sexta-feira, dezembro 05, 2008

Morreu o poema

Fiz um poema
das palavras que escolhi
encenei-lhe a cena
para que o lessem assim,
ao jeito, como se fosse para mim
pensei na paixão
pensei no que sou
e desse poema
outrora meu
perdeu-se o fim
o encanto também
e mais além
encontrei frases soltas
ficou apenas as palavras
que não quis para mim.
Afinal,
não fiz um poema
empilhei as palavras
na ânsia de as mostrar
sem que desse tempo
ao tempo que preciso
para que nascesse de mim
o poema que nunca tive…
não nasceu nada
nada aconteceu
e dentro de mim
cresceu a angústia
o gesto senil
a mágoa
e o desespero,
quis de mim
um poema
mas não é assim
para escreve-lo
é preciso senti-lo
e eu apenas quis fazer o poema
que órfão
passeava na minha mente
perdido
esquecido
e eu apenas o aprisionei
torturei-o
e no fim
matei-o…
Fiz um poema
para o poder sepultar…

3 comentários:

Marta Vasil (pseud.de Rita Carrapato) disse...

Sepultado o poema não ficou, porque a força dele aqui o deixou.

Um abraço

MV

Unknown disse...

A tua poesia Paulo, é bela, entranha-se na nossa alma e por lá fica...!
Agora que encontrei o teu blog vou ler-te mais amiúde e tentar conhecer o lado mítico do homem que és!
Um beijinho e desejo-te os maiores êxitos para o teu novo livro.
Vóny Ferreira

Anónimo disse...

Os poemas têm que ser sentidos, nem que por uma das nossas personagens imaginárias que usamos ao escrever.
Felizmente tu não matas a poesia, mas dás-lhe vida!

Beijo