domingo, dezembro 14, 2008

Apresentação do Livro da Amiga Carla Costeira


Mergulho no Mar da Poesia – Carla Costeira

Começo por cumprimentar a mesa. Cumprimentar todos os presentes também e agradecer o convite que me foi feito pela poetisa Carla Costeira, que me honra e deixa sensibilizado. Espero poder estar a altura de tamanha responsabilidade.

Comecemos então pelo título. Dividindo-o. Mergulho – Acto de mergulhar ou verbo Mergulhar – sabendo que ambos aqui se podem aplicar. Poderia dizer-vos que é uma afirmação da Poetisa que se envolve de corpo e alma na construção deste livro.

no Mar – este mar não é só um oceano é também um mundo abstracto da autora onde se expõe e partilha, o que é, no que faz, aqui usando a escrita.

da Poesia - elo de ligação entre todos, que aqui nos traz e que todos gostamos de ler e outros, como a Carla, também de a escrever.

E, duma forma breve, fica, assim, analisado o título deste livro.

Entremos agora no próprio conteúdo do livro para bebermos as intenções e saborearmos cada emoção exposta.

Não sendo necessário aprofundar cada poema, ao lermos este conjunto de poesia, podemos perceber, de imediato, que este livro é muito pessoal, transmite-nos, na íntegra um lote de qualidades da poetisa, pela forma como a mesma se entrega ao que escreve.
Este corpo de poesia, puro, demonstra, por outras palavras, que existe em cada poema uma mulher sensível.

“…escrevo no livro aberto do meu peito” – escreve a autora no poema Ave Costeira

Consegue assim entrar no mundo introspectivo e dele sair para abranger outros estados, para agarrar outras realidades.
Viaja pela natureza, vai à reflexão, vive na tristeza da dor e dela parte para o mundo social que nos rodeia, quando aborda os flagelos da sociedade, porque os poetas estão atentos ás realidades que os rodeiam, não escrevem só sobre os amores e desamores das suas vidas.

Há fases de uma tristeza profunda, mas há, em todos casos, uma certeza – este livro é de emoções e é feito com o coração.

Sobre o livro oferece-me dizer-vos isto, sem querer aprofundar muito para não vos retirar o prazer de o querer ler. Faço assim da minha apresentação algo mais de alerta, no sentido de que devem ler para terem a vossa própria opinião também.
Queria, a propósito, falar-vos das apresentações que tenho acompanhado, em que é comum falar-se de várias coisas, grosso modo, da sociedade onde estamos inseridos, da conjectura política, e há até, por exemplo, casos que se fala da política externa e até da política mundial.
Não é que não estivesse preparado para o fazer, estaria certamente, no entanto, não esse caminho que escolho porque não quero ir por aí. Não entendam esta abordagem como uma crítica, mas antes uma leve introdução explicativa para a minha opção em apresentar esta obra.
Prefiro falar-vos de Poesia e do que a mesma envolve.
Prefiro falar dos sonhos que se realizam e das emoções que os acontecimentos geram. Prefiro falar de boas leituras e de livros que foram feitos com muito amor, muito carinho e uma entrega absoluta. Afinal foi por esse motivo que fui convidado.


Ainda dentro dos parâmetros das apresentações que tenho acompanhado, e sempre que perto do fim há uma pequena conversa, numa cruzada de perguntas e respostas normal, entre as pessoas da plateia e os autores, há sempre uma pergunta que é feita e que nunca consegui entender a sua verdadeira dimensão ou a sua intenção. Como é que se pode perguntar ao autor/a – Para quando o próximo livro? Se, muitas vezes, ainda não lemos o que acaba de nascer. Se ainda nem percebemos bem o verdadeiro encanto desse mesmo objecto, se ainda não captamos a mensagem que ele tem para nos oferecer. Creio que será um sintoma dos tempos actuais, ditos modernos, em que fazemos tudo a correr e não temos tempo para saborear nada. O que, de facto, não se pode aplicar aos livros, porque estes, depois de feitos devem ser saboreados, devem tem o seu tempo de maturação nas mãos do leitor e devem ser apreciados de amplas formas e em circunstâncias diferentes. Defendo que um bom livro pode, e deve, ser lido duas vezes. A primeira para matar a ansiedade de descobrirmos o que o mesmo contém e o seu desfecho e a segunda para podermos usufruir dos pormenores que deixamos passar nessa primeira leitura. Provavelmente não serei o único nesta sala a defender esta condição.

Importa hoje realçar o momento, a honra em participar nele e assumirmos que o primeiro passo da nossa poetisa Carla Costeira foi dado com sucesso. Esta jovem mulher, generosa e sensível, merece que este momento seja de grande empenho e uma grande recordação. Que seja o primeiro passo de muitos outros, bem sustentados e de grande relevo. Como a minha intervenção foi diferenciada, termino talvez da forma como a devia ter começado, dando os parabéns aos presentes que, numa sexta-feira de frio, saíram das suas casas e dos seus empregos para estarem aqui connosco, aos que ajudaram a promover este evento, aos que participaram nele, e aqui permitam-me que faça uma referência especial à nossa voz de ouro cujo nome é Sandra Rodrigues que, no exacto momento que foi convidada, se disponibilizou numa demonstração de grande amizade, e à Editora – Edium Editores – pela coragem de continuar a apostar nos novos valores da nossa terra. Parabéns a Poetisa Carla Costeira por ter tido a coragem de chegar até aqui, dando os passos necessários para que este dia acontecesse e muito bem.
O meu agradecimento pelo convite em poder estar ao seu lado neste momento tão especial.
Termino com o desejo de um bom natal para todos.
Obrigado a todos por existirem.

Lisboa, 12 de Dezembro de 2008

2 comentários:

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

Bom dia Paulo,

Não estive presente de corpo, mas senti-me presente na alma das palavras que aqui me deixou.
Gostava de pegar numa pergunta sua:
"Como é que se pode perguntar ao autor/a – Para quando o próximo livro?"
Sou das que, às vezes, faço essa pergunta, talvez pela avidez de ler algo mais, quando a escrita de um autor me comove, me acarinha...
E permita-me transcrever ainda:
" Defendo que um bom livro pode, e deve, ser lido duas vezes."
Assim penso e assim faço quando o livro se me pega às mãos e à alma.
Há sempre algo que nos escapa na primeira leitura. A segunda serve mesmo para perscrutarmos a alma do livro, para irmos até aos recônditos das palavras...

Sabe? Ainda ando com "Mínimos Instantes" entre mãos. Por isto lhe disse um dia que é livro para ser lido uma segunda vez, não num tempo de espera aqui ou ali, mas no silêncio dos outros e de nós mesmos.

Um abraço

MV

Carlopfler - C. Costeira disse...

Fui uma privilegiada!!! ;)

OBRIGADA!!!

:)*****