terça-feira, maio 20, 2008

Diz-me...


(Foto de Jim Fenton)

Diz-me. Em que rua estavas, quando passei, sem que reparasse em ti!
Diz-me. Em segredo, todas as coisas que mutilam o teu desejo e que, assim, encobrem a alegria do teu rosto. Podes contar-me tudo o que quiseres, desde que o teu olhar sorria e a tua boca se encha de palavras quentes, para que as deites cá para fora, onde estarei, pronto, para as receber e partilhar, assim, as minhas emoções para que se unam com as tuas.
Diz-me. Diz-me que deixas o teu coração falar. Diz-me que não impedes o teu sentimento de se mostrar.
Diz-me que procuras a felicidade, e que, quando a encontrares, saberás reconhece-la, agracia-la e guarda-la. Diz-me que não tens medo de ser feliz!
Diz-me que nunca esquecerás as letras que usas para construir o mundo, nem que seja, apenas, o teu mundo…
Diz-me tudo! Diz-me… que eu serei um ouvinte activo, liberto de preconceitos, para que entre as tuas palavras, possa sonhar as minhas e assim, construir o meu mundo também.
Mas, diz-me! E mesmo que queiras o silêncio, diz-me, por gestos, ou por imagens, para que encontre uma ponte neste caminho minado. Será como que um fortalecer, entre murmúrios, que outras almas porfiam em fazer acontecer.
Diz-me.
Diz-me que deixas o teu sorriso fluir.
Diz-me que te libertas de mim, de ti, e que, assim, consegues ser a essência.
Não tenhas medo de nada. Diz-me…

4 comentários:

Anónimo disse...

Paulo, o texto é realmente lindo. Adorei as repetições, feitas propositadamente.
Por vezes as pessoas não conseguem dizer, porque não há quem as ouça verdadeiramente.

Beijinhos

Vera

Pedra Filosofal disse...

Há momentos da vida em que é preciso saber que temos alguem em quem podemos confiar, a quem podemos contar tudo, sem medo. Saber que, mesmo sem falarmos alguém nos vai entender.
Está excelente

Anónimo disse...

E há silêncios que falam mais que as imagens, que os gestos e que as palavras. Basta "ouvi-los".

Rita

Vanda Paz disse...

Se eu disser, tu ouves-me?


Soberbo