Quando a água se soltou em cascata, a escova saltou como que estivesse ansiosamente á espera, mergulhando energicamente sem temer a temperatura ameaçadora. Acto contínuo a pasta de dentes esvaiu-se cobrindo todo o topo da escova molhada. Ambos sabiam que aquele episódio intimo se repetia diariamente como que um culto de prazer.
Os dentes, tímidos, observando o desenrolar dos acontecimentos e não se controlando despertaram na sua gruta fechados num sorriso largo como quem vê a luz do dia após tanto tempo de escuridão. Reflexo quase que impensado, pois sabiam naturalmente que aquela dança tribal era em seu próprio louvor e em breves instantes, tudo voltou a acontecer repetidas vezes, em massagens enquadradas de carinho, habilidade e sensibilidade tudo conjugado, como que uma música de fundo justificando uma harmonia simpática.
A pasta ficou mais pobre, em quantidade inferior, a água seguiu o seu caminho para outros horizontes, e os dentes, esses felizardos saíram a rua mais desenvoltos, provocando um sorriso na boca de quem viam.
Sorrisos mais espontâneos e frescos.
O bem-estar começa por algum lado! Que o digam os interpretes desta história.
O espelho da nossa alma será certamente a nossa cara, mas o reflexo de cada sorriso cristalino e puro será certamente o espelho da felicidade que existe dentro de cada um de nós.
Sorri para a vida que a vida também saberá retribuir-te.
Paulo Afonso
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