil em acontecimentos, homenagens e comemorações. Da descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral em 1500 (22/4) ao dia mundial do livro e dos direitos de autor (23/4) ou do livro infantil (02/4).
E na ligação liberdade e cultura outras referências podem ser encontradas num mês em que o povo sempre diz: “em Abril águas mil”. 
Mas em tudo, seja liberdade ou cultura, há a origem. De uma outra forma poderíamos dizê-lo: nascimento e – justiça seja feita – a Mulher é o âmago de tudo. Para todas as mulheres o meu dia 13 de Abril, isto é, o dia do beijo – o mais lindo de todos – deixo-vos um abraço e um respeito sentido, com a máxima verdade – essa que nos dias que correm escasseia e que também se comemora. Mas só há verdade porque também há a mentira e esta todos sabemos que se comemora no primeiro dia deste mês.
Em tempo de memória não basta recordar ou comemorar, agora é preciso combater!
Abril é um excelente mês para iniciarmos o nosso combate – em especial para os que ainda esperam que alguém resolva alguma coisa por si –, seja contra a crise ou pela manutenção da liberdade, dos direitos e das ambivalências. “Todos diferentes, todos iguais”. Nunca esqueçam que a cultura é a fotografia mais fiel de um povo. Para memória futura!
E isto, digo eu!
Publicado na Edição n.º 8 | Ano I

sexta-feira, abril 06, 2012

TRAÇOS ROSA CHOQUE de Abraão Vicente


[TRAÇOS ROSA CHOQUE - Abraão Vicente - LUA DE MARFIM - Abril 2012 - P.V.P. 10,00 €]

Colecção: LUA CHEIA
Autor: Abraão Vicente


Para se identificar a origem das coisas, muitas vezes nem é preciso ir muito além no tempo. Nem é preciso ler a “História Geral de Cabo Verde”, mergulhar a cabeça nos bons tempos de investigador de Gabriel Fernandes “Em busca da Nação” ou reler de  olhos regalados “Intelectuais, Literatura e Poder em Cabo Verde” de José Carlos Gomes dos Anjos. Para saber a origem do nosso estado civilizacional, para entender o porquê do perfil dos nosso políticos e o avassalador descaramento na apropriação do património do Estado em benefício de alguns, basta pegarmos em duas palavras plenas de conscequência no nosso presente:
memória e esquecimento.
Sendo que a memória não estando dependente da nossa consciência, mas da nossa integridade intelectual como povo, tem vindo a ser deturpada e enviesada pelo exagero uso do esquecimento por parte de todos nós. Lembrando Santo Agostinho: Seremos assim tão pequenos que não temos “espaço” para conter a nossa própria memória?

domingo, abril 01, 2012

Um livro que todos deviam ler...


[Sandra Nóbrega – HISTÓRIAS DIFÍCEIS DE CONTAR – Lua de Marfim, 75 pp, 10 euros]

