segunda-feira, setembro 29, 2008

Traz-me de volta o meu sorriso

No acaso encontrei-te. Perdida. Trazias nesse teu corpo a mágoa do silêncio e nos olhos projectavas a ausência da esperança. Encontrei-te nua de ti. Nua da pessoa que outrora conheci. Bons velhos tempos em que ambicionavas ser uma estrela maior que o sol, e que eras, simplesmente, feliz.
No entanto, agora, por acaso ou talvez não, quando nos cruzamos pelos caminhos da vida, o que senti, nesse momento, foi medonho e murchou o meu sorriso. Estranhamente perdi-me. Entrei nesse teu mundo árduo e austero de sorrisos e vivi-o intensamente. Envolvi-me no mesmo silêncio que habitava no teu corpo e compreendi de que era feita a mágoa que vestias nesse teu corpo desnudado de ti.
Nem sei o que aconteceu a seguir, sei apenas que o meu mundo se preencheu de nadas e, num caminho agreste, percorri-o cheio de tristeza numa solidão nunca percebida. Desse caminho restou-me a saudade do meu sorriso. Desde então percorri inúmeros caminhos pela vida em busca do que perdi e nunca consegui recuperar a perda que o acaso provocou.
Hoje sei que o meu verdadeiro caminho passa por ti e, nessa consciência abstracta, imploro-te que me tragas de volta o meu sorriso.
Saberás encontrar-te. Saberás que esse facto mudará o teu destino e assim, num reflexo mítico, será extenso ao meu encontro. Duas almas salvas pela plenitude do sentir poderão recuperar a alegria, a vontade e amor pela vida.
Sento-me encantado pela esperança, debaixo da sombra de uma azinheira e, espero pela voz do vento que promete anunciar as boas novas. Espero por essas notícias, espero assim poder recuperar o que mais quero e, até lá, só o meu grito se antecipa e se repete onde o seu eco fortalece a realidade esperada.
Oiço-me:
- Traz-me de volta o meu sorriso.
- Traz-me de volta o meu sorriso.

7 comentários:

nas asas de um anjo disse...

lindíssimo esse querer q a alma sorria, como reencontro karmico connosco, e com o mundo.e ada se faz sem amor, esperança e humildade.+1prosa sensível, e bem escrita.bjs

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

Já li e reli e toquei na(s) mensagem(s) que estas palavras de poesia deixam transparecer. Uma leitura que nos faz remeter para dentro de nós próprios e para dentro dos outros.

Um sorriso para si

MV

E(u)rótica disse...

no acaso dos blogs encontrei-te. Não te trouxe um sorriso, porque esse já tens. Trago apenas vontade de te ler. E de sorrir com o que escrever.

Pedra Filosofal disse...

Traz-me o meu sorriso. Troca-o pelo teu. Será sempre melhor sorrir em conjunto :-)

Já te disse hoje que gosto de ti?

Anónimo disse...

Ainda virei com mais calma;
e lerei mais calmamente e atenciosamente seus versos...
as melodias de seus versos que elevam a alma e nos fazem flutuar;
és um poeta nato;conheci-o através do comentário que deixou em tentativas poeticas escritas por Antônio no post que diz Poeta eu?
Que lindo reconhecer no outro um traço de si mesmo;isso é mais que inteligência ...é nobreza e sensibilidade!
Acredito que escrever poesias é afagar a alma,trazer de volta um sorriso ,fazer viver ou reviver a paixão;a emoção e a beleza do simples tão rico e tão pouco apreciado no mundo de hoje que se chama ativismo!
Parabéns pelo livro!
Ainda escreverei o meu!Estou apenas treinando!
Sucesso acompanhado de flores!

Anónimo disse...

Um coração alegre aformoseia o rosto!
Fique sempre lindo...sorria!
Ainda que na adversidade; pois ela não resistirá luz !

☆Fanny☆ disse...

Escreves tão bem, Paulo!

Leio-te no Luso Poemas e agora que vim conhcer melhor o teu blog, estou fascinada. Neste teu espaço, sente-se um clima familiar, algo mágico que me faz permanecer.

Um beijinho com ternura*

Fanny