segunda-feira, dezembro 15, 2008

Auto-Estima

Cresci num canteiro plantado nos confins do Universo. Chamaram-me Rosa. Vestiram-me de outras cores, porque, o meu olhar era triste, parado e só procurava o Sol.
Nascera assim, rosa, e nem o amarelo ou o vermelho, ou outra cor qualquer, emprestada, mudou o meu olhar. Faltava-me qualquer coisa que as cores nunca enroupavam.
Chamaram-me linda, ao ouvido, e nunca consegui ver o rosto dessa voz porque nunca tive a coragem de o olhar olhos nos olhos…
De longe ouvi gritos que apelavam à beleza da minha esbelta presença, e eu, de olhos postos no céu, nunca acreditei… tão pouco quis saber se era verdade.
Hoje, sem outras cores, sem outras roupagens, permaneço quase imóvel neste mesmo canteiro nos confins do Universo e já nada muda. Se um dia tiver outra oportunidade, e serei eu a pedir, não uma cor ou um brilho, mas apenas um pouco de auto-estima.
Depois até os espinhos terão mais valor para mim…

4 comentários:

Conceição Bernardino disse...

Olá venho desejar um Santo Natal.
Não existe um Natal ideal, só o Natal que você decida criar como reflexo dos seus valores, desejos e tradições. (Bill McKibben)
Beijo
Conceição Bernardino

FERNANDINHA & POEMAS disse...

Olá querido Paulo, Conhecemo-nos Sábado, no lançamento do livro de Vieira Calado, no Campo Grande... Eu comprei um livro teu e pedi-te o teu autógrafo... O livro Mínimos
Instantes, é lindo a tua prosa-poética é belíssima... Os meus sinceros parabéns!!!
Beijinhos de carinho e uma Boa noite,
Fernandinha

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

Olá Paulo

Fantástico texto que "enroupa" em muitos corpos!
Tantas são as "rosas" fora dos canteiros à espera de uma oportunidade de acreditarem nelas próprias, à espera que a fragilidade interior seja removida, como se remove a terra da roseira! Oportunidades essas que se mostram, que se expõem e que, por vezes, os olhos não vêem.

Excelente reflexão à volta das inquietações latentes em "rosas" de "caule muito curto, muito frágil" que doem, por vezes, mais que a dor física, não é?

Pego no final fantástico, de força poderosa e remato:
A auto-estima que foi regada, que foi adubada, sobretudo, com afectos, consegue entender-se muito melhor com os espinhos...não há dúvida!

Obrigada por este momento de leitura

Um abraço amigo
MV

Carlopfler - C. Costeira disse...

Querido amigo,

Quem tem auto-estima tem mais cor... mais presença e brilho!

ADOREI o teu texto!

Meu Deus... como escreves bem!!!

Beijinhos :)*****