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No passado sábado, 24 de março, na Galeria Municipal do Montijo foi lançado o segundo livro desta escritora incluído no âmbito das comemorações do Dia da Mulher.
Esta obra, Histórias Difíceis de Contar, é prefaciada pelo Dr. Armando Leandro, presidente da Comissão Nacional de Proteção das Crianças e Jovens em Risco.
Tive o prazer contribuir com uma pequena nota de editor, reforçando a vontade de editar e de escolher as diversas temáticas publicadas.
Defendo, desde sempre, que os editores devem ter consciência da responsabilidade de editar, razão pela qual, desde a primeira hora deste projeto editorial, o faço. É em relação ao critério e em especial ao alcance que a ferramenta livro poderá ajudar e influenciar o mundo. Como há livros técnicos, outros de entretenimento, de ficção ou poesia, também há os que podem ajudar-nos. Quase todos, se forem bons, poderão ajudar-nos, mas uns mais que outros.
Enquanto seres humanos precisamos sempre de aprender mais, de saber das realidades – por mais tétricas que sejam – e de crescer.   
Desafiei a Sandra Nóbrega a escrever as suas inquietudes. Sou um homem de desafios e isso reflecte-se no panorama editorial. Uso, para definir a nossa editora, três palavras de imagem: Qualidade, Mensagem e Diferença – e este livro, tal como a sua autora – conseguem reunir todas.  
Agora, que este livro está finalizado, sinto que o desafio foi ganho. É preciso, no entanto, dizer que houve a coragem de o assumir, em especial por parte da autora, e todas as pessoas envolvidas – a quem agradeço com devoção, orgulho e satisfação – deram o seu melhor com a missão de partilha e dever de cidadão. No silêncio, mas marcado no tempo e nas nossas memórias, ficaram longas horas de muito trabalho e sofrimento.
Espero que este livro ajude a libertar fantasmas, possa dar enquadramentos para que alguém encontre vontade e força para superar situações semelhantes às retratadas ou que alerte a sociedade, por vezes egoísta e adormecida, para outras realidades.
As crianças são o nosso futuro, o nosso amparo e a nossa esperança. O resto dos dias que nos falta viver devem ter um espaço de reflexão e de consideração. Tudo está à distância de um nada. Agora, depois da leitura, a consciência de cada um fermentará a importância deste objeto.
Que chegue a muitas mãos, mais olhos e abra os corações da razão. A felicidade não é uma meta, um oásis ou uma busca intemporal mas sim um direito da condição humana. Todos devemos lutar pela equidade e cada um, em particular, que faça a sua parte – nem que seja ler e divulgar este livro –, pois foi para melhorar a vidas destas e de outras crianças iguais a estas que acreditámos neste projeto literário.

Paulo Afonso Ramos

Publicado no Jornal
(Abril 2012 - Edição n.º 7 | Ano I)

sábado, março 03, 2012

Digo Eu...

Ponte Vasco da Gama


Atravesso diariamente esta ponte. Confesso que é uma ponte apelativa a alta velocidade. Por isso, na maioria das vezes, a faixa que uso é a da esquerda. Mas também tenho dias em que vou muito cedo, ou melhor, sem qualquer pressa, e então uso a faixa da direita (excepto para ultrapassar) o que me permite desfrutar da magnífica paisagem. Pela manhã há a movimentação dos pescadores e o céu é um quadro desenhado a gosto onde, muitas vezes, a lua ainda é o destaque.   

Regressar a Lisboa, ao fim do dia, é digno de se ver. Há um pôr-do-sol encantador e uma cidade linda à nossa espera.

E é nestas ocasiões, ou passeios pela ponte, que, muitas vezes, reparo nos veículos que se “colam” à faixa do meio. Independentemente da velocidade, do trânsito ou da paisagem, atravessam a ponte sempre na mesma faixa: andam na do meio – porque é no meio que está a virtude, tal como a velha máxima nos ensina.  

O que não sabem, até porque não há nenhuma máxima sobre este tema, é que não facilitam a sua vida, nem a dos outros, com este tipo de condução. Também não sabem ou não se lembram que esta permanência na faixa do meio é perigosa porque, em caso de acidente, a capacidade de manobra e de evitar novo acidente é menor para os outros condutores.   

De facto, a ponte é agradável e eficaz. Mas é como tudo na vida, tem um lado positivo e um negativo. Lembro-me das portagens, outra coisa inflacionada, e cada vez mais impessoal, com máquinas que nos levam o dinheiro, de uma forma educada – e que até nos dão ordens e desejam uma boa viagem –, mas que substituem vários postos de trabalho.

Um dia, também esta ponte mudará de nome e será tão vulgar como a outra, ninguém se recordará da famosa feijoada da inauguração e das corridas nocturnas que ali amiúde ocorrem.

Um dia… um dia, em vez de duas, serão três as pontes sobre o Tejo e mais alguém estará a enriquecer graças a mais um megalómano contrato bem conseguido e que nós, os utilizadores, pagaremos dia-a-dia com a nossa passagem, independentemente da faixa ou da velocidade que usemos, ou da paisagem de que usufruiremos. O tempo passa, mas as realidades repetem-se, com maior ou menor intensidade e de nada adianta criticar; por isso, continuem a andar na faixa do meio e nas correrias loucas, que eu continuarei a passar pela ponte Vasco da Gama para ver o pôr-do-sol ou para olhar para a minha querida Lisboa com os olhos de um eterno apaixonado. Afinal, é o lado bom da vida que mais interessa, não é?

E a ponte nunca deixará de ser «uma passagem para a outra margem».

Paulo Afonso Ramos
(Editor da Lua de Marfim)


Publicado no Jornal
(Dezembro 2011 - Edição n.º 3 | Ano I)



sábado, fevereiro 18, 2012

Pedro Barroso - Memória inútil de mim



Continuo a pensar que tenho idade de brincar. Sinto-me, mais que nunca, com esse direito.

Apetece-me ser sexagenário e criança. Olhando tudo com a candura da primeira vez, e o veneno da última.

Por isso, aqui vos trago, entre várias loucuras de cariz pessoal e intransmissível, contos alegóricos de humor e fantasia, ao mesmo tempo que relembro, de mim, passados heróicos e semi-conseguidos.

Tudo misturado, como gritos avulsos e diferentes que lançasse na paisagem. Momentos de gozo e susto, já agora. Surpresa permanente. Porque tanto me apetece escrever sobre a crise de escoamento dos nabos em minderico, como dissertar sobre as ácidas manobras da banca mundial; as mais delirantes vindicações erótico-sanitárias; os justos direitos do mexilhão de rio; as prodigiosas parábolas evangelizadoras; ou fazer biografia, essa memória quase inútil de mim, e lembrar o problemático facto de ser gordo entre outras rotundas perplexidades deste nosso cinzentíssimo viver.

Mas há um propósito, um eixo comum, uma intenção.

Tenho por lema que o meu leitor - a existir semelhante criatura - tenha tanto gozo na leitura do que escrevi, quanto eu tive em escrever. E se ria e chore perdidamente comigo.

Porque a partir de agora, ao que parece, já vale tudo.

Porque já tudo deixou de valer o que parece.

Prometo emendar-me um dia destes. Até lá - mesmo sem jeito algum para guru do conhecimento - continuarei soprando a loucura crítica possível. O grito de dignidade. Mas também o sonho, a fantasia, sem os quais a dura verdade se torna intragável. Enfim, a tal quase intransitável ruela da Memória, da Ironia e do Futuro.

Pedro Barroso

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

Sporting!

O que o Sporting precisa é de um grande Presidente!
Que tenha grandes dirigentes ao seu lado e que consigam segurar uma equipe técnica liderada por um grande treinador.
Domingos Paciência poderia ter sido o homem certo! Mas não teve um grande Presidente capaz de o segurar nas horas de aperto...
Sem um grande Presidente nenhum treinador consiguirá vingar neste clube e o Sporting ficará mais fraco e... nas mãos do acaso...

O Ricardo Sá Pinto - a quem desejo o melhor - é o homem que se segue. Mas se não tiver o apoio da direcção, não agora que é fácil ter, mas nas horas das derrotas, também terá o mesmo caminho como todos os outros...

É preciso coragem! Coragem de defender os seus em todas as situações e em todas as horas!
 
 

sábado, janeiro 28, 2012

Estúdio Raposa de Luís Gaspar - Agradecimento

A gentileza do nosso amigo Luís Gaspar no seu Estúdio Raposa.
http://www.estudioraposa.com/index.php/category/poetas/paulo-afonso/

O meu maior agradecimento e reconhecimento pelo fantástico trabalho que desenvolve.

Um grande Abraço para si, Luís Gaspar

Paulo Afonso Ramos



Vejam mais em:

http://www.estudioraposa.com/